Por Domitila Gonzalez
Indicação de Lucas Vezedek
Scott Pilgrim Contra o Mundo é uma adaptação cinematográfica para os quadrinhos de mesmo nome feitos pelo canadense Brian Lee O’Malley. Deixo claro desde já – todas shora – que não tenho nenhuma referência nem do quadrinista nem da obra dele, então tentarei me apegar mais aos aspectos do filme do que do enredo original, belê?
Mesmo quem não entende patavinas de videogame já entende que o filme vai enveredar por esses lados nos primeiros segundos de apresentação: a vinheta da Universal vem toda composta no maior estilo gamemaníaco de todos: sons distorcidos e imagem pixelada!
Então, eis que surge nosso herói: Scott Pilgrim! Mais conhecido como O Juno. Ele será para sempre O Juno, pra mim. “O”, assim, no masculino mesmo. E isso já começa não sendo uma coisa tão legal pro próprio Cera. Com todas aquelas cenas nerds verborrágicas do começo, ele acabou me lembrando um pouco Jesse Eisenberg em A Rede Social (David Fincher, 2010). Mala que só ele!
A temática do filme é bem batida: o menino esquisitão se apaixona pela menina descolada. O inusitado fica por conta da parte fantasiosa do enredo: para conseguir namorar sua garota dos sonhos, ele tem que derrotar seus sete “ex”. Derrotar – do verbo: acabar, matar, degolar, cortar membros, lutar, socar, esmagar e ganhar moedas por isso.
MAS DO QUE É QUE VOCÊ TÁ FALANDO MELDELS? NÃO TO ENTENDENDO NADA!
Acontece que a equipe de roteiro apostou numa linguagem híbrida e totalmente maluca! Misturam-se técnicas e efeitos especiais e ao mesmo tempo em que vemos uma cena de amor fossa do mocinho andando sozinho ao léu no meio da estrada nevada, ele chega em casa e o telefone toca, com um “RIIIIIINNNNG” gigante saindo dele, na tela!
Ainda não consegui decidir se isso é uma grande bobagem ou uma grande genialidade. Essa mistura provoca em nós um deslocamento do real. E como espectador é um bicho esquisito, pra cada coisa que aparece na nossa frente, a gente tenta dar algum sentido. Já que o enredo parece uma colcha de retalhos com fantasia e realidade, videogame e love story, SOC, POW, TUPISH, BANGs e barrinhas de vida, a bagunça é generalizada e a gente fica um pouco perdido.
Mas como dessa vez não me cabe analisar os erros e acertos de adaptação no roteiro, digo que: DEVE TER SIDO MUITO LEGAL ATUAR NESSE FILME!
As cenas de luta são muito bem ensaiadas e deve ter dado um trabalhão pensar em todas elas!
Scott Pilgrim é um filme jovem e disso não há dúvidas. O elenco foi escolhido a dedo e é engraçado ver como os atores apostam nos tipos e eles funcionam. O nerd, a japonesa esquisita viciada em videogame, a namorada descolada, o vocalista acéfalo e a baterista sarcástica. Aliás, palmas pra atriz Alison Pill, que faz a baterista Kim Pine. Minha personagem favorita desde o primeiro minuto!
Até Anna Kendrick resolve dar as caras, fazendo a irmã mais nova de Scott! Anna Kendrick… Eu não sei por que raios, mas eu gosto muito dessa menina. Eu já gostava dela fazendo Jessica Stanley, a amiga metida da Bella, em Crepúsculo (Catharine Hardwicke, 2008), e seu auge pra mim foi o surto psicótico da executiva Natalie em Amor sem Escalas (Jason Reitman, 2009). Surtar com George Clooney em cena deve ter sido sensacional.
Dito isso, Scott Pilgrim não me pareceu um filme pretensioso demais, mas também não sei se foi feito pensando em permanecer no limbo cinematográfico – o que de fato aconteceu com ele, arrecadando apenas 25 milhões de dólares no primeiro final de semana contra 60 milhões de produção. Fón, né? Mas vale a pena pra dar umas risadas e curtir aquele balde de pipoca gostoso! E a ex que morre de orgasmo é a melhor parte de todas as batalhas.
Veja o trailer: