A rigor, sempre houve som no cinema. As projeções mudas do início do século 20 eram acompanhadas por uma pianola ao vivo. Ou mesmo por atores posicionados atrás da tela, mimetizando diálogos e onomatopeias, e verdadeiras orquestras abaixo da projeção.

As tentativas de sincronização entre som e imagem começaram desde Thomas Edison, que em 1894 experimentava seu kinetoscópio. Nessa época ele já dominava plenamente o fonógrafo. Até o fenômeno de O Cantor de Jazz (1927) foram quase 25 anos, mas uma vez domesticado, o filme sonoro tornou-se febre e o som no cinema. Obrigatório.

Houve quem apostasse que, com a chegada do som, o filme falado se destinaria ao entretenimento. Já o filme mudo serviria para a produção de arte genuína. Isto não se sustentou porque, ao longo do século 20, foram criadas verdadeiras obras-primas que se valeram das facilidades e maleabilidades do uso do som para potencializar o que se vê na tela. Basta lembrarmos da literalmente cortante trilha sonora de Psicose (1960), ou da inquietante banda de efeitos sonoros de O Exorcista (1973).

Dunkirk e o trabalho de som no cinema

Os exemplos são inesgotáveis, mas vale nos determos numa amostra recente. Em Dunkirk (2017), de Christopher Nolan, o espectador na sala de cinema é imediatamente transportado para as praias francesas. Com isso, torna-se testemunha ocular do desespero de soldados ingleses que tentam abandonar o front antes que sejam dizimados pelos nazistas.

Som no cinema - Dunkirk

Cena do filme Dunkirk

O realismo sonoro e sua mixagem assertiva representam mais do que mera ilustração de um dado histórico. A partir de sua concepção, o som em Dunkirk é um elemento indispensável. A partir dele o espectador acompanha o paralelismo das histórias que correm simultaneamente e, aparentemente, aleatórias. Ao optar por romper com a lógica do roteiro e da narrativa convencional, o diretor fiou-se em elementos menos explícitos, porém mais eficazes.

É claro que o som no cinema não poderia ser pivô de uma distinção entre arte e entretenimento. Ao contrário, se buscarmos na linha evolutiva da sétima arte, encontraremos uma incansável pesquisa desse tema. O intuito de todas é sempre atrelar novos elementos ao já conhecido esquema, em prol de uma experiência cada vez mais exclusiva.

A chegada do som no cinema é abordada  no curso de Introdução à Linguagem Cinematográfica, ministrado pelo professor Donny Correia. Mais informações no link abaixo.

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