Por Verônica Petrelli
Harry Potter e o Enigma do Príncipe traz mais uma vez David Yates como diretor. Se o filme anterior já havia sido polêmico devido a adaptações no roteiro, o sexto longa traz ainda mais questionamentos por parte dos fãs. Muitas cenas são totalmente descontextualizadas. Afinal, o personagem Harry Potter dos livros nunca iria paquerar uma garçonete na estação de trem e, pior ainda, nunca deixaria Snape passar para a torre de Astronomia sem antes detê-lo (no livro ele é imobilizado por Dumbledore). A Gina Weasley da obra de J.K. Rowling nunca seria submissa ao ponto de se abaixar para amarrar os cadarços de Harry. O Horácio Slughorn dos filmes, não se sabe bem o porquê, não é o homem barrigudo, baixinho e bigodudo que cansamos de imaginar ao ler os livros. E o pior: a autora da saga potteriana nunca sequer imaginou colocar a comensal da morte Belatriz Lestrange para tocar fogo na casa dos Weasley (a cena da Toca incendiada ficou totalmente fora de contexto).
Somado a tudo isso, há o fato de muitas lembranças de Tom Riddle não terem sido inseridas na adaptação: a omissão do anel dos Gaunt (que posteriormente descobriríamos ser uma Relíquia da Morte) e da taça de Hufflepuff, que ficamos sabendo se tratar de uma das horcruxes de Voldemort, compromete bastante o andamento da saga. Segundo os produtores e o próprio David Yates, um filme muito preso ao passado e às lembranças tornaria-se muito maçante ao espectador, e por isso a decisão de cortar as memórias do bruxo das trevas.

No entanto, nem tudo são desacertos por parte da equipe. As cenas cômicas são muito bem equilibradas com momentos de tensão e tristeza. Harry Potter e o Enigma do Príncipe é um filme onde o romance está a flor da pele, onde os momentos engraçados são muito bem explorados e encenados pelos jovens atores. A paixonite entre Rony e Lilá Brown, além das cenas de quadribol com o mais novo goleiro Weasley, são pontos altos da comicidade do sexto filme. Além disso, esta foi uma oportunidade para que Daniel Radcliffe e principalmente Tom Felton se desenvolvessem como atores. Daniel Radcliffe, por exemplo, está muito mais desenvolto em seu papel, talvez pelo fato de interpretar um Harry mais velho, que está começando a enxergar o mundo bruxo de maneira mais complexa, que vê a missão atribuída por Dumbledore como um ritual de passagem em sua vida. Já Tom Felton superou todas as expectativas em Enigma do Príncipe, apresentando a sua melhor atuação até então, chegando a ser indicado como “ator revelação” em diversas premiações focadas no público teen. Afinal, no sexto longa, seu personagem passa por dilemas existenciais muito grandes: será que ser comensal da morte é realmente algo que eu quero? Isso é moralmente correto? Só no momento final, quando Draco está prestes a “apertar o gatilho”, ele compreende que não quer fazer parte do mundo das trevas, e Tom Felton retratou essa complexidade de Malfoy com muita competência. J.K. Rowling chegou a enviar uma carta para o jovem ator elogiando a sua performance, a qual está emoldurada na parede do quarto de Tom Felton até hoje.

O sexto filme já se inicia com uma bela e emocionante retrospectiva do Ministério da Magia de Ordem da Fênix, mostrando Dumbledore ao lado de Harry Potter em um momento tão difícil como a perda de Sirius Black. Essa já é uma preparação para a morte do diretor de Hogwarts. Outro ponto forte do início da adaptação é a destruição, por parte dos comensais da morte, de pontos turísticos do centro de Londres, como a Millenium Bridge. Essa cena simboliza que o mundo bruxo está cada vez mais próximo do mundo trouxa; com o ressurgimento de Voldemort, esses dois universos se intercambiam ainda mais. A ideia de trocar o diálogo entre Cornélio Fudge e o premiê britânico trouxa (cena descrita no livro) por comensais da morte invadindo o espaço não-bruxo foi uma sacada brilhante da equipe de filmagem. Para essa parte do filme, a Trafalgar Square e a Charing Cross Road são meticulosamente recriadas em imagens digitais.

Logo depois são mostradas imagens do Beco Diagonal sendo destruído e de Fenrir Lobo Greyback sequestrando o fabricante de varinhas Olivaras. É uma pena que Dave Legeno não teve o destaque que seu personagem merecia na saga potteriana. Por mais que o lobisomem tenha aparecido em pouquíssimos momentos durante a série, sua maquiagem era extremamente complexa e elaborada, demorando duas horas e meia para ficar pronta. A ideia que norteia a maquiagem de Dave Legeno é capturar um lobisomem no meio de sua transformação, deixando-o parte homem e parte animal. Para isso, foi feito um molde do rosto do ator com gesso. A partir desse molde, a equipe de maquiagem criou as próteses e colocou os pelos, um processo trabalhoso que demorou mais de uma semana. Para o peito de Greyback foi preciso fazer apenas uma prótese, pois ela era reutilizável. Já a prótese do rosto só poderia ser usada uma vez e o lobisomem tinha, ao todo, 30 dias de filmagem. Por isso, foram feitas cópias suficientes para o cronograma de filmagem, com extras caso alguma fosse danificada.

Em uma das cenas mais desconexas e levianas da saga, após paquerar uma garçonete em uma estação de trem, Harry encontra o diretor de Hogwarts em frente a um outdoor na plataforma. No roteiro original, estava prescrita a seguinte fala de Dumbledore depois que ele analisa a propaganda no outdoor: “Oh, cabelos macios e sedosos! Conheci uma garota assim”. Contudo, após a leitura de roteiro, J.K. Rowling chamou a atenção dos produtores para esse detalhe, dizendo que Dumbledore nunca diria isso pois ele é homossexual. David Heyman e David Barron foram os primeiros a descobrirem esse segredo do personagem.

Após encontrar Dumbledore na estação de trem e vivenciar a sua primeira aparatação acompanhada, Harry se depara com a casa de Horácio Slughorn. A primeira aparição do professor de Poções no filme é como uma mobília da casa. Para concretizar essa cena, a equipe de efeitos especiais colocou o ator Jim Broadbent sentado em um equipamento que o posicionasse como uma poltrona. Então, foi criada uma plataforma para o ator se sentar, quase como uma gangorra, que lhe permitiu ficar com seus braços abertos nas mesmas dimensões da poltrona criada pela equipe de decoração de set. No momento exato da tomada, ele foi se levantando e saiu do mecanismo. Portanto, a animação da poltrona transformando-se em pijama foi criada a partir dos movimentos da atuação do próprio Jim Broadbent. Essa cena foi bastante elaborada e exigiu o trabalho combinado dos departamentos de figurino, decoração de set, efeitos especiais e visuais.

As roupas de Slughorn também seguiram um padrão característico. Como o personagem estava aposentado há muito tempo, seu guarda-roupa deveria trazer peças velhas e gastas. Para viabilizar esse aspecto, as roupas passaram por um processo de envelhecimento: a equipe de figurino afinou as fibras dos ternos nas áreas onde haveria mais desgaste (ao redor dos ombros, punhos e bolsos), além de lavar as peças com soluções de um pó que permanece no tecido como se fosse um acúmulo de poeira de muitos anos.

A cena em que Harry e Slughorn estão conversando sobre os ex-alunos de Hogwarts traz um link muito inteligente para R.A.B., Régulo Arturo Black, que é mostrado na estante de porta-retratos de Slughorn e mencionado pelo professor como um aluno brilhante para o seu tempo (foi o irmão de Sirius Black quem primeiro descobriu o segredo de Lord Voldemort e tentou destruir uma de suas horcruxes: o medalhão). Depois de sentir-se tentado pela presença de Harry Potter, Slughorn aceita retornar a Hogwarts mediante um aumento de salário e um escritório maior. Por isso, Stuart Craig e sua equipe tiveram que criar um escritório bem espaçoso, que fosse suntuoso, dramático e teatral, assim como o seu dono. É curioso notar que esse mesmo set tinha sido aproveitado anteriormente como Sala Precisa em Ordem da Fênix e como Sala dos Troféus em Câmara Secreta, sendo reutilizado no sexto filme da saga.

É em Enigma do Príncipe que somos apresentados pela primeira vez a Narcisa Malfoy, mãe de Draco, que vai à Rua da Fiação para pedir, desesperadamente, ajuda para Severo Snape. Quem foi escalada para interpretar a comensal da morte foi a atriz Helen Mccrory, que desempenhou brilhantemente o seu papel. Ela havia sido cotada anteriormente para interpretar a dissimulada Belatriz Lestrange. Porém, como estava grávida à época, o papel ficou com a brilhante Helena Bonham Carter.

Depois de encontrar com os Weasley e Hermione na Toca, Harry parte com seus amigos rumo ao Beco Diagonal para conhecer a loja de logros e brincadeiras dos gêmeos Fred e Jorge. O cenário da Gemialidades Weasley é riquíssimo em detalhes. Embora apareça na tela por pouco tempo, foram necessários meses de trabalho e o talento de muitos profissionais para trazer esse empório mágico à vida. Todos os catálogos, embalagens e brinquedos foram criados em um estilo semelhante aos brinquedos baratinhos de plástico e latão apreciados pelas crianças da década de 1950. Além disso, os doces foram concebidos com cores brilhantes e vivas, e as embalagens foram impressas propositalmente em papeis de baixa qualidade. O estabelecimento é todo avermelhado e alaranjado, fazendo referência ao cabelo ruivo dos donos da loja. E para completar, como toque final, tem-se o display das vomitinhas na entrada da Gemialidades Weasley, dando um tom cômico e despojado ao cenário.

É também nesse momento que somos apresentados à nova namorada de Rony Weasley, Lilá Brown, que teve papel atuante desde o primeiro livro da saga, mas que, nas adaptações, apareceu somente em Enigma do Príncipe. A personagem é interpretada com maestria por Jessie Cave, que concorreu com sete mil aspirantes ao papel. A atriz tinha 18 anos quando começou a trabalhar no teatro, inicialmente nos bastidores, como diretora de cena. Porém ela logo percebeu que a sua verdadeira vocação estaria na atuação. Sendo assim, por intermédio de seu agente, tentou a vaga para o papel de Lilá Brown. Em seu teste final com Rupert Grint, David Yates pediu que a jovem abandonasse o roteiro e improvisasse. Jessie incorporou tão bem a obsessão irritante de Lilá por Rony que o ator Rupert Grint chegou a ficar constrangido durante a cena, fato preponderante para que a atriz conquistasse o papel.

Na cena do Expresso de Hogwarts, Harry resolve bisbilhotar Draco Malfoy e não é bem sucedido: o vilão lança o famoso Petrificus Totalus em Harry, machuca o seu nariz e o cobre com a capa da invisibilidade. Na adaptação cinematográfica, quem salva o herói dessa enrascada é Luna Lovegood, com seus óculos especiais que detectam a presença de zonzóbulos. No entanto, de acordo com a obra literária, é Ninfadora Tonks quem resgata Harry Potter no Expresso de Hogwarts, visto que a aurora já estava vigiando o jovem há um bom tempo.

Após uma sequência muito divertida com um diálogo entre a Professora McGonagall, Harry e Rony, os estudantes se aventuram em sua primeira aula de poções, onde são desafiados a fazer uma Poção do Morto-Vivo. Neste momento presenciamos uma das cenas mais engraçadas da saga, que foi inventada especialmente para a adaptação: Harry e Rony disputam entre si o exemplar mais novo de Estudos Avançados no Preparo de Poções, de Libatius Borage. Ambos brigam por um espaço no armário para se apossar do livro mais bem conservado. E é aí que se inicia o mistério do Príncipe Mestiço. Outro ponto alto são as tentativas frustradas de cada aluno para confeccionar a poção, com ingredientes explodindo e misturas fracassadas, conferindo um ar de comicidade ao filme. O cenário da Sala de Poções de Slughorn é espetacular. Estima-se que o departamento de artes gráficas tenha criado pelo menos 150 rótulos de poções para esse set.

Logo no final de sua primeira semana de aulas, Harry tem um encontro com Dumbledore para a revelação das lembranças de Tom Riddle. Na memória em que o diretor de Hogwarts vai até o orfanato trouxa, quem interpreta o jovem Riddle é, curiosamente, Hero Fiennes-Tiffin, sobrinho do ator que dá vida a Voldemort nas telas (Ralph Fiennes). À época das filmagens o ator tinha apenas dez anos de idade, mas desempenhou o seu papel com extrema convicção e fidelidade ao personagem, mantendo o ar sério e maldoso do jovem Lorde das Trevas. Sua atuação foi bastante elogiada e aprovada pelos fãs. Por mais que não tenham mantido Christian Coulson (Harry Potter e a Câmara Secreta) como o Tom Riddle adolescente no sexto filme da saga, a vinda do ator Frank Dillane também foi extremamente positiva para dar corpo ao vilão. Além de ter ficado muito parecido com Hero Fiennes-Tiffin, graças aos esforços do departamento de maquiagem, ele também soube incorporar o ar demoníaco de Voldemort. Para isso, Frank Dillane teve que usar lentes de contato para que seus olhos se assemelhassem ao azul de Ralph Fiennes. Além disso, ele utilizou uma maquiagem mais pálida (visto que sua pele é um pouco morena) e vestiu peruca durante as filmagens.

As tomadas de Quadribol em Enigma do Príncipe são eletrizantes, e inclusive até mais violentas e agressivas. Para isso, os figurinistas decidiram modificar o uniforme da modalidade, colocando mais protetores e escudos (como joelheiras, cotoveleiras e capacetes) e adotando um tecido mais leve. O Quadribol também foi preenchido por momentos cômicos, como a presunção de Córmaco McLaggen (interpretado pelo ator Freddie Stroma) e o pavor do desengonçado Rony nos testes para o time. Depois de seu primeiro jogo, ao som de um rock muito bem escolhido pela equipe de filmagem, que acabou dando um tom teen ao momento, Rony recebe um beijo de tirar o fôlego de Lilá Brown.

Outro ponto alto do filme é a Festa de Natal de Horácio Slughorn. Hermione fugindo de Córmaco McLaggen, Neville trabalhando de garçom por não ter conseguido entrar para o Clube do Slugue e Córmaco cuspindo bolas de dragão nos pés de Snape são cenas impagáveis que arrancam boas risadas dos espectadores. Destaque também para a roupa de Luna Lovegood no baile, uma das peças preferidas da figurinista Jany Temime. A personagem usa um vestido que lembra uma árvore de Natal: é completamente louco, mas se encaixa perfeitamente em Luna. Para complementar o figurino, Evanna Lynch vestiu joias de prata e um bracelete talismã que ela mesma fez, composto por contas e um pingente de seu patrono: uma lebre.

Na cena do banheiro em que Harry lança o feitiço Sectumsempra em Draco Malfoy não foram utilizados dublês. Os dois atores passaram uma semana sendo preparados e treinados em meio a explosivos e equipamentos de efeito. Depois desse feitiço macabro, todos decidem que o livro do Príncipe Mestiço deve ser escondido, e Gina acompanha Harry nessa tarefa, momento em que os dois se beijam. O beijo do casal é muito mais empolgante na obra de J.K. Rowling. No livro, depois de se ausentar na partida final de Quadribol por causa de uma detenção com Snape, Harry surpreende-se ao chegar à Sala Comunal da Grifinória e verificar que o time ganhou a taça. Extremamente feliz pelo fato de Gina tê-lo substituído tão bem como apanhadora no time, ele não se conteve e beijou a jovem em frente a todos os alunos, deixando a vergonha de lado. Na adaptação cinematográfica, em meio a uma trilha sonora maravilhosa, o beijo acontece de uma maneira totalmente diferente: em meio à Sala Precisa e longe de tudo e de todos, Gina toma a iniciativa e aproveita seu primeiro momento íntimo com Harry. É uma pena que o beijo tenha sido tão sem graça no filme, desapontando a maioria dos fãs. É curioso saber que essa foi a primeira cena de Enigma do Príncipe que a atriz Bonnie Wright filmou, algo que aumentou ainda mais a pressão e ansiedade do momento.

Ao final do longa, com o intuito de preparar o espectador para a dolorida morte do diretor de Hogwarts, o roteirista Steve Kloves incluiu um diálogo muito bonito com Harry, em que Dumbledore diz: “Você precisa se barbear, meu amigo. Às vezes eu me esqueço do quanto você cresceu e até vejo ainda aquele pequeno garotinho do armário sob a escada. Me desculpe pelo sentimentalismo, Harry. Sou um homem velho”. Neste momento é perceptível que Dumbledore está dando adeus ao seu aluno de maneira indireta.

Depois somos surpreendidos com uma das sequências mais eletrizantes até então: a busca por uma das horcruxes de Voldemort, o medalhão de Salazar Slytherin. Um dos maiores desafios para a equipe de realizadores no sexto filme foi a criação da caverna onde Voldemort esconde um pedaço de sua alma. Para alcançar um visual apropriadamente escuro e intimidante para a entrada da caverna, Stuart Craig e sua equipe recorreram aos Penhascos de Moher, na costa oeste da Irlanda, com 213 metros de altura. Mas o interior da caverna teria 60 metros de comprimento e não poderia ser construído em tamanho real no estúdio. Sendo assim, os realizadores decidiram criar um cenário todo virtual e foram em busca de lugares que pudessem servir de inspiração. Após cogitar preencher a caverna com formações rochosas como estalagmites e estalactites, optaram por explorar uma caverna de cristais de quartzo na Suíça e a monumental mina de sal de Merkers, na Alemanha (que durante a Segunda Guerra Mundial serviu de esconderijo para um vasto tesouro em ouro e obras de arte roubadas pelos nazistas). Lá, em meio a 23 km de túneis subterrâneos, eles encontraram uma imensa caverna de cristais de sal que se tornou a inspiração primária para a caverna da horcrux.

Para construir a ilha onde o medalhão está escondido, a equipe utilizou uma combinação de fibra de vidro e resina. A elaborada forma cristalina da ilha foi iluminada por baixo para criar padrões inesquecíveis de luminosidade. Já a concha que Dumbledore utiliza para beber a água maldita foi concebida para se parecer com uma concha fossilizada presa a um cristal. Sessenta protótipos diferentes foram criados antes de a peça final ser moldada e construída.

Já para a concepção dos Inferis foram utilizadas como referência fotografias de cadáveres submersos em água e imagens do Inferno de Dante e do Paraíso Perdido. Depois de elaboradas as artes conceituais, modelos em tamanho natural das criaturas foram esculpidos para a posterior digitalização, visto que os Inferis foram inteiramente gerados por computador. Usando a tecnologia de captura de movimentos, atores foram filmados como se emergissem da água e seus movimentos foram combinados com efeitos de animação, a fim de tornar as criaturas menos artificiais e mais humanas. Nessa cena, é curioso observar que o fogo conjurado por Dumbledore é dividido em dois em meio ao lago, em uma clara alusão à figura bíblica de Moisés que divide o Mar Vermelho em duas partes.

Após o resgate da horcrux, Hogwarts passa por uma batalha onde os comensais da morte lutam contra estudantes e professores. É uma lástima que essa sequência tenha sido excluída da adaptação. É depois dessa luta que Dumbledore é assassinado por Severo Snape, em uma das cenas mais emocionantes da saga. Assim que todos se dão conta de que o diretor de Hogwarts foi morto, as varinhas são levantadas para cima em sinal de homenagem ao velho bruxo, algo que não estava na obra literária mas que fez todo o sentido no longa. O enterro de Dumbledore, que infelizmente não fez parte do filme, foi substituído pelas lamúrias da fênix Fawkes que ficou sem o seu dono. E, ao final, o trio descobre que uma pessoa com as iniciais R.A.B. roubou a horcrux verdadeira e está se encarregando de destruí-la. A arena estava armada para a última etapa da série potteriana: Relíquias da Morte. E desta vez Hogwarts não seria o cenário principal.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi lançado nos cinemas em julho de 2009. Recebeu indicações de “Melhor Fotografia” no Oscar e de “Melhor Direção de Arte” e “Melhores Efeitos Especiais” no BAFTA.