Os Jovens Titãs em Ação! chegou às telonas. Na trama, Robin, Estelar, Mutano, Ciborgue e Ravena tentam convencer a diretora Jade Wilson a produzir um filme deles. Vistos como imaturos e infantis, eles são os únicos heróis da DC que não possuem uma película para chamar de sua. Para mudar essa reputação, o quinteto passa a seguir uma cartilha estabelecida dos heróis que inclui atividades como combater um vilão maligno, papel ocupado por Slade, e salvar a população da destruição do planeta.

Após a exibição do filme, tivemos a oportunidade de bater um papo com os principais dubladores da animação. Entre eles estavam Charles Emmanuel (Mutano), Manolo Rey (Robin), Luisa Palomanes (Estelar), Mariana Torres (Ravena), Eduardo Borgueth (Ciborgue) e Ricardo Schnetzer (Slade). Em sua maioria, os atores já haviam emprestado a voz para estes personagens em oportunidades anteriores, seja em filmes ou em outras versões animadas dos Jovens Titãs.

A conversa girou em torno do processo de dublagem. Os atores revelaram que anos atrás os membros da equipe trabalhavam juntos. Isso facilitava as interpretações, modulagens de voz e entonações. Atualmente, devido às agendas apertadas e o avanço da tecnologia, cada intérprete atua sozinho e vê o resultado final, com todas as vozes, no cinema. O responsável por manter uma unidade no texto é o diretor de dublagem, que equaliza as atuações e concede ao filme a ideia de que um contracena com o outro.

No Brasil, apesar da grande quantidade de títulos legendados, a equipe destacou que uma boa parcela do público prefere ir ao cinema para ver obras dubladas. Para eles, o trabalho de dublagem, quando bem feito, intensifica o sentimento de imersão, a ponto do espectador não distinguir se assistiu a um produto falado em inglês ou português. Entre as razões que levam a plateia a escolher uma cópia dublada está a atenção aos detalhes que invariavelmente se perdem na leitura das legendas. Além disso, a versão brasileira é essencial para os cegos, que tiram das vozes todas as suas referências da história.

Ao mesmo tempo, falas ruins são facilmente detectadas. Devido à popularização do serviço, novas agências de dublagem surgiram em vários estados do país. Com isso, produções audiovisuais que antes eram dubladas no Rio ou em São Paulo acabam sendo destinadas a empresas com uma qualidade inferior. Diante disso, a resposta do público é imediata. Por vezes, devido ao alto número de reclamações, as distribuidoras tiveram que mudar de agência. Querendo ou não, ao assistirmos a cópia dublada de um filme ou série, atribuímos aquela voz a um determinado personagem e, caso ela mude, a rejeição é imediata.

Mas a dublagem não caminha sozinha. Um ponto importante nesse processo é o trabalho dos tradutores. Muitas vezes os longas vêm recheados de piadas ou termos em outras línguas e que, caso traduzidos ao pé da letra, não fariam muito sentido. Por conta disso, esses profissionais dedicam horas para adaptar o texto à realidade em que vivemos. Em Os Jovens Titãs, por exemplo, inúmeras piadas foram ajustadas para terem aderência com o espectador brasileiro.

Ao final da conversa, prevaleceu a importância das escolhas. Independente de gosto, as distribuidoras devem oferecer tanto filmes dublados quanto legendados. A decisão final fica na mão do público. Questionados sobre a série live action dos Titãs, que ganhou seu primeiro trailer na San Diego Comic Con deste ano, os dubladores demonstraram grande expectativa. Infelizmente ainda não existe nenhuma confirmação de que eles irão interpretar o quinteto, mas, se depender do público, a escolha já está garantida.