Se em Star Wars— Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999) a politicagem era a presença mais marcante, em Star Wars —Episódio II: O Ataque dos Clones (2002) o amor transborda. O filme se passa 10 anos após os eventos do primeiro episódio. Aqui, Padmé Amidala (Natalie Portman) é senadora e os agora mestre e aprendiz Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) e Anakin Skywalker (agora mais velho interpretado por Hayden Christensen), são escolhidos para protegê-la de forças separatistas da República que querem vê-la morta. Essa proximidade acaba nutrindo uma paixão entre Padmé e Anakin, sendo que é proibido a um Jedi se apaixonar.

Apesar de ser um ponto necessário e relevante para o decorrer da história, o romance acaba ficando bem chato. Dá até diabetes de tanto açúcar. Me parece que eles recorreram a diálogos clichês para construir um caso de amor ao estilo Romeu e Julieta. Mas essa relação será extremamente necessária para os eventos do Episódio III: A Vingança dos Sith (2005).

O filme ainda tem uma das frases mais estranhas e lembradas (no mal sentido, claro) da saga. Enquanto Anakin atua como guarda-costas de Padmé no planeta de origem da moça ele lança: “Não gosto de areia. É áspera e irritante e entra em todos os lugares”, se referindo à sua terra natal que é deserta. Ainda emenda lançando um olhar “sedutor” para a moça dizendo “Não é como aqui, onde tudo é suave e macio”, numa clara alusão à pele da moça. Sério que você lançou essa cantada, jovem Padawan?

Star Wars: O Ataque dos Clones

Anakin, Obi-Wan e Padmé se encontram após 10 anos

O que me surpreende nesse episódio, apesar dessas vergonhas alheias, são as sutilezas usadas nas atitudes e falas de Anakin, que já dão sinais que irão levá-lo a se tornar o temido Darth Vader. Acho que nessa trilogia é a coisa que melhor se destaca. Os pontos que são ligados entre o inocente Anakin, escravo e morador de um planeta árido, e o poderoso tirano Vader.

Um dos momentos de insurgência do Lado Negro em Anakin aparecem quando ele discute com Padmé sobre os rumos da política galática e os desdobramentos que podem derivar disso. Anakin já mostra pensamentos ditatoriais de como conduziria as coisas. É interessante que esse diálogo tem muita relação com o momento atual do Brasil e do mundo, com certas democracias se aproximando mais de uma ditadura do que qualquer coisa.

Os momentos de “politicagens” que, como disse anteriormente, eram tão fortes no Episódio I aqui começam a fazer algum sentido. As cordas quase invisíveis que estavam sendo puxadas em A Ameaça Fantasma, agora ganham contornos mais claros. Padmé deixa de ser a rainha de um planeta para se tornar uma senadora na República, o que nos faz passar mais tempo no Senado e entender melhor as forças políticas em formação.  Talvez por isso as coisas funcionem melhor. Ao menos um pouco.

Surgem novos personagens como o Conde Dookan interpretado pelo ótimo Christopher Lee, que também dá vida ao mago Saruman em O Senhor dos Anéis além de ser uma das encarnações mais lembradas de Drácula no cinema. Ele é um dos personagens mais legais da saga e já chega arrancando braço de um Jedi logo de cara (mutilação: uma das marcas registradas da saga de George Lucas). Outra curiosidade é que o personagem originalmente se chama Dooku mas, para evitar piadinhas no Brasil, o nome foi alterado para Dookan.

Star Wars: O Ataque dos Clones

Christopher Lee como Conde Dookan.

Ainda é válido lembrar que, anos mais tarde, o ator Leonardo DiCaprio revelou que havia sido sondado por George Lucas para encarnar o papel de Anakin Skywalker. Segundo ele, o convite aconteceu em uma conversa entre ele e Lucas, mas DiCaprio não se sentiu preparado para mergulhar no personagem e no universo de Star Wars. O ator também já foi sondado para outros papeis que hoje fazem parte da cultura pop como o Homem-Aranha de Sam Raimi, que acabou ficando com  Tobey Maguire, e de Robin nas versões de Joel Schumacher, que foi interpretado por Chris O’Donnell. Coitado.

Um dos pontos mais relevantes para a saga é a explicação da origem dos Stormtroopers. Esses são os personagens mais característicos de Star Wars e responsáveis por grandes momentos de humor nos filmes. Ver esses soldados iniciando seus trabalhos em plena forma dá até medo de ver. Aqui eles parecem ser uma ameaça real, não têm o humor costumeiro dos episódios da trilogia clássica.

Talvez o mais legal em Star Wars: O Ataque dos Clones seja ver todos os personagens na sua melhor forma. O conselho Jedi funcionando muito bem, lutas com dezenas de cavaleiros Jedi e seus sabres de luz e o exército de Clones a todo vapor. Algumas cenas são lindas demais e faze qualquer nerd sentir um baita arrepio na espinha. Para completar tem o Mestre Yoda largando a bengalinha de lado para encarar Conde Dookan. Maravilhoso! Vemos também mais um pouco da filosofia Jedi, seus princípios e as regras do treinamento de um Padawan. Ah, e também a origem do caçador de recompensas mais famoso da saga: Boba Fett.

Star Wars: O Ataque dos Clones

A batalha na arena é uma das cenas mais legais de O Ataque dos Clones

Apesar dos pesares, Star Wars: O Ataque dos Clones fica interessante de fato quando se encaminha para o final. Mais precisamente numa cena da arena em que as pontas soltas vindas de A Ameaça Fantasma começam a se amarrar. Contudo, o maior acerto do filme é o resgate do tom de aventura da trilogia clássica. Vemos os Jedi em plena forma e ainda utilizando o exercito de clones a seu favor. Orgasmos nerds nessa cena.

O filme foi a quarta maior bilheteria mundial de 2002. Sendo a primeira para O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, a segunda para Harry Potter e a Câmara Secreta e terceira Homem-Aranha de Sam Raimi.

De uma forma geral, Star Wars: O Ataque dos Clones passa meio batido pra mim quando estou revisitando a saga. O que me interessa de fato são as partes relacionadas ao surgimento do exército de clones e os sinais de maldade crescendo em Anakin Skywalker. O restante são partes inevitáveis.

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