Por Aline Fernanda
O que você faria se sua bicicleta fosse roubada? Pra mim (moradora de São Paulo) a resposta é simples, eu ia lamentar o roubo e assim que rolasse compraria outra, mas o que podeparecer uma coisa simples, é na verdade o inicio de As Grandes Aventuras de Pee-Wee.
O esquisitão Pee-Wee (Paul Reubens) é uma criança presa no corpo de um homem, e acaba embarcando na maior aventura da sua vida quando ele parte em busca do seu bem mais precioso: sua bicicleta. Ela, que fora roubada em plena luz do dia, desapareceu na imensidão dos Estados Unidos, e Pee-Wee vai percorrer o país para tentar achá-la. No meio do caminho ele se depara com pessoas e situações bizarras. Motoqueiros, um caminhão fantasma, um cowboy, uma garçonete sonhadora e seu namorado invejoso. Tudo isso cruza o caminho de Pee-Wee, que no final descobrirá o improvável lugar onde estava sua amada bicicleta.
Pee-Wee Herman é um personagem criado pelo ator de improvisações performáticas, Paul Reubens (Paul Rubebfeld). Com seu personagem estranho, com maquiagem e um terno marrom curto e uma gravata borboleta vermelha, ele se tornou um cult de Los Angeles quando escreveu e atuou em The Pee-Wee Herman Show, no Roxy Nughtclub na Sunset Strip. O show era tão popular que foi gravado e exibido na HBO.
Com 26 anos, Tim Burton, debutou em longa-metragem, colaborando com o showman infantil Pee-Wee Herman. Com grande aparato de geringonças e um humor escrachado e, claro, com a cara de Burton, que a Warner Bros. teve um sucesso inesperado no verão de 1985.
O roteiro do filme é assinado por Paul Reubens, Phil Hartman e Michael Varhol (A Grande Comédia) e nada mais é do que um amontoado de situações engraçadas para que Pee-Wee possa usar toda sua parafernália em 90 minutos de filme.
Apesar de tudo isso, o personagem principal é um cara legal, que tem sempre uma resposta na ponta da língua e estratégias para conseguir o que quer.
Em dois momentos específicos, o diretor mostra sua cara, são dois sonhos que o showman tem, um sonho que teve durante sua estada no hospital, que estava na inferno e o outro em que um tiranossauro rex devorava sua bicicleta, essa sequência foi feita em stopmotion, dirigido por Rick Henrichs, gênero amado por Burton.
E outro momento, que também não foi criado por Burton, mas que tem sua cara é quando nosso “herói” pega uma carona com Large Marge depois de ser abandonado no meio do nada. O melhor da sequência é o efeito em stopmotion criado por Sthephen Chiodo (um dos animadores da equipe de Vincent). Para a sequência foi feito um molde de barro do rosto da atriz Alice Nunn, o que levou quatro semanas para ficar pronto, e foram gravados 36 quadros em 11 horas de trabalho para um resultado de 1 segundo e meio nas telas.
Primeiro longa do cineasta e ele mostrou sua paixão pelos monstros japoneses (o que veio se repetir algumas vezes e com mais força em Frankenweenie), quando Herman vai parar em um estúdio de cinema atrás de sua amada bicicleta uma das cenas que estão sendo gravados e que o personagem acaba atrapalhando é uma luta entre Godzilla e Ghidrah. O passeio pelos estúdios da Warner Bros. É uma homenagem ao filme Banzé no Oeste (1974).
É nesse filme que dá inicio a parceria mais duradoura do diretor, a trilha é assinada pelo compositor Danny Elfman, com quem Burton trabalha até hoje. Por falar em trilha, o Cinemascope tem um PodCast muito bacana sobre a trilha sonora do Tim Burton que tal conferir? (Confira aqui)
Pee-Wee tem um mundo colorido e bizarro e, de certa forma, encanta com suas situações bizarras e surreais para encontrar sua bicicleta e, claro, vale a pena conferir para dar umas boas risadas e conhecer mais do trabalho de Tim Burton.
Confira o trailer:
