Mais de cinco meses ainda separam o dia de hoje da cerimônia do Oscar 2019, em 24 de fevereiro, mas algumas produções já deram a largada na corrida pelas estatuetas. Além de alguns conhecidos destaques do cinema em 2018, os festivais de cinema de Veneza e Toronto, realizados em agosto e setembro e considerados tradicionais termômetros para a temporada de premiações, também apontaram quais filmes provavelmente serão lembrados pelos integrantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood na hora da votação para os indicados. O Cinemascope analisou a recepção da crítica e imprensa cinematográfica e adianta abaixo alguns filmes que devem concorrer ao Oscar no ano que vem. Confira:
1 – O Primeiro Homem, de Damien Chazelle:
Damien Chazelle não tem medo de arriscar. Após despontar em 2014 com o ótimo drama Whiplash – Em Busca da Perfeição e se tornar o diretor mais jovem da história a conquistar um Oscar por seu trabalho no musical La La Land – Cantando Estações em 2017, o americano de apenas 33 anos se lança agora em um histórico drama espacial sobre a missão Apollo 11, que levou o primeiro ser humano, Neil Armstrong, à Lua. “O Primeiro Homem”, estrelado por Ryan Gosling (La La Land) e Claire Foy (The Crown), foi exibido, aplaudido e também gerou polêmica no Festival de Toronto deste ano, e tem todos os ingredientes para brigar por estatuetas em fevereiro do ano que vem.
2 – Nasce Uma Estrela, de Bradley Cooper:
Alguém imaginou Lady Gaga como atriz de cinema? E alguém imaginou Lady Gaga concorrendo ao Oscar por isso? Em Nasce Uma Estrela, a cantora vive a estrela deste quarto remake do filme de mesmo nome lançado pela primeira vez em 1937. A convencional trama gira em torno de Jackson Maine (Bradley Cooper), um cantor que passa pelos típicos problemas que acompanham a fama, e Ally (Lady Gaga), jovem artista amadora que aspira pelo estrelato por meio da música. O longa-metragem, que marca a estreia do ator Bradley Cooper na direção, também foi bem recebido pela crítica do Festival de Toronto e classificado pela Variety como “um magnífico filme hollywoodiano”. Ou seja, cheirinho de Oscar.
3 – Roma, de Alfonso Cuarón
Mesclando projetos pessoais com grandes lançamentos hollywoodianos, o mexicano Alfonso Cuarón é um dos maiores nomes do cinema no século XXI. Após dirigir Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Filhos da Esperança e Gravidade, filme pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Direção em 2014, Cuarón retorna para sua terra natal em seu novo projeto Roma. A produção acompanha o cotidiano de uma família de classe média formada majoritariamente por mulheres na Cidade do México na década de 70, época marcada por forte turbulências políticas no local. O longa venceu o Festival de Veneza de 2018 e também causou polêmica: muitos especialistas criticaram a escolha do júri argumentando que o filme será visto pela maioria dos pessoas fora da sala de cinema, já que a Netflix é a distribuidora da produção. Esse detalhe pode atrapalhar o caminho de Roma rumo ao Oscar de Melhor Filme, mas o prestígio de Cuarón e a ótima recepção da crítica já são suficientes para garantir algumas indicações. O filme também já foi selecionado como o representante do México na briga pelo prêmio de Melhor Filme Estrangeiro.
4 – Beautiful Boy, de Felix Van Groeningen
Apesar de não estar tão bem cotado como os filmes anteriores (tem “apenas” 71% de aprovação no Rotten Tomatoes, por enquanto), Beautiful Boy tem em sua dupla de protagonistas Timothée Chalamet (que concorreu em 2018 por sua atuação em Me Chame Pelo Seu Nome) e Steve Carell (que também estará em Vice e Bem-vindos à Marwen) a garantia de indicações ao Oscar. A trama acompanha o complicado relacionamento entre David Sheff (Carell) e seu jovem filho Nic (Chalamet), que é viciado em metanfetamina. A pegada independente, o tema envolvendo famílias problemáticas e a forte dupla protagonista tornam impossível não associar Beautiful Boy ao aclamadíssimo Lady Bird, que recebeu cinco indicações esse ano. Tomara que seja tão bom quanto.
5 – If Beale Street Could Talk, de Barry Jenkins
Não que isso valha de alguma coisa para um longa-metragem, mas o trailer de If Beale Street Could Talk é um dos mais empolgantes de 2018. Dirigido por Barry Jenkins, responsável pelo maravilhoso Moonlight – Sob a Luz do Luar, If Beale Street Could Talk se passa na década de 70, em Nova York, e conta a história de amor entre um casal de jovens negros Tish (Kiki Layne, estreante) e Alonzo (Stephan James), que descobrem que terão um filho. E quando Alonzo é preso injustamente, Tish precisa provar a inocência do pai de seu filho e ainda lidar com a gravidez e as dificuldades de uma sociedade racista. O filme foi aclamado no Festival de Toronto, mas perdeu o principal prêmio para um outro longa-metragem que também aborda o racismo, como veremos a seguir. De qualquer forma, o trailer abaixo já adianta todo o cuidado com as cores e direção marcante de Jenkins, um dos grandes nomes do cinema no final dessa década e que tem grandes chances de ser novamente lembrado pela Academia.
6 – Green Book, de Peter Farrelly
Baseado em fatos reais, Green Book foi o grande vencedor do Festival de Toronto 2018. Entretanto, como o festival não tem uma mostra competitiva e é o público quem elege o melhor filme em uma votação online, as chances reais desse projeto do diretor Peter Farrelly (responsável por comédias como Debi e Lóide e Eu, Eu Mesmo e Irene) ainda são incertas. Mas um drama de época estrelado pelos talentosos Mahershala Ali (vencedor do Oscar em Moonlight – Sob a Luz do Luar) e Viggo Mortensen (o eterno Aragorn de O Senhor dos Anéis) certamente é algo para ficar de olho. A trama mostra como o segurança noturno Tony (Mortensen) acabou virando o chofer do importante pianista negro Don Shirley (Ali) em uma expedição pelo sul dos Estados Unidos na década de 60, extremamente marcado pelo racismo. O próprio título do filme faz alusão a um livro verde verídico que indicava estabelecimentos no sul estadunidense que aceitavam negros. A vitória em Toronto, a conhecida dupla de atores protagonistas, a interessante história real e o aparente apelo comercial tornam grandes as chances de Green Book conquistar algumas indicações.
7 – Boy Erased, de Joel Edgerton
A triste trama de Boy Erased, também baseada em história real – relatada no livro “Boy Erased: A Memoir”, de Garrard Conley – mostra como um rapaz de 19 anos foi enviado à um programa de reorientação sexual após contar aos seus pais que sente atração por homens. Morador de uma cidade conservadora e filho de um pastor, Jared Conlon (Lucas Hedges) tenta se tornar algo que não é para não perder o respeito de seus pais Nancy (Nicole Kidman) e Marshall (Russel Crowe) e de sua comunidade. O longa-metragem, escrito e dirigido pelo também ator Joel Edgerton, parece ter uma estrutura narrativa sem grandes novidades, mas o relevantíssimo (e atual) tema e o elenco forte elenco tornam imensas as chances do filme também ser lembrado nas premiações. A crítica Sasha Stone, do The Wrap, classificou Boy Erased como “um bom e importante filme que pode salvar vidas”.
8 – The Favourite, de Yorgos Lanthimos
Um drama de época baseado em fatos reais dirigido por um diretor em ascensão e com um elenco premiado. The Favourite, dirigido por Yorgos Lanthimos (O Lagosta), mostra como a divertida relação entre a duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) e a excêntrica Rainha Ana (Olivia Colman) na Inglaterra do século XVIII foi afetada pela chegada de uma nova criada no local, a queridinha Abigail (Emma Stone). Exibido e aplaudido nos festivais de Nova York, Telluride e Veneza, o longa tem, em seu trio principal de atrizes e no capricho técnico de Lanthimos, os grandes chamarizes da produção, segundo David Rooney, do The Hollywood Reporter. Essa é um daquelas filmes que com certeza levará indicações em categorias técnicos como figurino, maquiagem e design de produção. A conferir.
Confira abaixo outras produções que também tem grandes chances de serem indicadas às premiações:
- Infiltrado na Klan, de Spike Lee
- Pantera Negra, de Ryan Coogler
- Widows, de Steve McQueen
- Vice, de Adam McKay
- Shoplifters, de Manbiki Kazoku
- Can You Forgive Me, de Marielle Heller
- Leave No Trace, de Debra Granik
- Bem-vindos à Marwen, de Robert Zemeckis
- At Etenity’s Gate, de Julian Schnabel
- On The Basis of Sex, de Mimi Leder
- Mary Queen Of Scots, de Josie Rourke
- Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer
- The Front Runner, de Gary Hart