Por Lívia Fioretti
“Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca”
O filme já avisa: esta é uma comédia romântica…sem a parte do romance. O que diferencia (500) Dias com Ela dos demais filmes do gênero é uma dúvida eterna em relação aos sentimentos do casal. Não vemos amor…Mas também não o vemos não ser correspondido, o que nos torna cúmplices de Tom (Joseph Gordon-Levitt deus lindo maravilhoso) e faz com que o clássico indie seja apaixonante independente de sua visão amarga (e real) do amor.
O roteiro é clássico: Tom é um estudante de arquitetura frustrado que trabalha como escritor de mensagens em cartões comemorativos (daqueles que compramos em papelarias, sabe?). Ele acredita MUITO no amor e está em busca da mulher dos seus sonhos… Até que aparece Summer (a apaixonante Zoey Deschanel), contratada para ser a assistente de seu chefe. A garota possui uma beleza, graça e personalidade que conquistam o protagonista na hora, mas há um problema: ela não acredita em ‘felizes para sempre’. Você conhece alguém como Summer? No amor, acreditamos no que queremos acreditar, e é exatamente por isso que (500) dias com ela é tão interessante.
Além de já sabermos como a história termina no começo do filme (a ideia é descobrir o porquê), ele se apresenta de forma realista: nunca nos lembramos de coisas em ordem cronológica, especialmente quando o assunto é um amor fracassado. A obra trabalha neste formato, sendo as cenas introduzidas pelo dia do evento narrado na contagem dos 500 dias que o casal passa junto. Outro ponto interessante de contato com a realidade é que este é um dos poucos filmes que relata as preferências estéticas das personagens, dando ainda mais personalidade a elas.
É importante ressaltar que a história é contada na perspectiva de Tom, que mostra a Summer idealizada ao mesmo tempo em que a mostra como fria e indiferente. Será que Tom não consegue apenas aceitar o fato de que agarota gosta dele agora e não necessariamente para sempre? Retratando a luta do protagonista contra a realidade, o diretor Marc Webb se baseia em elementos de outros filmes para contar a história (e potencializar o nível indie da coisa): há preto e branco, telas divididas (mostrando a ilusão de Tom e a realidade), um pouco de Fellini, números musicais… E por aí vai.
Marc Webb é famoso por seus videoclipes, e tem como primeiro longa (500) Dias Com Ela. Com um diretor vindo do mundo da música, era claro que esta se tornaria uma das personagens principais. Contando com Pixies, Mumm-Ra, The Smiths e Patrick Swayze, a trilha sonora virou um ícone entre o gênero, merecendo um destaque especial. Webb conseguiu aproveitar bastante de sua experiência visual com os clipes, imprimindo-a na linguagem de produção.
Com sua visão única, divertida e honesta do amor, (500) Dias Com Ela merece totalmente toda a fama que levou se tornando um marco entre os hipsters de plantão. Se Summer não se apaixonou por Tom, eu garanto que você vai.
Veja o trailer: