Por Cícero Pedro Leão

“Um biscoito fino para o grande público”. É assim que o ator e cineasta Selton Mello define O Filme da minha vida, seu terceiro longa-metragem como diretor, que estreia nos cinemas no dia 3 de agosto. O comentário irreverente ilustra um dos objetivos buscados pelo cinema de Selton: apresentar uma obra que é, ao mesmo tempo, popular e refinada cinematograficamente. Em O Palhaço (2011), seu filme anterior, a busca por esse meio termo já era clara e foi bem-sucedida, pois o trabalho agradou público e crítica. No terceiro longa, Selton continua preocupado com o espectador, já que a obra é “um filme simples, mas não simplório; um filme com uma história clássica, mas feita de maneira elegante. O público merece um filme assim”, segundo o diretor.

Baseado no livro Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármeta, O Filme da minha vida se passa nos anos 1960 e foi filmado nas Serras Gaúchas. Tony Terranova (Johnny Massaro) é um jovem em processo de autodescoberta que ensina francês em um colégio da cidade, onde se apaixona por Luna e pelos filmes exibidos no local. No entanto, tudo muda quando seu pai, interpretado pelo astro francês Vincent Cassel, retorna da Europa depois que abandonou sua família no Brasil.

Para Selton, o filme representa a sua maturidade como diretor, considerando o tempo que ele exerceu essa função, tanto no cinema quanto na televisão. “Entre O Palhaço e O Filme da minha vida eu dirigi, durante três anos, Sessão de Terapia, uma série que considero meu magistrado atrás das câmeras. Então eu me sinto mais seguro para contar uma história do meu ponto de vista”.

Ao relembrar os longas anteriores que dirigiu, o cineasta afirma que seus três filmes são bem diferentes, ainda que possuam certas semelhanças: “Acho que os protagonistas têm alguma similaridade, pois são personagens que se sentem meio inadequados no mundo”. Apesar dessa proximidade, ele não consegue definir o seu estilo. “É louco isso. Muitas vezes no meu trabalho – e com qualquer artista, seja artista plástico ou músico – a gente faz algo que é da ordem do inconsciente. Então muita coisa a gente não se dá conta. Quem está de fora enxerga mais isso [um estilo selton melloniano] do que eu mesmo”.

Com uma fotografia assinada pelo renomado Walter Carvalho (que trabalhou com Selton Mello em Lavoura Arcaica, de 2001) O Filme da minha vida , desde as primeiras cenas de divulgação, apresenta claramente um estilo que é mais da ordem da imaginação. “Eu acho que o filme todo tem uma capacidade onírica muito grande. Ele poderia ser um grande sonho, pois é filmado como um grande sonho”, conclui Selton.

Veja o trailer: