Da redação
Com ótima recepção por parte do público e crítica, Ventos de Agosto, primeiro longa de ficção de Gabriel Mascaro (Domésticas), estreou no 67o Festival de Cinema de Locarno, na Suíça. Selecionado para a principal competição do evento, concorreu ao Leopardo de Ouro e lotou todas salas em que foi exibido. O sucesso foi tanto, que o Festival decidiu criar uma sessão extra para o filme. Aqui no Brasil, tem estreia prevista para novembro e terá distribuição da Vitrine Filmes.
O filme conta a história de Shirley, que deixou a cidade grande para viver em uma pequena e pacata vila litorânea cuidando de sua avó. Ela trabalha numa plantação de coco dirigindo trator. Mesmo isolada, cultiva o gosto pelo punk rock e o sonho de ser tatuadora. Ela está de caso com Jeison, um rapaz que também trabalha na fazenda de cocos e nas horas vagas faz pesca subaquática de lagosta e polvo. Um estranho pesquisador chega na Vila para registra o som dos ventos alísios que emanam da Zona de Convergência Intertropical. O mês de agosto marca a chegada das tempestades e das altas marés. Os ventos crescentes marcarão os próximos dias da pequena vila colocando Shirley e Jeison numa jornada sobre perda e memória, a vida e a morte, o vento e o mar.
Ventos de Agosto contou com um elenco de atores e não atores. O par central foi um dos poucos elementos que já estavam previstos no roteiro quando Mascaro e sua equipe se instalaram nos povoados alagoanos. Shirley, vivida pela atriz Dandara de Morais, não tinha um roteiro, sua atuação era baseada no improviso. A filmagem e a montagem ocorreram simultaneamente.
Mascaro cita como inspiração o documentarista holandês Joris Ivens, que no apogeu de sua carreira, decidiu filmar o vento e explica: “no meu filme, não filmo o vento mas o som do vento, o pensar o mundo através do som do vento, conhecendo a área de convergência dos ventos”.