No dia em que um dos grandes clássicos de Georges Méliès, A Conquista do Polo (À la conquête du pôle), completa 106 anos de sua primeira apresentação, o cineasta recebeu uma bela homenagem do Google: o primeiro Doodle em realidade virtual da empresa celebra sua obra e carreira. A animação, que faz referência também ao clássico Viagem à Lua (Le Voyage dans la lune), foi feita em 360º e pode ser vista em smartphones, cardboards, daydream e no aplicativo Google Spotlight Stories, além de já estar disponível no canal do mesmo no YouTube (que a gente colocou no fim desse post).

Mas por que Méliès?

O cineasta francês foi pioneiro nos efeitos especiais. Unindo truques do teatro ao ilusionismo, ele conquistou o público com suas produções fantásticas e fantasiosas. Baseado em Da Terra à Lua, de Julio Verne, e Os Primeiros Homens na Lua, de H.G. Wells, Viagem à Lua é considerado o primeiro filme de ficção científica realizado e também o primeiro a abordar seres alienígenas. A cena da nave espacial pousando diretamente no olho da Lua se tornou símbolo do cinema e é celebrado até hoje. Apesar de homenagear outra obra, o título do Doodle faz referência à obra mais famosa de Méliès: “Back to the Moon” (ou, De Volta à Lua, em tradução livre). A animação foi produzida pelas equipes Google Spotlight em parceria com a Google Arts & Culture e a Cinémathèque Française e, ainda no canal do Google Spotlight Stories, é possível ver um making of com os bastidores.

A animação, porém, não é a primeira e nem a única do Google a Méliès. O museu virtual da companhia conta com exposição dedicada ao artista disponível também em português e no site oficial do Doodle, há uma série de curiosidades sobre Georges e como suas criações serviram de inspiração para Back to the Moon.

Georges Méliès

Referência em diversas produções (até mesmo na música, como é o caso do clipe de Tonight, Tonight, da banda Smashing Pumpkins), Méliès ganhou uma bela homenagem em 2011 pelas mãos de Martin Scorsese. Com um enredo emocionante, A Invenção de Hugo Cabret  questiona como muitas vezes relegamos grandes artistas ao ostracismo enquanto estão vivos e a dor de ver seu reconhecimento se perder conforme o tempo passa. Com um tom sonhador, nostálgico e digno do francês, o longa, que foi indicado a Melhor Filme no Oscar 2012, é uma bela celebração ao cinema e ao trabalha atemporal de Georges. Não à toa, levou o prêmio de Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia.

E quem foi Georges Méliès?

Nascido em 8 de dezembro de 1861, em Paris, Marie Georges Jean Méliès era, antes de sua carreira no cinema, um ilusionista. Foi graças a esse conhecimento que, mais tarde, Méliès foi considerado o grande propulsor dos efeitos especiais. É graças a eles que técnicas como o stop-motion, tão apreciada por diretores como Tim Burton, ficaram famosas. A sua maneira de narrar histórias, indo na contramão do ar documental até então vivenciado pela sétima arte, que mesclava elementos fantásticos, surrealistas e até mesmo clássicos infantis, fez com que ele fosse lembrado como o mágico do cinema. Ele chegou a montar dois estúdios, um deles feito majoritariamente de vidro, para aprimorar suas técnicas.

Envolto em dívidas, ele precisou vender as propriedades em 1923. Em 1938, o criador da Cinemateca Francesa, Henri Langlois, recuperou e restaurou parte de seus filmes. Em 2016, pesquisadores do arquivo nacional de cinema da República Tcheca encontraram o curta-metragem Concurso de Prestidigitação. Considerado, até então, perdido, o curta foi rodado em 1904 e tem apenas dois minutos de duração. Méliès morreu aos 76 anos em 21 de janeiro de 1976, também em Paris.

No Cinemascopetv, o Ilusionismo, movimento ao qual Méliès pertenceu, inaugurou a nossa série Ismos Para Entender o Cinema:

Confira o Doodle em homenagem ao artista: