Depois que Jason Voorhees ganhou o imaginário popular com Sexta-Feira 13 (1980) e tornou o terror slasher pop, outra figura iria disputar popularidade com ele: Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo (1984). A criatura que mata adolescentes através dos sonhos, foi a criação mais bem sucedida do diretor Wes Craven que tirou inspiração dos seus próprios pesadelos e medos de infância e levou o subgênero de vez para o lado sobrenatural.

Os slashers mais populares até então tinham um pé mais firme na realidade. Os “poderes” que Michael Myers e Jason tinham eram uma força sobre-humana e a capacidade de resistir a facadas e até tiros. Freddy Krueger por sua vez, atua majoritariamente no mundo sobrenatural, no universo dos sonhos. Além disso, a força do destino fez com que Francis Ford Coppola, Wes Craven, Nicholas Cage e as filhas de Craven, tivessem suas vidas cruzadas e apresentarem o ator Jhonny Depp para o estrelato.

“A exemplo de alguns filmes bem-sucedidos, como O Massacre da Serra Elétrica e Halloween, Craven sabia que ‘Tudo que você precisa é de uma ótima ideia e muita visão, então é só ir lá e fazer algo que deixará as pessoas apavoradas’. Era algo que Craven não só compreendeu, como também provou ser muito bom.” (Trecho retirado do livro A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson).

Equipe de filmagem de A Hora do Pesadelo (1984).

WES CRAVEN – MESTRE DOS SONHOS

Nascido em 2 de agosto de 1939, em Ohio, Estados Unidos, Wes Craven foi criado num lar cristão, longe de filmes, jogos de cartas e “horrores do mundo”. Seus pais se divorciaram quando ele tinha quatro anos e seu pai faleceu de infarto quando o pequeno Craven completaria seis anos de idade. A culpa cristã caiu sobre ele que chegou a acreditar ser o responsável pela tragédia. Essa visão deturpada e obscura, como ele próprio diz, acabou tendo impacto na sua vida e carreira.

Jovem Wes Craven muito antes de A Hora do Pesadelo.

“‘Não assisti a muitos filmes quando era jovem, porque minha família me proibia’, disse ele. ‘Com exceção dos filmes de Walt Disney, substancialmente seguros, os produtos de Hollywood eram considerados obra do diabo’” Wes Craven em entrevista para o livro A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

Além dos filmes Disney, Craven assistia também aos chamados Telenews no final da Segunda Guerra Mundial que o pai de seu melhor amigo os levava para assistir. Tudo na tela era real e, segundo ele, de alguma forma, aquilo grudou em sua cabeça. Somente quando saiu de casa para estudar, durante a faculdade que começou a se apaixonar por filmes. Lá ele teve contato com obras de cineastas como Luis Buñuel, Federico Fellini e Ingmar Bergman.

Após a faculdade, Craven passou a dar aulas na área de humanas, tinha uma esposa, dois filhos e uma vontade grande de entrar no universo do cinema. Seu primeiro projeto foi filmado com uma câmera 16 mm, alguns alunos do clube de teatro, 300 dólares de orçamento e nenhum conhecimento sobre som ou algo de produções de filmes. O resultado foi um filme de 45 minutos chamado Pandora Experimentia (1968), uma paródia de um programa de TV popular na época, chamado Os Vingadores (1961 – 1969). A experiência, apesar de o filme não ter saído muito bem, fez Craven entender que ele, na realidade, queria viver naquele universo cinematográfico.

Depois de largar a docência, motivado também por um desentendimento com o chefe do departamento, precisou dirigir um táxi por um tempo para sustentar a família. Em seguida, trabalhou como mensageiro para o cineasta Harry Chapin e passou a observar e aprender como tudo funcionava. Lá Craven se esforçou para fazer contatos dentro da indústria e aceitava todo tipo de trabalho que lhe era oferecido. Aprendeu, inclusive, a editar filmes nesse período. “Eu trabalhava o dia inteiro, indo de um serviço para outro”, conta Craven. Infelizmente, nesse período, devido a tanto desgaste, perdeu muito peso, passou a usar drogas e seu casamento enfrentava sérios problemas.

Wes Craven no set de Voo Noturno (2005).Nesse período, ele então conheceu a pessoa que iria dar uma guinada na sua vida: Sean S. Cunningham, que ficou posteriormente conhecido principalmente por ter criado Sexta-Feira 13 (1980). Depois de se conhecerem, após algumas semanas Cunningham contratou Craven para trabalhar como editor, sincronizando áudio e vídeo das gravações diárias de seu segundo filme, Together (1971). Esse foi o primeiro longa-metragem que Craven trabalhou. Ele acabou saindo de sua função de assistente de edição para a de editor, quando o encarregado do trabalho abandonou o cargo. Fato que fez o aproximar ainda mais de Cunningham.

“Restamos juntos Sean e eu, e tínhamos idades muito próximas, tínhamos filhos de idades próximas”, afirmou Wes. “Nós nos relacionávamos com muita facilidade e basicamente acabei me tornando o montador, cuidando do filme até a fase de sonorização com Sean. Nós realmente criamos um laço, ficando acordados até tarde e tudo mais.” Wes Craven em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

Após o sucesso de Together, Sean recebeu um orçamento de noventa mil dólares para produzir um novo filme de terror. O primeiro nome a vir à sua cabeça foi o de Wes e lhe ofereceu a oportunidade de escrever, dirigir e editar o filme, mesmo ele nunca imaginado fazer algo do gênero. “Eu disse: ‘Claro’, mesmo nunca tendo pensado antes em escrever um filme assustador. Então perguntei: ‘Certo, o que é um filme de terror?” conta Craven em entrevista. O resultado foi Aniversário Macabro (1972), filme cultuado até hoje e que marcaria a entrada do diretor no universo do terror.

Craven seguiu então dirigindo filmes do gênero, entre eles está o também memorável Quadrilha de Sádicos (1977); Verão do Medo (1978), estrelado por Linda Blair, famosa por interpretar a menina possuída em O Exorcista (1973); a adaptação dos quadrinhos da DC Comics, O Monstro do Pântano (1982), entre outros. Somente em 1984 sua maior criação ganharia o mundo e marcaria fortemente a década de 1980.

A HORA DO PESADELO, QUANDO OS PESADELOS SE TORNAM REALIDADE

O Pesadelo (1781), pintura a óleo de Johann Heinrich Füssli.

Em busca de ideias para novos projetos, Wes Craven passou a olhar para dentro de si para buscar inspiração. Ele lembrou que durante a faculdade, teve a tarefa de fazer um artigo sobre sonhos. Durante um tempo, ele precisava prestar atenção em seus sonhos e depois descrevê-los e Craven era muito bom nisso. Passava boa parte do dia escrevendo sobre as coisas que tinha sonhado nas noites anteriores. Mesmo após a faculdade, ele ainda tinha essa habilidade, o que foi crucial para o desenvolvimento de seu novo projeto.

Conforme o próprio Craven conta, boa parte dos seus filmes tinham cenas de sonho ou alguma relação com eles. Eles foram inspiração para algumas cenas de Quadrilha de Sádicos. Em Benção Mortal (1981), Craven utiliza os sonhos como presságio para algo ruim ou presença de alguma criatura maligna. Nesse novo projeto ele deixaria de lado a ideia de experiências terríveis durante o sono como referência, para mergulhar de fato no mundo dos sonhos. Como tinha conseguido certo sucesso com seus lançamentos até então, ele percebeu que poderia dar um tempo no trabalho para se dedicar a desenvolver essa nova ideia de trabalhar não com sonhos, mas com pesadelos.

“A premissa mundial dos sonhos me interessou por muito tempo” disse ele. “Percebi que a ideia me intrigava tanto que quis construir um filme inteiro em torno disso.” Wes Craven em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

O argumento inicial de A Hora do Pesadelo, surgiu em um encontro informal de Craven com seu assistente de produção em Aniversário Macabro, Steve Miner numa cafeteria em Los Angeles. Steve, anos mais tarde também entraria no universo slasher dirigindo filmes como Sexta-Feira 13: Parte 2 (1981) e Halloween H20: Vinte Anos Depois (1998).

Na conversa, Craven falou a respeito de algo que tinha descoberto e achado interessante em um artigo no L.A. Times. Era sobre um garoto asiático que vinha tendo pesadelos tão reais e assustadores que dizia a seus pais que não podia nem iria dormir novamente. Ele acreditava que, caso ele dormisse, morreria. A família vinha de campos de reassentamento na zona de guerra e acreditavam que os pesadelos do garoto eram devido ao trauma. O rapaz seguiu sem dormir por um longo tempo, mesmo os pais lhe dando pílulas para dormir.

Exumação dos esqueletos de mortos durante o genocídio do Camboja, cujo o caso envolvendo um dos refugiados foi inspiração para A Hora do Pesadelo.

Depois de uma batalha constante do garoto contra o sono, ele adormeceu enquanto assistia a TV com os pais. Aliviados, imaginando que a crise tinha passado, eles o levaram para a sua cama em seu quarto. Mais tarde naquela noite, os pais acordaram com os gritos do garoto. Ao correrem para tentar ajudar, o encontraram se debatendo na cama. Antes de conseguirem prestar socorro, o garoto caiu no chão imóvel e morreu.

Ao investigar o quarto, os pais encontraram os comprimidos que davam ao jovem e que ele fingia tomar. Havia também uma cafeteira elétrica escondida no guarda roupas que o garoto estava constantemente usando para se manter acordado. Após necropsia, constatou-se de que não havia nada de errado fisicamente com ele.

“Eu só pensei ‘Uau’. Aquilo me comoveu, literalmente trouxe lágrimas aos meus olhos”, disse Craven, “porque lá estava um rapaz com uma visão precisa, mas tão comum que parecia ser parte de algum tipo de loucura”.

“Isso também teve apelo para mim como um símbolo da nossa cultura”, afirmou. “Parecia ser algo socialmente impossível de acontecer conosco, até que por fim essa ideia surge e morde seu traseiro, porque você simplesmente não conseguiu compreender que pode ser verdade.” Wes Craven em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

FREDDY KRUEGER GANHA VIDA

Tendo essa história em mente, Craven tentou estruturar um filme a partir daí. A base que ele encontrou foi: e se foi alguém dentro do sono quem o matou? Ele partiu então para dar forma a um personagem. Nascia aí Freddy Krueger. O nome veio de um garoto que era o vilão para Wes na época de escola “Tinha um moleque chamado Freddy que era meio que meu pior inimigo na escola primária”, conta Craven. “Era um menino grande e ele batia em mim com certa frequência”. O sobrenome, segundo Craven, era uma extensão do nome Krug, personagem de Aniversário Macabro, como já dito, o primeiro filme dirigido por ele. Kruger soava bastante alemão, segundo o diretor. Não se sabe ao certo se veio daí a inspiração, mas de fato houve um oficial Nazista chamado Friedrich-Wilhelm Krüger.

Krug (David Hess), personagem de Aniversário Macabro cujo o nome foi inspiração para o sobre nome de Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo.

Para além do nome, o personagem começou a ganhar materialidade através das memórias da infância de Craven. Quando era pequeno, estava por volta da sexta série, ele morava no segundo andar de um apartamento e a janela de seu quarto dava de frente para a calçada. Certa noite, ele estava dormindo e foi acordado por passos e murmúrios na rua. Ele levanta da cama e vai à janela para ver o que estava acontecendo. Havia um homem de chapéu e casaco que parece ter sentido que alguém o observava e virou rapidamente para olhar nos olhos do jovem Craven. Aterrorizado, ele voltou correndo para sua cama imaginando que a figura iria embora.

Os barulhos pararam e ele foi olhar uma segunda vez para se certificar de que o homem tinha ido embora. Para seu desespero, o homem ainda estava lá e, para piorar a situação, caminhava em direção a entrada do prédio. O garoto correu para onde ficava a entrada e ouviu barulhos da porta sendo destrancada. “Eu estava mais aterrorizado do que jamais me lembro de ter ficado”, conta Craven. Ele acordou seu irmão mais velho que desceu a escada com ele, segurando um taco de basebol. Quando abriram a porta, o homem havia sumido.

“O que mais me impressionou naquele homem, provavelmente um bêbado ou algo assim, era que ele tinha muita malícia em seu rosto”, explicou. “Tinha também uma espécie de senso de humor doentio, de sentir prazer em aterrorizar uma criança.” Wes Craven em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

Craven também relaciona Freddy Krueger ao seu pai. Segundo ele, as poucas lembranças que tem com ele são sempre relacionadas ao medo. “Essa ideia de uma figura paterna ameaçadora em oposição ao pai protetor é algo muito poderoso para mim, e isso está em muitos dos meus filmes”, conta Craven. Nos citados Aniversário Macabro e Quadrilha de Sádicos, as figuras paternas são assustadoras e ameaças para seus filhos. Ele aponta também a pintura de Goya, com o deus grego Cronos devorando um de seus filhos, como uma de suas inspirações.

 

 

Para o rosto, Craven gostaria de fugir um pouco da ideia de cobri-lo com sobras sob o chapéu, que tinha sido herdada do homem da calçada, por isso tem sido usado constantemente em filmes de terror. Gostaria também que sua personalidade estivesse expressa em falas e expressões que uma máscara encobria, ele passou a pensar então em cicatrizes. Esses traços foram, então, importantes para construção da história do personagem e sua personalidade. “Freddy é depravado, mas tem senso de humor”, conta o diretor.

“Eu sentia que Freddy era o paradigma do adulto ameaçador e representava o lado selvagem da fase adulta masculina. Ele era o pai malvado definitivo”, disse o diretor. “Ele é uma doença que odeia a juventude. Odeia a infância e a inocência. E ele as ataca e explora, e tenta acabar com tudo isso. Desde o início, foi assim que eu o vi.” Wes Craven em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

 

ESCOLHENDO FREDDY KRUEGER

Para o ator que interpretaria o vilão Freddy Krueger, Wes Craven procurava um alguém mais velho. Porém, os possíveis candidatos, não conseguiam empregar a maldade, a personalidade maligna que ele gostaria. Todos pareciam muito suaves em suas interpretações. “Tinha alguma coisa a ver com terem visto tanto da vida que havia certa ternura neles”, conta o diretor. “Eles não conseguiam ser realmente maus”.

Lembrando de sua vida acadêmica e a psicologia humana, Craven conta que as pessoas não acreditam ter a maldade dentro delas. Se alguém demonstra isso com veemência na atuação, em um livro ou coisa do tipo, as pessoas automaticamente pensam que essa pessoa é má. Havia, por sorte de Craven, um ator que parecia não ter medo de demonstrar isso. Era Robert Barton Englund, que já havia participado de diversas peças de teatro e na época era conhecido por seu papel como o alienígena Willie na minissérie V: A Batalha Final (1983). Englund também havia tentado o papel de Han Solo em Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977), mas foi recusado para o papel por ser considerado muito novo.

Englund estava atuando numa peça de teatro e começando a ter seu rosto reconhecido por aí devido a série V: A Batalha Final, quando seu agente agendou uma reunião com Wes Craven para falar sobre o papel em A Hora do Pesadelo. Na época, o ator ainda não tinha familiaridade com a obra de Craven. Havia visto apenas algumas projeções do filme Aniversário Macabro no monitor de um bar new wave que ele frequentava. Um dos atores que contracenava no teatro, ao contar sobre o possível encontro com Wes Craven, era familiarizado com o trabalho do diretor e o recomendou que fizesse o teste.

Depois de  conversas com amigos, e agora um pouco mais por dentro da obra de Craven, Englund se preparou para encontrar o “príncipe das trevas”. Vestiu-se da forma mais punk rock possível e deixou uma barba por fazer de três dias. Ele esperava que o diretor fosse algo parecido com Charles Manson, mas, não era nada disso. Segundo o ator, a primeira impressão que teve foi que seu possível futuro diretor parecia ser “erudito, alto, meio almofadinha”. Craven, por sua vez, não se impressionou muito com o ator a primeira vista, principalmente porque ele era muito mais jovem do que ele esperava.

“’Wes estava pensando em um ator grande, opressivo ou ameaçador para o papel, mas eu adoro selecionar atores que contrariam o óbvio. Sempre fiz isso’. Ela acreditava que Englund poderia ser perfeito para o papel porque não parecia um bicho-papão estereotipado. ‘Sua compleição era mais leve e interessante. Sendo um bom ator, poderia se tornar o personagem. Ele me pareceu certo para o papel de Freddy desde o início’, acrescenta.” Annette Benson, produtora de elenco em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

Como Craven não colocou muita credibilidade no ator de primeira, Englund precisou se esforçar bastante para impressioná-lo. Até que no decorrer do teste, o diretor foi deixando suas exigências de lado e acreditando na atuação dele. Por fim, o ator foi escolhido pela capacidade de assustar pessoalmente e não ter o medo de parecer mau como outros artistas pareciam ter. Craven conta que até lembrou o homem que ele viu na calçada quando criança.

Depois de ter se decidido por Englund como intérprete de Freddy, Wes comenta sobre a busca de um ator mais velho. “O resto era maquiagem, e assim que a maquiagem era aplicada, não dava para saber quantos anos ele tinha”, conta o diretor. “E foi tipo: ‘Dã, o que eu estava pensando?!”.

 

DE REPENTE ATOR: JOHNNY DEPP SE TORNA ESTRELA POR ACASO.

O elenco teen em A Hora do Pesadelo.

Para escolher os demais atores do elenco, Craven pretendia escapar dos estereótipos do gênero. Buscava jovens simpáticos e uma heroína que aparentava ser uma líder natural. O papel principal de Nancy Thompson ficou com Heather Langenkamp que, antes de A Hora do Pesadelo, foi figurante em dois filmes do diretor Francis Ford Coppola: Vidas sem Rumo (1983) e O Selvagem da Motocicleta (1983) e depois, conseguiu um papel de verdade no filme para a TV Duas Paixões (1984). Foi a partir daí que surgiu a oportunidade de atuar no novo filme de Wes Craven. “Eu não era absolutamente uma fã de horror. Na verdade, o único filme assim que vira até então foi A Mansão Macabra (1976), e eu tinha treze anos”, conta a atriz. “Eu não tinha visto Halloween ou Sexta-Feira 13”.

Apesar de Heather ser a final girl, a protagonista de A Hora do Pesadelo, o grande sortudo foi seu vizinho e par romântico no filme, Glen Lantz. Esse foi o primeiro papel do Pirata do Caribe, Johnny Depp, que caiu no mundo do cinema meio que por acaso. “Estávamos de olho em todos os rapazes no padrão de Hollywood”, conta Craven. “Não achava que seria muito difícil, mas não vi ninguém que parecesse carismático”. Ao longo dos anos, diversos atores disseram ou foram apontados como participantes de audições para o papel. Nomes famosos como John Cusack, Brad Pitt, entre outros. Mas, boa parte é só lenda. Nada comprovado de que eles realmente participaram. O único que realmente foi quase escalado foi Charlie Sheen. Mas o próprio ator não aceitou o papel por não colocar muita esperança no sucesso do filme.

“Na época, havia muitos jovens surgindo em Hollywood […]” diz Langenkamp. “Tinha Sean Penn, Charlie Sheen, Rob Lowe, Tom Cruise. Todos esses rapazes provavelmente estavam preparados para esse papel ou, pelo menos, sabiam a respeito.” Heather Langenkamp em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

No ano de 1983, o então jovem Johnny Depp se mudou para Los Angeles para tentar emplacar o sucesso com sua banda The Kids. Para se sustentar, ele vendia canetas por telefone ganhando cerca de 50 dólares por semana. Na época não passava por sua cabeça a ideia de se tornar ator, até que um amigo lhe sugeriu isso. Esse amigo era ninguém menos do que Nicolas Cage que na época já tinha trabalhado em filmes como Picardias Estudantis (1982) e Sonhos Rebeldes (1983). Além disso, Cage era sobrinho do já citado diretor Francis Ford Coppola. “Nós conversamos, e Nic sentiu que eu deveria dar uma oportunidade à carreira de ator”, conta Johnny.

Cage apresentou Johnny a sua agente que rapidamente entrou em contato com a produção de A Hora do Pesadelo marcando uma audição para o garoto. Porém, na descrição do roteiro imaginado por Craven o personagem Glen, era loiro, alto, atlético e surfista. Bem diferente da aparência de Depp na época. “Ele tinha uma tez meio pálida e fumava continuamente, e vi manchas de nicotina em seus dedos. Eu pensei: ‘Esse não é o garoto que mora ao lado. É pouco provável que a gente escolha esse rapaz”. Conta Craven sobre sua primeira impressão sobre Johnny Depp.

Depois de Depp ler algumas linhas do roteiro, o diretor começou a mudar de ideia a respeito “Ele realmente tinha uma espécie de atração no estilo James Dean”, lembra Craven. Mesmo assim ele não estava convencido e havia outros que ele tinha em mente.

Jovem Johnny Depp em A Hora do Pesadelo.

Mas outro elemento ajudou para que Depp fosse escolhido. Naquele dia, a filha de Craven Jessica e uma amiga dela, Melanie, estavam no estúdio. Jessica tinha ido visitar seu pai e acabou sendo escalada por ele, junto com sua amiga, para revezar lendo as falas de Nancy durante os testes. Nos bastidores as duas conversaram com o ator que, inclusive, ajudou Jessica a desembaçar o vidro de seu relógio usando um isqueiro. Depois que Depp foi embora, as duas ficaram exaltadas e até soltaram gritinhos histéricos, ficando apaixonadas pelo garoto e contando isso para Craven. “Eu disse: ‘É sério? Ele parece meio doente e pálido’” conta Craven, lembrando do episódio com as garotas.

Como parte do público que o filme queria atingir tinha características próximas às das garotas, Craven então achou que seria um critério interessante para levar em consideração. Assim, poucas horas depois do teste Depp estava escalado para o papel e sua vida mudaria para sempre. “Foi uma maluquice”, lembra o ator.

O ator (Charlie Sheen), que conversou com Depp sobre sua experiência em A Hora do Pesadelo quando os dois mais tarde atuaram em Platoon (1986), de Oliver Stone, também lembra um encontro casual com Craven anos depois, onde o assunto surgiu. “Eu disse: ‘É bom vê-lo novamente, sr. Craven. Lamento por aquela coisa toda com A Hora do Pesadelo’”, lembra Sheen. “E Wes respondeu: ‘Não se preocupe com isso, mas Johnny Depp lhe agradece’”. trecho de A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

A Hora do Pesadelo (1984),  de Wes Craven

Um grupo de adolescentes estranhamente começam a ter todos o mesmo sonho com um estranho homem de chapéu, pele com queimaduras e lâminas no lugar dos dedos. Quando alguns deles começam a morrer de forma violenta enquanto dormem, inicia-se uma investigação que aponta ligação para um terrível homem que molestou crianças na rua Elm e foi queimado vivo pela vizinhança.

“Freddy é um bicho-papão no sentido mais verdadeiro da palavra”, sugere Englund. “E o bicho-papão é um ingrediente bastante clássico, especialmente na literatura alemã e na literatura teutônica do gênero horror, então acho que você poderia dizer que ele é uma invenção clássica da mente de Wes Craven”. Robert Englund, intérprete de Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo – Never Sleep Again, de Thommy Hutson.

O roteiro de Craven teve sérios problemas para ser comprado por alguma produtora.  Por incrível que pareça, a Disney chegou a cogitar a compra, mas gostaria de transformar a história em um produto “mais família”, típico de suas produções, o que o diretor e roteirista resolveu não bancar. Quando finalmente foi lançado, A Hora do Pesadelo se tornou o sonho de qualquer diretor: foi sucesso de público e crítica. 

Além de ter conseguido esse êxito artístico, Craven também agradeceu imensamente o êxito financeiro do longa. “Quando comecei a trabalhar no filme, eu estava completamente sem dinheiro. Tinha problemas financeiros sérios e terríveis por causa de três anos sem conseguir emprego. E eu procurava outros serviços durante esse período enquanto trabalhava nesse roteiro tolo à noite”, conta Craven em entrevista.

Mesmo visto mais de três décadas depois, A Hora do Pesadelo ainda consegue ser um filme interessante e assustador. O que chama mais atenção aqui é que mesmo com a evolução dos efeitos visuais que possibilita maiores possibilidades a produções do gênero, existe algo ali que muitos filmes atuais não conseguem. Isso pode ser atribuído à mão de Craven, primeiro pelo seu roteiro e forma de apresentar seus personagens e conflitos, fazendo com que nos importamos com eles. Com isso, as cenas aterrorizantes ficam mais tensas por estarmos envolvidas emocionalmente com esses.

Com relação aos recursos técnicos, os efeitos práticos, com uso de bonecos e máscaras, fazem os efeitos ficarem mais palpáveis, mais próximos à existirem no mundo real. Obviamente existem hoje em dia produções que transmitem um realismo absurdo, mas sempre fica com aquele aspecto meio de vídeo game. E, filmes de terror como A Hora do Pesadelo, não costumam receber orçamentos tão generosos a ponto de pagar os estúdios de James Cameron para fazer um slasher estilo Avatar (2009).

A Hora do Pesadelo 2 – A Vingança de Freddy (1985), de Jack Sholder

Uma nova família se muda para onde ocorreram terríveis acidentes envolvendo Freddy Krueger. Começam a surgir novamente pesadelos com o assassino que tenta tomar o corpo de um jovem para continuar cometendo seus crimes.

Nesta segunda parte, Wes Craven se recusa a participar por não ter idealizado o filme como uma série. Ele também não concordou em utilizar Freddy como um manipulador para que o protagonista cometesse assassinatos. A sequência também não conta com a trilha de Charles Bernstein ou qualquer variação dela. Todos os demais filmes da franquia fizeram uso dela.

Mas, A Vingança de Freddy ficou lembrado mesmo por uma grande polêmica envolvendo o universo LGBT. O roteirista David Chaskin, inseriu referências homoeróticas na trama sem avisar ao diretor Jack Sholder. No Brasil, o fato meio que passou batido na época, mas em outros países como os Estados Unidos e na Europa, as inclinações sexuais do protagonista não passaram despercebidas. O maior agravante foi que no período que foi lançado, o mundo passava por sérios problemas com a epidemia da AIDS que, na época, era atribuída apenas aos homossexuais.

O fato que a princípio era apenas boato de bastidores de filmes que, posteriormente, foi comprovado pelo roteirista no documentário Never Sleep Again: The Elm Street Legacy (2010), que conta a história dos bastidores da franquia, que ele quis contar uma história sobre homofobia. Em outro documentário chamado Scream, Queen! My Nightmare in Elm Street (2019), o ator Mark Patton, que interpretou o protagonista do longa, conta que passou por sérios problemas por ter participado do filme. O estúdio exigiu que ator que, na vida real também é homossexual, mantivesse segredo sobre sua orientação para evitar qualquer relação com a epidemia da época. Patton chegou a se afastar do universo do cinema devido à tanta pressão que ele enfrentou.

“A razão [de A Hora do Pesadelo 2 ser considerado gay] é que este filme nos Estados Unidos e na Europa foi muito controverso. Porque eu interpretei o papel que normalmente deveria ser de uma mulher. Rapazes, especialmente nos Estados Unidos, não aceitaram o filme porque caras deveriam ser durões e garotas deveriam ser as vítimas. E eu era a vítima. E as pessoas começaram a dizer que era um filme gay.”  Mark Patton, em entrevista na San Diego Comic Con em 2015.

A Hora do Pesadelo 3 – Guerreiros dos Sonhos (1987), de Chuck Russell

Um grupo de adolescentes internados numa clínica psiquiátrica tem pesadelos bem parecidos com um homem de chapéu e unhas em formato de facas.  Eles passam por um tratamento com uma nova droga e tentam juntar suas forças para se livrar do terrível Freddy Krueger.

Neste capítulo, os jovens da instituição são usados como cobaias nos testes para uma droga chamada Hypnocil. Ela é um inibidor de sono e foi utilizada posteriormente quando o Freddy enfrentou o vilão da franquia Sexta-Feira 13, Jason Voorhees, em Freddy vs Jason (2003).

Guerreiros dos Sonhos inaugura o trabalho do diretor Chuch Russell que, posteriormente, dirigiu outras produções como A Bolha Assassina (1988) e O Máskara (1994). Heather Langenkamp, que tinha sido a estrela do filme original, retorna a franquia mais uma vez como Nancy, agora como uma pesquisadora de sonhos que tenta ajudar os internos do hospital a vencerem Freddy.

Esse capítulo foi a estreia da atriz Patricia Arquette no cinema como uma das internas do hospital. Anos mais tarde, em 2015, a atriz ganhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por Boyhood: Da Infância à Juventude (2014). Outro rosto famoso que aparece aqui é Laurence Fishburne como um dos enfermeiros da instituição. Nesse período ele já tinha participado de produções como o clássico de guerra Apocalypse Now (1979) e O Selvagem da Motocicleta, que Heather Langenkamp, tinha participado como figurante.

A ideia original desse episódio, seria Freddy Krueger surgindo no mundo real e atacando os atores do primeiro filme. Porém o estúdio rejeitou essa versão. Wes Craven aproveitaria novamente esse argumento em O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger (1994) que marca a volta do diretor na direção da franquia. Em Guerreiros dos Sonhos, Craven é um dos roteiristas. Ele gostaria que esse fosse o último capítulo da franquia, o que, devido ao sucesso desse, não aconteceu.

A Hora do Pesadelo 4 – Mestre dos Sonhos (1988), de Renny Harlin

Freddy Krueger consegue finalmente se vingar dos habitantes da rua Elm. Porém, antes de morrer Kristen (Tuesday Knight), que consegue atrair outras pessoas para seus sonhos, transfere suas habilidades para a amiga Alice (Lisa Wilcox). Krueger vai tentar usar isso então para atrair e fazer mais vítimas.

A atriz Patricia Arquette, não pode voltar para o novo capítulo por estar grávida no período das filmagens. Em seu lugar foi contratada Tuesday Knight para viver o papel de Kristen Parker. Knight, além de atuar, canta a música tema do filme. Johnny Depp faz uma “aparição” como capa numa revista no quarto de Kristen.

Foi a maior abertura da franquia arrecadando cerca de 49 milhões de dólares no seu primeiro final de semana de lançamento e se tornou o filme de terror com maior bilheteria em 1988. 

A Hora do Pesadelo 5 – O Maior Horror de Freddy (1989), de Stephen Hopkins

Alice acredita fortemente que está livre de Freddy Krueger e poderá seguir sua vida ao lado de Dan. Porém, os pesadelos começam ao mesmo tempo que ela descobre estar grávida. Agora, além da sua vida, ela luta para conseguir salvar a do seu filho.

O grande destaque para esse episódio é a cenografia e direção de arte. A franquia começava a enfrentar um certo cansaço e muitas vezes foi acusada de repetir praticamente a mesma fórmula em muitos dos episódios. Segundo histórias de bastidores, os escritores Stephen King e Frank Miller foram chamados para escrever e dirigir esse filme, mas não aceitaram. Quem ficou com a função foi Stephen Hopkins (não confundir com o físico Stephen Hawking), que precisou realizar todo o processo em apenas dois meses. Um para filmar e outro para editar todo o material. Os produtores ficaram tão impressionados com essa capacidade do diretor que em seguida, o convidaram para dirigir outro monstro do cinema em Predador 2: A Caçada Continua (1990).

Os cenários aqui trazem grande expressão para os pesadelos dos personagens. A cenografia  direção de arte parece ter bebido fortemente do Expressionismo Alemão, com imagens distorcidas e dos trabalhos do artista Maurits Cornelis Escher e suas construções impossíveis. Um dos que mais chama atenção, são as escadarias com direções infinitas, típicas dos trabalhos de Escher.

Esse é o primeiro episódio em que Robert Englund, o intérprete de Freddy, é visto sem maquiagem. Ele interpreta um dos internos de um manicômio que aparece nos sonhos da personagem Alice e, quando essa acorda, é atacada pelo mesmo louco. Englund tinha feito uma participação sem maquiagem em A Hora do Pesadelo 2 – A Vingança de Freddy, como o motorista de um ônibus, mas nesse ele aparecia de costas. 

A Hora do Pesadelo 6 – Pesadelo Final – A Morte de Freddy (1991), de Rachel Talalay

Freddy segue para uma nova cidade para continuar matando crianças. Ao mesmo tempo, outras pessoas estão atrás dele tentando eliminá-lo para sempre, como sua própria filha que é psicóloga infantil.

Com a presença de efeitos em 3D, nesse episódio vemos o momento em que Freddy Krueger é queimado vivo e como ele se torna uma entidade aterrorizadora de sonhos. As informações que são obtidas pelos personagens ajudam a colocar um fim definitivo em suas aparições.

O ator Johnny Depp, assim como em A Hora do Pesadelo 4 – Mestre dos Sonhos, faz uma pontinha no filme. Dessa vez ele aparece num comercial de TV. Outra participação especial foi do cantor Alice Cooper, como pai de Freddy Krueger.

Com o orçamento de 5 milhões de dólares, o filme arrecadou cerca de 34 milhões apenas nos cinemas americanos. Um dia antes do seu lançamento, em 12 de setembro de 1991, o prefeito da cidade de Los Angeles decretou que aquele seria o dia de Freddy Krueger. 

O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger (1994),  de Wes Craven

Heather Langenkamp começa a ter pesadelos com Freddy Krueger, personagem do filme que ela atuou dez anos atrás. Pouco tempo depois, seu marido morre em um aparente acidente de carro, mas em seu corpo são encontradas marcas de garras características de Krueger. Ela descobre que Wes Craven está escrevendo um novo roteiro do universo do monstro e, para que ela possa sobreviver, vai precisar interpretar novamente a personagem Nancy Thompson. 

O criador do personagem volta à direção do filme depois de ter sido roteirista de A Hora do Pesadelo 3 – Guerreiros dos Sonhos e tentado encerrar a franquia. Nesse novo capítulo temos o início da metalinguagem que ele iria usar como recurso principal na franquia Pânico. Neste capítulo, Freddy foi morto definitivamente nos filmes e quem está sendo atormentado dessa vez, são os atores que atuaram no primeiro filme. Ou seja, os atores interpretam eles próprios na vida real. Inclusive, o próprio Wes Craven aparece como Wes Craven. Esse é um dos melhores filmes da franquia.

Quem interpreta o filho de Heather, Dylan, é o ator mirim Miko Hughes. Ele também é o intérprete de Gage Creed em Cemitério Maldito (1989) que foi seu primeiro papel para o cinema. Passou também pelo clássico da sessão da tarde Um Tira No Jardim de Infância (1990). 

A Hora do Pesadelo (2010), de Samuel Bayer

Um grupo de adolescentes que é amigo desde sempre começam a ter o mesmo pesadelo com um homem sinistro. Depois que um deles morre de forma violenta, eles começam a investigar o caso e percebem que ficar acordado é a única saída para sobreviver.

Esse filme tem entre os produtores o diretor Michael Bay que também produziu os remakes de O Massacre da Serra Elétrica (2003), Horror em Amityville (2005) e Sexta Feira 13 (2009).

Robert Englund, que havia interpretado Freddy em todos os outros capítulos da franquia, é substituído por Jackie Earle Haley. O ator é conhecido principalmente por interpretar o herói (se é que pode se chamar assim) Rorscharch na adaptação dos quadrinhos Watchmen: O Filme (2009). Segundo histórias de bastidores, o ator tinha feito teste para interpretar o par romântico de Nancy, Glen , no filme original de 1984, mas o papel foi dado a Johnny Depp. 

Já a mocinha Nancy Holbrook foi interpretada por Rooney Mara que nos anos seguintes seria reconhecida como Erica Albright, em A Rede Social (2010) e seria uma das protagonistas de Millennium: Os Homens que não Amavam as Mulheres (2011), ambos dirigidos por David Fincher.

A FRANQUIA VALE A PENA?

Assim como a franquia Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo também segue uma história linear, desenvolvendo o personagem Freddy Krueger e suas motivações. Da mesma forma, nem todos os capítulos são tão interessantes quanto o original. O diferencial de Krueger para os demais vilões do slasher é sua ligação direta e bem clara com o sobrenatural, o que dá margem para mais ousadia no imaginário do personagem, como suas transformações em objetos e de suas unhas em seringas, por exemplo. A cada filme somos surpreendidos com uma nova faceta do personagem e uma nova forma de fazer vítimas.

 

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