Do dia 12 ao dia 19 de setembro o CineSesc vai abrigar a 12ª edição do INDIE Festival, que este ano completa 18 anos. Criado pela produtora Zeta Filmes em Belo Horizonte e desde 2007 em São Paulo com a parceria do Sesc, o Festival surge a partir de um desejo de levar ao público um cinema independente, de autor, com exibição de filmes internacionais sem distribuição no país.

Nesta edição o INDIE vem para São Paulo com um novo formato e novas ideias para um cinema em transformação, mais ágil, propondo a ideia de que são novos formatos para novos tempos. A curadoria de Daniela Azzi, Gustavo Beck e Francesca Azzi selecionou 14 filmes e diretores de 13 países diferentes, de maneira criteriosa para poder refletir a produção do cinema mundial nas suas formas artísticas, conceituais, experimentais mais livres, interessantes e radicais.

São os representantes escolhidos: Lav Diaz (Filipinas), Hu Bo, Bi Gan, Liang Ying (China), Mariano Llinás (Argentina), Albert Serra (Catalunha), Ryusuke Hamaguchi (Japão), Johann Lurf (Áustria) e James Benning (Estados Unidos), além dos novos talentos representados por Helena Wittman (Alemanha), Zsófia Szilágyi (Hungria), Jagoda Szelc (Polônia), Pablo Sigg (México-Suíça) e Fabrizio Ferraro (Itália).

Entre os destaques, o INDIE traz a exibição do filme argentino La Flor, de Mariano Llinás. Filmado ao longo de 9 anos e com 808 minutos (quase 14 horas) de duração, o filme acompanha quatro atrizes – Pilar Gamboa, Elisa Carricajo, Laura Paredes e Valeria Correa – na interpretação de diversos personagens, a ideia para o diretor é que “os espectadores acompanhem as carreiras dessas atrizes se desenrolando diante dos seus olhos, como parte do mesmo filme. A ideia é que um filme seja uma série de filmes, uma era na vida de quatro pessoas, e que o cinema seja capaz de mostrar essa passagem do tempo, esse aprendizado, esse processo”. La Flor será exibido em três partes, em dias diferentes.

Lav Diaz apresenta seu último filme Estação do diabo (230 minutos), um musical político que reflete a ditadura que vive seu país. O diretor, conhecido pela longa duração de seus filmes, já declarou diversas vezes não reger suas obras pelo tempo, mas pelo espaço e natureza.

Considerado um dos mais importantes filmes do ano, Um elefante sentado quieto, do jovem escritor e diretor chinês Hu Bo, também estará na programação. Hu, aos 29 anos, logo após ter concluído o filme em 2017, cometeu suicídio, o que fez com que esse manifesto de sua existência fosse o primeiro e último longa. “As coisas verdadeiramente valiosas estão nas rachaduras do mundo, e não de maneira pessimista”, diz ele.

Outro chinês em cartaz no Festival será Bi Gan com seu Longa jornada noite adentro, lançado na competição de Cannes 2018, no qual Gan fez um romance, noir, sci-fi, de um homem em busca da mulher amada. O crítico francês Pierre Rissient, falecido um pouco antes do Festival de Cannes, escreve: “Agora, sete meses após o coração de Hu Bo, diretor de Um elefante sentado quieto, parar de bater tragicamente, surge o último filme de Bi Gan, Longa jornada noite adentro. Eu diria que é uma geração da poesia ardente”. Para Rissient, Hu Bo e Bi Gan seriam a oitava geração do cinema chinês

Liang Ying – exilado em Hong Kong desde 2012 quando o governo chinês passou a persegui-lo, impondo a proibição da exibição internacional de seu filme When Night Falls, exibido no INDIE daquele ano – chega ao Festival com seu primeiro longa em cinco anos, A viagem da família, um filme autobiográfico numa espécie de manifesto de luta à sua liberdade artística.

As três diretoras estreantes do INDIE com seus primeiros longas são a alemã Helena Wittmann com À deriva, a húngara Zsófia Szilágyi com Um dia e a polonesa Jagoda Szelc com Torre. Um dia brilhante. Johann Lurf compilou as cenas de céus estrelados de 550 filmes e chamou-o de , querendo que o filme fosse justamente citado pelo símbolo e não pela palavra Star/estrela. James Benning traz com L.Cohen dois artistas e diferentes performances, com uma câmera estática, um ambiente determinado e o tempo.

Albert Serra volta ao personagem Luis XIV, do seu filme anterior A Morte de Luís XIV, com Rei Sol. Proposto como uma performance, em uma galeria, as mazelas e a morte do rei em tempo real. Pablo Sigg traz Lamaland, registro de um mundo isolado numa colônia ariana fundada pela irmã de de Friedrich Nietzsche. Fabrizio Ferraro em Os indesejados da Europa, retrata uma rota de fuga através dos Pirineus que levou antifascistas, estrangeiros e judeus em fuga da França ocupada. O filósofo Walter Benjamin era um deles.

A abertura do INDIE 2018 acontece dia 12 de setembro, no CineSesc, com o filme japonês Asako I & II de Ryusuke Hamaguchi, lançado na competição do Festival de Cannes 2018.

** O INDIE 2018 em São Paulo é uma correalização da produtora Zeta Filmes e do SESC SP e conta com o apoio institucional da Fundação Japão.

Confira a programação completa no site
São Paulo: 12 a 19 de setembro
CineSesc
Rua Augusta, 2075 / Cerqueira César
Ingressos: R$12 (inteira), R$6 (meia), R$3,50 (credencial plena SESC)