Os filmes de Sofia Coppola não são muitos, em grande parte porque ela escolhe muito bem seus projetos. Em entrevista a Ray Pride no início da carreira a diretora afirmou:
“Eu só quero fazer alguns filmes ao longo da minha vida. […]. Já existem tantos filmes por aí. Eu não quero simplesmente fazer mais um”.
Atualmente, Sofia assina seis longas e está na pós-produção de On The Rocks, que deve ser lançado ainda este ano. Para você que deseja se aventurar no mundo de cores lavadas e longas cenas reflexivas, vai aqui um guia das produções da diretora nova-iorquina mais importante de sua geração:
As Virgens Suicidas (1999)
Baseado no livro de homônimo de Jeffrey Eugenides, o filme é ambientado no subúrbio da Detroit dos anos 1970. Ali, um grupo de garotos narra uma série de eventos que antecedeu o isolamento das irmãs Lisbon: Lux (Kirsten Dunst), Mary (A. J. Cook), Cecilia (Hanna Hall), Therese (Leslie Hayman) e Bonnie (Chelse Swain). Devido à morte de uma delas, a religiosa Sra. Lisbon (Katleen Turner) passa a controlar a vida das demais com mão de ferro.
Com o auxílio do diretor de fotografia, Sofia realçou o fato da história ser narrada por garotos apaixonados pelas Lisbon. Por isso, criou cenas que acontecem à distância ou são vistas através de janelas, para traduzir visualmente o desejo do público e dos garotos por mais acesso à vida das adolescentes. A estética de As Virgens Suicidas é bastante inspirada em Terra de Ninguém (1973), de Terrence Malick, Suburbia, livro fotográfico de Bill Owens, e o trabalho imagético do fotógrafo William Eggleston.
Encontros e Desencontros (2003)
Considerado por muitos um dos melhores filmes de Sofia Coppola, a produção mostra a realidade depressiva de Bob Harris (Bil Murray), uma estrela de cinema decadente, e Charlotte (Scarlett Johansson), uma mulher negligenciada pelo marido. Hospedados em Tóquio por uma curta temporada, a dupla se aproxima motivados pela dificuldade de comunicação e o vazio em suas vidas.
Focado em protagonistas presos emocionalmente, o título do filme em inglês (Lost in Translation) possui dois significados. O primeiro, mais literal, diz respeito à dificuldade de comunicação dos protagonistas, seja via intérpretes, bilhetes ou aparatos tecnológicos. Num nível mais profundo, o título representa os abismos formados em suas relações pessoais, suspensas em um limbo depressivo. Vale notar que, antes de se conhecerem, Bob e Charlotte aparecem perdidos e sozinhos, enquadrados nas bordas da tela. Contudo, quando os personagens estabelecem uma relação, a composição de cena se torna balanceada. O longa foi indicado a 4 Oscar e Sofia venceu na categoria de Melhor Roteiro Original.
Maria Antonieta (2006)
O terceiro filme da diretora tem como ponto de partida a narrativa documental da jovem princesa austríaca que ascendeu ao trono francês ao lado de seu marido, Luís XVI. O longa retrata a jornada que despe Maria Antonieta (Kirsten Dunst) de todos os símbolos familiares e a lança nos holofotes hostis da corte e de um marido mais interessado em sua coleção de chaves do que em produzir herdeiros para o reino.
Apesar de uma base histórica, Maria Antonieta não é como os tradicionais filmes de época. Embasada em suas características autorais, Sofia mesclou hits da cultura pop pós-moderna com a corte francesa do século XVIII e lançou uma tendência no audiovisual. Com isso, o longa desafiou não só o gênero de drama épico, como também seu público. A produção venceu o Oscar de Melhor Figurino em 2007. Milena Canonero revelou que sua inspiração para a paleta de cores das roupas foi uma caixa de macarons que Coppola lhe deu.
Um Lugar Qualquer (2010)
Apesar de ter sido agraciado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza, Um Lugar Qualquer é um dos filmes de Sofia Coppola mais criticados. O título é centrado em Johnny (Stephen Dorff), um depressivo ator de Hollywood que vive como um sonâmbulo por seus dias glamurosos e chatos, e suas noites, ora solitárias, ora promíscuas.
O minimalismo, a sensação de tempo real e as brincadeiras de Um Lugar Qualquer nos remetem a filmes da Nouvelle Vague, como Cléo das 5 às 7 (1962). Não à toa, a filha de Johnny se chama Cleo (Elle Fanning) e é a única personagem ao lado de quem o ator vive momentos felizes.
Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013)
A inspiração para o roteiro de Bling Ring veio de um artigo da revista Vanity Fair intitulado “Os suspeitos usavam Louboutins.”. O filme é baseado nos crimes reais cometidos por um grupo de adolescentes obcecados por celebridades, que invadiram e roubaram as mansões de estrelas como Paris Hilton (que faz uma rápida aparição no filme) e Orlando Bloom. Estima-se que o total dos furtos tenha chegado a 3 milhões em roupas, joias e dinheiro vivo.
Bling Ring tem no elenco nomes como Emma Watson, Taissa Farmiga, Katie Chang, Israel Broussard e Claire Julin. Coppola afirmou que estudou os perfis de seus protagonistas nas redes sociais para ter referências visuais. O resultado final é uma colagem de imagens digitais, que ganham um ar documental por conterem depoimentos e matérias de TV. O longa também possui sequências de vídeos granulados, imitando a qualidade de chamadas de vídeo via skype da época.
O Estranho que Nós Amamos (2017)
Adaptado a partir do romance gótico do sul dos Estados Unidos escrito por Thomas P. Cullinan, a trama já havia visto as telas em 1971, num título homônimo dirigido por Don Siegel. A história mostra o que acontece quando um soldado ianque (Colin Farrell) aparece em um internato no Mississipi. Administrado por Miss Martha (Nicole Kidman), ali moram a professora Edwina (Kirsten Dunst) e as alunas Alicia (Elle Fanning), Amy (Oona Laurence), Jane (Angourie Rice), Marie (Addison Riecke) e Emily (Emma Howard).
Assim como As Virgens Suicidas, O Estranho que Nós Amamos aborda a dinâmica entre um grupo de mulheres e como a presença de um homem pode mudar imediatamente não só suas relações, mas também a maneira como elas se comportam juntas. Contudo, ainda que o intruso desestabilize a harmonia do grupo, ele não consegue destruí-lo.
Com uma visão de direção coesa, os filmes de Sofia Coppola são permeados com características que marcam seu cinema. Cores lavadas, iluminação natural, plots focados em personagens privilegiados à beira de grandes mudanças em suas vidas, trilhas sonoras alheias à época dos filmes. Esses e outros elementos ajudam a criar esse ar idílico que das produções da diretora e banham o público em referências visuais.
Sofia também assina A Very Murray Christimas (2015), especial da Netflix, vídeos publicitários e clipes musicais.
Para mais informações sobre o cinema da diretora confira nosso especial (aqui) e também a série de vídeos em nosso instagram:
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