Por Rebecca Ferrari
Quando fui apresentada aos livros de Harry Potter e ao próprio Harry Potter, por incrível que pareça, já estávamos em 2004 e o filme Harry Potter e o cálice de fogo estava em produção pra ser lançado no ano seguinte, nos Estados Unidos. Eu, que gosto muito mais de ler do que de assistir aos filmes – porque acho que perde muito quando a coisa sai do papel e vai pra tela grande – relutantemente cedi aos conselhos de uma amiga pra conhecer o bruxinho inglês que, pra mim, não passava de coisa de criança.
Eu tinha total convicção de que HP era uma febre besta para os pequenos entenderem um bocado mais sobre o bem e o mal. Me lembro que teve uma discussão polêmica sobre como que muitos pais estavam proibindo as crianças de lerem Harry Potter e eu pensava: “não pode ser assim tão bom pra ter tantooo debate acerca de um personagem infantil, gente… Como pode?!”
Mas pôde. Enfim, resisti aos filmes e acabei lendo o primeiro livro. Pronto! JK Rowlings me pegou pelo pé, fui acometida pela febre Harry Potter e virava noite e noite lendo o livro, só parava quando acabava. Já faz muito tempo, mas me lembro que essa minha amiga tinha até o livro 5, que era o da Ordem da Fênix. Parei por aí um tempo, porque não tinham soltado ainda novos livros e quando terminaram os livros, tive que entrar de cara nos filmes, porque não me restava mais nada a não ser esperar que uma nova leva impressa ou uma nova leva pra telona.
Adoro livros e adoro cinema. Cada qual tem sua magia e, claro, suas limitações. No caso de HP, li todos os livros que pude primeiro e depois assisti aos filmes. Não há como negar a diferença entre os livros e os filmes, especialmente nos primeiros deixam bastante a desejar na transposição do papel pra tela. Os livros, como sempre, são mais ricos. Mas nem tem como a gente reclamar, afinal, são textos longos e detalhistas, não tem nem como não resumir pra fazer um filme que fique legal e não seja cansativo.
Agora, como fãzona do bruxinho, eu não podia deixar de devorar a série em todos os sentidos. Fui apresentada pra versão em inglês e, para quem domina o idioma, nada melhor do que ler o original. Os livros em inglês são muito mais detalhados, a tradução feita pra português deixa passar minúcias que fazem toda a diferença na história final – recomendo. Depois de ler em inglês, resolvi ler em espanhol, o que é outra experiência porque me parece que em espanhol passam ainda mais detalhes em branco do que em português. Mas é fácil de ler e recomendo pra quem saber ler, escrever ou falar a língua dos hermanos. E como tive a oportunidade de assistir também em espanhol, porque morava na Argentina quando lançaram “Harry Potter e o príncipe mestiço”, foi muito bacana vivenciar a febre em outro país, observar o frenesi dos fãs – porque realmente a loucura por HP é global.
Os últimos filmes de Harry, claro, ficaram muito melhores, mais profissionais e conseguiram captar e traduzir a atmosfera dos livros e levar isso pra tela – mas também, estamos falando de anos de evolução no mercado cinematográfico, o resultado não poderia ser outro – ainda bem! Eu acho que HP não se pode deixar de ler e os filmes eu repito pelo menos duas vezes por ano em maratona (compete com Star Wars e Sex and the City no meu coração). Sempre observo um detalhe novo, uma informação que passou meio despercebida. Eu acho muito legal e acredito, de verdade, que dá pra todo mundo assistir, adultos e crianças – se bobear, especialmente os adultos.
A única tristeza de HP pra mim é que acabou. Adorei a pseudo sequência, que veio com “Animais fantásticos e o onde habitam”, mas ainda estou tentando definir se veio pra matar ou aumentar a saudade. Se bem que veio pra matar a saudade, afinal JK Rowlings não deixou a gente de pires na mão implorando por um novo filme, né? E eu não li (ainda) o Animais fantásticos, mas comprei um livro MARA que parece uma maleta, com fotos, mapas e até pôsteres do filme que é uma loucura! Recomendo a compra por quem é fã porque o livro é uma relíquia e imagine que daqui a 40 anos você vai ter na mão uma coisa que vale ouro em todos os sentidos. E o mesmo vale pros livros da série: vale a pena comprar e ler, se você só viu os filmes. Se não leu, leia – Harry Potter é uma experiência atemporal.
Rebecca Ferrari é jornalista, empresária professora, já trabalhou como gerente de marketing em diversos segmentos como moda, varejo, indústria e também cinema, quando teve a oportunidade de participar do lançamento de Harry Potter e o Cálice de Fogo aqui no Brasil. Adora vinho, maquiagem, cinema, leitura e claro, Harry Potter!