Por Rafael Ferreira
Eu ainda me lembro quando em 2007, num momento de ócio no trabalho, visualizei o seguinte teaser pela Internet:
Minha primeira impressão não foi das melhores, pensei que se tratava de mais um filme da Dreamworks com centenas de referência à cultura pop, possivelmente uma sátira de filmes de kung fu como Shrek tinha sido com os contos de fadas. Não me deixou tão curioso, mas mesmo assim, fui conferir no cinema no ano seguinte, sem grandes expectativas, e pra minha surpresa eu estava totalmente enganado. Kung Fu Panda se tornou para mim referência de um grande filme, e não é pra menos, o filme estreou no Festival de Cannes com ótimas críticas.
A história é sobre um panda desengonçado chamado Po, fanático por kung fu, que trabalha com seu pai, um ganso (?), num restaurante de macarrão. Durante uma cerimônia de artes marciais, Po é inesperadamente escolhido para cumprir uma antiga profecia e se tornar o Dragão Guerreiro. O sonho de Po de se tornar um guerreiro do kung fu se torna realidade, treinando ao lado dos seus ídolos, os Cinco Furiosos – Tigresa, Garça, Louva-a-Deus, Víbora e Macaco –, enquanto na Mongólia, o vingativo Tai Lung escapa da prisão e parte em direção ao Vale da Paz. Cabe ao Po dominar as técnicas de kung fu, defender a todos e cumprir a profecia.
Se pararmos para pensar a respeito, o enredo principal se assemelha a Matrix, ambos protagonistas são escolhidos por uma profecia, e ambos aprendem kung fu para cumpri-la, a diferença é que em Kung Fu Panda os personagens são carismáticos e identificáveis. Po (vivido por Jack Black) é um jovem inseguro, que tem um sonho, mas tem medo de segui-lo devido à possibilidade de fracasso (quem nunca?), ele pratica kung fu na privacidade do seu quarto com armas de bambu que ele mesmo faz, assim como os action figures dos seus ídolos, e conhece todos os fatos relacionados à sua paixão. O pai de Po (interpretado por James Hong) só tem duas paixões em sua vida, seu filho e fazer macarrão, ele quer ter Po ao seu lado seguindo seu caminho no restaurante (quando adolescente, Hong trabalhou com seu pai no restaurante de macarrão em Minnesota), que é para ele uma tradição familiar – ele herdou do seu pai, que herdou do seu pai, que ganhou de um porco num jogo de mahjong –, e Po não tem coragem de admitir para o seu pai que preferiria fazer outra coisa, porque não quer partir seu coração, e mesmo quando ele o faz, o pai não consegue imaginar por que ele iria querer fazer outra coisa. Se você se identificou com este cenário, substituindo kung fu por qualquer outra coisa que você ame, não se preocupe, você não é o único.
Outra figura paterna que nos deparamos no filme é o Mestre Shifu, um panda vermelho (interpretado por Dustin Hoffman), uma curiosidade: Shifu significa “professor-mestre”. A primeira vez que o vemos treinando os Cinco Furiosos enquanto toca sua flauta (uma referência ao filme Círculo De Ferro com David Carradine), pensamos que ele é um mestre sábio, mas depois descobrimos que ele é subordinado a outro. Ele domina todas as técnicas de kung fu, é durão, é rígido, mas em sua backstory vemos que ele foi um pai amoroso para Tai Lung. Assim como o pai de Po, Shifu compartilhou sua paixão com seu filho adotivo, projetando seus sonhos nele. A partir disso podemos ver bem mais fundo na alma do personagem, ele aprendeu kung fu com o melhor, ele conhece todas as técnicas, isso leva a crer que ele próprio esperava ser o próprio Dragão Guerreiro, mas por não se achar bom o suficiente, se tornou professor na esperança de “criar” o Dragão Guerreiro, isso o deixa frustrado quando percebe que falhou com Tai Lung, criando um monstro ao invés de um filho, e mais frustrado ainda quando o Dragão Guerreiro é finalmente escolhido e é alguém como Po, no nível 0.
Já que Shifu não pode ser o Dragão Guerreiro, nem acredita que pode treiná-lo, ele ainda pode se tornar o próximo Oogway. Não há palavras para expressar o quanto eu amo este personagem (interpretado por Randall Duk Kim, o chaveiro de Matrix: Reloaded)! Ele é uma tartaruga das Ilhas Galápagos, aquela mesma espécie que Charles Darwin tentou montar em sua expedição. Um personagem calmo, bem equilibrado, sempre sorrindo, como se nada no mundo pudesse afetar sua paz de espírito – até mesmo a notícia de que Tai Lung escapou o afeta por um mísero segundo –, ele é como um terapeuta, tanto para Po quanto para Shifu, nunca dá as respostas aos problemas destes personagens, mas sempre os guia com sabedoria, e por falar nisso, nós podemos aprender muito com suas palavras. “Não existem acidentes”, “Sua mente é como esta água, meu amigo. Quando está muito agitada, se torna difícil de ver. Mas se você permitir que ela se acalme, a resposta se torna mais clara”, “Uma pessoa encontra seu destino no caminho que ele toma para evitá-lo”, “só existem notícias, nem boas nem más” e minha favorita “O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que é chamado de presente”. Esta frase merece ser emoldurada e pendurada na sua parede!!!
A lista dos heróis fica completa com os Cinco Furiosos, cujos personagens foram criados a partir dos verdadeiros estilos de kung fu: Tigresa (Angelina Jolie, que tem uma tatuagem de tigre nas costas), Garça (David Cross), Macaco (Jackie Chan), Víbora (Lucy Liu), e Louva-a-Deus (Seth Rogen). Eles são os ídolos de Po, os super-heróis do seu mundo, e no entanto, eles o desprezam, especialmente a Tigresa, que poderia vir a ser o Dragão Guerreiro, durona como Shifu, disciplinada – notem que na cena em que Po prepara macarrão para os Cinco, ela é a única que não quebra a dieta –, Assim como Tai Lung, ela fica frustrada quando não é escolhida para ser o Dragão Guerreiro, e mais frustrada ainda quando Shifu não permite que ela enfrente Tai Lung, tanto que esta é a primeira vez em sua vida que ela desafia seu mestre. Ela treinou com Shifu desde criança, deu o melhor de si, mas nada disso parece agradar seu mestre. Por falar em “treinar desde criança”, observe que as cenas em que Tai Lung e Tigresa chutam o boneco são muito parecidas, mas Tai Lung se sai um pouco melhor, pois ele consegue derrubar uma lança que estava escorada.
À primeira vista, Tai Lung (interpretado por Ian McShane) demonstra o quão ameaçador ele é quando, para detê-lo é preciso uma prisão com mil guardas, usar uma armadura (projetada por Oogway) de acupressão para imobilizá-lo, e ainda preso pelos braços por duas rochas suspensas. Ele é uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento, uma criatura feroz, mas basta ele dizer sua primeira fala e deixar o mensageiro voltar para o Vale que notamos que existe nele um ser pensante. Ele é obcecado, em sua cabeça todos os seus atos são justificados emocionalmente, tudo ficará bem quando ele tiver o pergaminho do dragão, ele se reconciliará com seu pai e será compreendido. Cabe uma lição do Herói De Mil Faces de Joseph Campbell para descrevê-lo: “O vilão é o herói da sua própria história”. E no cinema, os vilões não são interessantes a não ser que tenham algo de humano neles, algo que nos faça entender suas vilanias.
Por mais que esses personagens tenham dimensão, eles não pareceriam reais se não se movimentassem com naturalidade, este é o papel do animador, e os animadores em Kung Fu Panda fizeram um ótimo trabalho, os movimentos de kung fu são críveis, e ao mesmo tempo são como animais. As expressões de Jack Black são reproduzidas com perfeição no rosto de Po, até mesmo os pequenos detalhes como Oogway mascando a língua como um idoso não foram esquecidos. Mas a grande surpresa neste filme em animação 3D é a introdução em animação tradicional. No sonho de Po, ele é heróico, ágil, e respeitado, diferente da realidade, estes dois mundos devem ser visualmente diferentes, foi então que o animador James Baxter (o animador de Ariel em A Pequena Sereia e Moisés em O Príncipe Do Egito) criou este estilo parecido com animes, mas ao mesmo tempo bastante fluido, com cores saturadas e vibrantes, quase como se fossem em Technicolor para criar o contraste. Se a animação no início segue o estilo anime, o restante do filme é mais realista, porém, há momentos em que nos lembramos das animações de Chuck Jones pelo seu ritmo, ação e reação, boa atuação, e das animações do Tex Avery, mais visuais, cuja comédia vem da dor física.
Todas as escolhas de direção em Kung Fu Panda têm um motivo, nada é um acidente, “não existem acidentes”. De início vemos que a tela é em 2:35:1, o formato Cinemascope, mantendo a tradição dos filmes de kung fu do passado, este é o primeiro filme da Dreamworks com esta razão de aspecto. A câmera se movimenta em cenas de luta, e é mais estática nas cenas de diálogo. As transições de cenas são orgânicas, minha favorita é quando Tai Lung escapa da prisão e uma explosão ao fundo faz sua sombra ser projetada sobre o Vale da Paz, indicando a ameaça que está por vir. Cenas escuras intercaladas com cenas claras. O motivo visual de ondas circulares – motivos visuais são elementos que aparecem freqüentemente durante o filme, no caso de Kung Fu Panda, a onda circular aparece a primeira vez quando Oogway toca o laguinho com o cajado para fazer a água se acalmar, depois nos toques de nervos que ele dá no peito de Tai Lung para imobilizá-lo, e na explosão do Dedo Wuxi. Até mesmo a cor do céu tem um significado, observe que ele raramente é azul como no mundo real.
Reforçando o que foi dito antes, a paleta de cores foi criada para seguir uma psicologia. Azul é a cor negativa, freqüentemente associada a Tai Lung, cujo pelo tem uma tonalidade cinza e azulada, a primeira cena em que ele é mencionado é repleta desta cor, as cenas na prisão de Chorh-Gom são predominantemente azuis, contrastado com o vermelho, os momentos em que Po está chateado também predominam a cor da tristeza. O vermelho, contrastado com o azul na prisão, simboliza o poder, a cena em que os Cinco Furiosos treinam no dojo é iluminada por um pôr-do-sol vermelho, quando Po termina seu treinamento com Shifu as árvores são vermelhas combinando com um céu dourado, que por sua vez é a cor do herói, o mesmo tom dourado é visto no céu quando Shifu começa o treinamento com Po, e no momento em que Po retorna para impedir que Tai Lung mate Shifu. Os olhos da Tigresa e de Tai Lung são dourados, neste último reforça o significado de que ele é o herói de sua própria história, e dourado também é a cor do pergaminho do dragão. O verde é a cor da sabedoria, isso justifica a iluminação na cena em que Po abre o pergaminho, não nos esqueçamos que o sábio Mestre Oogway é todo verde, e que os olhos de Po são verdes, como se nos dissesse que Po é mais esperto do que ele pensa. Não nos esqueçamos que o pergaminho do dragão reúne as três cores, o dourado, o vermelho e o verde.
Em um livro, o autor descreve o estado de espírito de um personagem, um filme deve fazer isso de forma visual, assim, no cinema, quanto mais visual for a sua história, melhor. Nem sempre essas sutilezas são percebidas pelo público médio, mas elas sempre enriquecem um filme. Além do brilhante uso das cores, Kung Fu Panda também utiliza muito bem as metáforas visuais, um bom exemplo disso é na cerimônia que irá nomear o Dragão Guerreiro, em que Po é mantido do lado de fora do Palácio de Jade, na sombra, afastado do seu sonho, enquanto todo o auditório é iluminado com a luz do sol. Outra cena que merece atenção é quando Shifu se compromete a treinar Po: ela começa com os dois subindo uma montanha (uma versão da Montanha de Wu Dang), com uma atmosfera nublada, e Po nem faz ideia de para aonde está indo, esta neblina vai gradualmente se dissipando, simbolizando a clareza da mente de Po quando este percebe que está lá para começar seu treinamento. Esta é uma cena um tanto quanto enigmática, porque representa o renascimento simbólico tanto de Shifu quanto de Po. Enquanto o panda é transformado num guerreiro do kung fu, Mestre Shifu começa a agir mais como seu mentor, o Mestre Oogway, ele deixa de ser uma pessoa rabugenta e se torna mais aberto ao universo, ele até sai de sua zona de conforto para treinar Po fora do dojo, diferente dos seus outros alunos.
Agora volte alguns parágrafos e assista atentamente à cena em que Oogway consola Po, um dos momentos mais bem construídos na história do cinema e do kung fu. Oogway entra em cena dizendo “Eu vejo que você encontrou o Pessegueiro Sagrado da Sabedoria Divina”, isso nos diz que aquele não é um pessegueiro comum, ele tem um valor emocional para Oogway, que deve ter cultivado aquele pessegueiro com afeto, podemos deduzir que ele o plantara quando chegou à China, vindo das Ilhas Galápagos. Na cultura chinesa, o pêssego simboliza imortalidade, Oogway pode alcançá-la através do pessegueiro, sua passagem para o outro mundo acontece debaixo desta árvore, e mesmo depois da sua partida, sentimos a sua presença quando vemos as pétalas da flor do pêssego. A madeira do pessegueiro é conhecida por afastar o mal, assim concluo que o cajado de Oogway é feito da madeira desta árvore, que fica num nível elevado, um local de contemplação, onde Oogway guarda o Vale da Paz. A ambientação noturna da cena pede luzes mais frias, o azul nesta cena representa a tristeza de Po, afinal ele come quando está chateado, Oogway chega trazendo uma lanterna de cor alaranjada, quebrando o contraste com o azul – para quem lida com cores, sabe que as duas são cores opostas no círculo cromático –, como se estivesse afastando a cor azul (tristeza) de Po, ao ir embora, ele deixa a lanterna com o panda, a lanterna é uma representação literal e figurativa da luz de Oogway, que a trouxe para a vida de Po e deixou com ele.
Um bom diretor (e neste filme temos dois) sabe como apresentar os personagens. A primeira vez que um personagem aparece em tela deve ser um momento significativo, pois aquele momento define se iremos gostar ou não do personagem. Po é introduzido na história através do seu sonho, em que ele é tudo aquilo que gostaria de ser, mas a realidade mostra um Po diferente (ele não consegue nem se levantar), o verdadeiro Po é visto pela primeira vez de cabeça para baixo, existe um significado por trás disso, este primeiro plano nos diz que há algo de errado com ele, que ele é um pária, não o herói que vimos antes. Durante o filme, este motivo de Po de cabeça para baixo é repetido inúmeras vezes, cada vez com um significado diferente. Ele é visto dessa forma no primeiro e no último plano, este ao lado de Shifu, podemos interpretar que ambos estão em sintonia, a sintonia entre Po e Oogway também é representada da mesma forma, afinal, em sua primeira aparição Oogway também está de cabeça para baixo.
Após esta cena de Po e Shifu de cabeça para baixo o filme termina, os créditos sobem e a música animada começa a tocar (e grudar na sua cabeça), e o que ganhamos com isso? Reconhecemos um bom filme é quando você não sai indiferente após o fim da sessão, pessoalmente, eu não acreditava no potencial do filme, talvez porque todo material de divulgação tenha sido voltado para o lado cômico da obra, mas fui surpreendido por cenas realmente emocionantes e pelos personagens bem desenvolvidos com dilemas reais, Po e Shifu entraram em sintonia no final, assim como eu entrei em sintonia com Po. Mark Osborne, um dos diretores, disse isso sobre o filme:
“O que queremos que as pessoas sintam, mas não especificamente, é que o mundo mudou por causa do exemplo de Po. Porque todo mundo viu este personagem atípico se tornar um mestre do kung fu. Agora eles vão voltar para casa, e o que quer que queiram para si mesmos, eles vão tentar conseguir. Ele ajudou todo mundo. Tanto faz se você quer ser um chef ou um artista, o que quer que seja. O exemplo de Po é o mais extremo. E o exemplo mais puro”.
Pois bem, o filme tem uma mensagem otimista, “seja seu próprio herói”. Po se tornara seu próprio herói, como vemos durante os créditos finais, ele esculpe um action figure dele próprio. Outra qualidade deste panda é que ele não guarda o segredo do pergaminho do dragão para si, vemos durante os créditos finais Po mostrar o pergaminho para uns coelhinhos – ele não guardou nem para o Tai Lung, ele chega a oferecer a resposta para Tai Lung, cabe a ele escolher entre aceitá-la ou não, seria uma chance de redenção para este leopardo da neve caso ele escutasse, talvez não tivesse se desmaterializado com o golpe do dedo Wuxi –, é traçada aí uma linha tênue entre ele e o vilão, pois como eu disse antes, “o vilão é o herói da sua própria história”, então o que diferencia um do outro? Bem, para tentar responder a esta questão vou parafrasear o Batman, “Não é quem eu sou por dentro, mas o que eu faço é que me define.”, portanto, as ações de Tai Lung são destrutivas, para se sentir um herói ele sente que precisa impor medo; ele luta com suas garras expostas (observe que até mesmo a Tigresa, que também é um felino, retrai as garras enquanto luta); ele ataca seu pai biológico enquanto este se desculpava pelas suas falhas; ele usa o cajado de Oogway como arma para sufocar Shifu (o cajado é um símbolo da sabedoria e bondade de Oogway, por isso o momento em que este se parte é significativo para Shifu); e quando o título de Dragão Guerreiro lhe é negado ele se enfurece, enquanto o verdadeiro herói age com altruísmo, suas ações são o oposto de destrutivas.
Minha interpretação é que o filme seja uma metáfora para a vida: Po leva sua vida preso ao seu trabalho na base da montanha, ele sempre esteve lá, e fantasia com uma vida fora da sua zona de conforto. Um evento o leva a querer se arriscar mais, ver de perto aquilo com o que ele sempre sonha, mas para chegar lá há uma longa escadaria, o início é extremamente difícil, ele acha que está quase chegando lá, mas na realidade só subiu uns cinco degraus, ele vê seus amigos subindo e dizendo “eu te trago uma lembrancinha lá do topo”. O carrinho de macarrão é a corrente que impede que Po suba as escadas, ele só consegue avançar a partir do momento em que ele abandona esta corrente. Mesmo chegando ao topo das escadas, os portões do destino estão fechados para Po e ele é mantido nas sombras, mas como ele é um fã devoto, ele insiste mais um pouco, e arrisca sua vida em uma cadeira cheia de explosivos em prol daquilo que ama, surpreendentemente seu destino foi traçado por este ato, mas nem todos lá dentro estão felizes com ele, alguns pensam que ele chegou lá por acidente, outros pensam que ele tomou o lugar de outra pessoa com mais talentos, estas pessoas são competitivas e estão sempre prontas a humilhá-lo e empurrá-lo escada abaixo novamente, e ele irá rolar até a base, mas subirá novamente porque sempre que jogavam um tijolo nele ou diziam que ele fedia, doía, mas não doía mais do que acordar todos os dias sendo ele mesmo.
Depois de tanto resistir, seu mestre-professor passa a respeitá-lo um pouco, ele o ensina aquilo o que puder, da forma que puder, para prepará-lo para um desafio ainda maior, pouco antes da chegada deste desafio ele pensa em desistir (quem nunca?), pois acredita que nada sabe, ou que tudo o que aprendeu não valeram de nada, mas o desafio acaba chegando, ele apanha bastante, mas todos os tropeços que a vida lhe deu, todas as vezes que ele rolou pela escada o tornaram mais resistente, e quando ele se dá conta de que não precisa de um troféu (pergaminho do dragão) para provar nada a si mesmo, ele supera o desafio, ganha o respeito dos seus ídolos e se torna seu próprio herói.
A batalha final entre Po e Tai Lung tem início no Palácio de Jade e termina em frente ao restaurante do seu pai, retraçando os passos de Po em sua jornada, levando-o de volta ao início de tudo, um local significativo para Po, isto pode ser interpretado como uma lição de humildade, para que Po não se esqueça de onde ele viera. Tudo o que ele vivenciou e aprendeu é revisitado nesta luta, desde a brincadeira de esconder o bolinho em baixo de uma vasilha para tentar adivinhar em qual está, até o biscoito no armário do topo, uma forma de mostrar para Po – e para nós – que tudo o que ele vivenciou e aprendeu serviu para alguma coisa.
Seja você uma criança de 8, 30, ou 80 anos, Kung Fu Panda é um filme forte, que sempre me cativa com o seu show-de-bolice.