Quando a Natalie Portman mencionou a falta de mulheres na categoria de Melhor Direção no Globo de Ouro desse ano com aquele pisão, eu postei uma imagem do momento com a hashtag #cadeasmina? Não precisou de muito tempo para comentários como “se não tem, é porque elas não estão fazendo”, “porque não tem mina fazendo filme bom” e companhia aparecerem. No cenário brasileiro, então, é como se elas nem existissem (Katia Lund + Cidade de Deus, lembram?).
Pois bem, buscando dar mais visibilidade às nossas diretoras e para acabar com a dúvida do “será que tem mina brasileira fazendo filme bom?”, nasceu o A CineastA, um aplicativo que oferece informações catalogadas de obras audiovisuais brasileiras dirigidas por mulheres (cis e trans!).
Desenvolvido pela produtora audiovisual e pesquisadora, Ana Heloiza Vita Pessotto, a ferramenta veio da vontade de fazer com que falássemos mais das produções feitas por mulheres, inclusive dentro das salas de aula. “Durante o curso (de doutorado do programa de Mídia e Tecnologia da Unesp), comecei a perceber que haviam muitas mulheres, mas nas aulas falávamos majoritariamente de obras dirigidas por homens”, explica Ana. Por meio do Edital App pra Cultura, da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, no qual obteve a maior pontuação, ocupando a primeira colocação na categoria audiovisual, o A CineastA começou a dar seus primeiros passos.
Com um prazo de desenvolvimento quatro meses, o projeto não tem fins lucrativos e conta com aporte de 20 mil reais para custos de desenvolvimento e pesquisa. Desenvolvido para o sistema Android, o app contará ainda com design favorável a usuários daltônicos. Sua construção se dará por meio de uma catalogação, dividida em: Nome da obra, Ano, Sinopse, TAGS temáticas, Cidade e Estado, Nome e contato da empresa Produtora, da Empresa Coprodutora, da Distribuidora, Nome da Diretora, Nome responsável pela produção, pela produção executiva, pelo roteiro, pela direção de fotografia, pelo áudio direto, pela trilha sonora, pela edição, pelo videografismo ou computação gráfica, efeitos visuais e especiais, prêmios vencidos, link de disponibilização da obra.
A ideia é que seja fácil e prático descobrir quais filmes estão sendo feito por mulheres, além de passar informações completas ao usuário. Sem uma data definida para o lançamento, o A Cineasta chega num momento em que a luta por mais igualdade na indústria vem tomando cada vez mais força. Depois dele, não vai dar mais para segurar o argumento de que “as minas não produzem”. Porque, como Ana veio provar, as minas produzem sim, e muito!