Por Lívia Fioretti
Como já dizia Samuel Rosa: “Vamos fugir deste lugar, baby”. Quem nunca, durante uma aula insuportável no ensino fundamental, se pegou olhando para fora da janela e tendo um devaneio sobre fugir acompanhado(a) de seu amor? Pois é, você não está sozinho: grandes nomes da sétima arte também já sonharam. Eles podem até não ter conseguido fugir, mas com certeza tiveram a inspiração para ótimos filmes.
O Demônio das Onze Horas (1965)
O filme de Jean Luc Godard não é apenas um marco para o assunto, mas também para o cinema de forma geral. Sabe a ilustre frase do diretor “Tudo o que você precisa para fazer um filme é uma garota e uma arma”? Pois é. A versão da New Wave francesa de Assassinos por Natureza conta a história de Ferdinand Griffon (Jean-Paul Belmondo), que decide abandonar a vida burguesa e fugir com sua ex-namorada Marianne Renoir (Anna Karina), que está sendo perseguida por gângsters. Um clássico de alma livre, divertido e perturbador.
Coração Selvagem (1990)
Na minha opinião, este é um dos trabalhos mais duvidosos de David Lynch. A mãe psicopata de Lula Fortune (Laura Dern) fica louca quando descobre que sua filha está saindo com Sailor Ripley (Nicolas Cage), um ex-prisioneiro que acabou de sair da cadeia, contratando um assassino para matá-lo. A caça ao rapaz faz com que ele ignore sua condicional e fuja com a amada para a Califórnia, dando início a uma série de loucuras tipicamente Lynchianas. Preconceitos a parte, a química de Cage e Dern não está nada mal.
Amor à Queima Roupa (1993)
Se não o maior, um dos maiores filmes do gênero já produzidos. Amor à primeira vista, Clarence (Christian Slater) consegue convencer Alabama (Patricia Arquette) a largar a vida como prostituta, mas no momento em que vai buscar a mala de roupas da amada ele pega por acidente um case com o equivalente a cinco milhões de dólares em cocaína que pertenciam a seu cafetão…O resto você pode imaginar. Além do mais, o elenco de apoio também não deixa a desejar: Dennis Hopper, Val Kilmer, Gary Oldman, Brad Pitt, e Christopher Walken. Foi escrito por Quentin Tarantino antes de virar “O” Tarantino.
Assassinos por Natureza (1994)
Tem tanta coisa boa nesse filme que eu não sei nem por onde começar. O fato de ser escrito por Quentin Tarantino (pelo visto essa era uma fantasia recorrente na vida do diretor, não?) já dá uma boa ideia do que vem pela frente: Mickey (Woody Harrelson) e Mallory Knox (Juliette Lewis) são serial killers que destroem tudo o que lhes cruza o caminho ao longo de sua road trip pelas estradas americanas. Diferentemente de outros assassinos, o casal acaba sendo glorificado pela mídia e se tornando praticamente ícones nacionais (muito graças ao trabalho do personagem de Robert Downey Jr, Wayne Gale). Semioticamente falando, a obra de Oliver Stone possui tantos significados e críticas à sociedade que seria necessário um outro filme só para explicá-lo.
Moonrise Kingdom (2012)
Duas crianças desajustadas em suas próprias realidades se encontram uma na outra. Sam (Jared Gilman), um escoteiro órfão, e Suzy (Kara Hayward), uma mistura de Vandinha da Família Adams com cores pasteis, se apaixonam e fazem um pacto secreto, fugindo para a selva. O que eles não esperavam é que a pacata ilha onde vivem na Nova Inglaterra iria se mobilizar totalmente na busca. Como todo bom filme de Wes Anderson, o elenco inclui Tilda Swinton, Jason Schwartzman, Bill Murray e Edward Norton. É pra morrer de amores.
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O filme além dos clichês…
Arizona Nunca Mais (1987)
No começo de suas carreiras, os irmãos Coen escreveram, dirigiram e produziram um dos filmes de humor mais absurdos e divertidos. H.I. McDonnough (Nicholas Cage) já foi preso tantas vezes que conseguiu se aproximar da policial que tirou sua mugshot, Edwina (Holly Hunter) e promete a ela que se endireitaria caso eles se casassem. Um tempo se passa e o problema surge: o casal não pode ter filhos; resultando no sequestro de um dos quíntuplos filhos de Nathan Arizona (Trey Wilson). Mesmo não estourando como um blockbuster na época de seu lançamento, o filme atingiu hoje um status cult graças ao fato de ser repleto de simbolismos, personagens não convencionais, uma câmera extraordinária, referências bíblicas e diálogo idiossincrático. Por favor, não me julguem por colocar o Nicolas Cage duas vezes nesta lista, mas juro que é por uma boa causa.