Por Luciana Ramos
A Floresta de Jonathas começa retratando a vida do protagonista (Begê Muniz) e sua família, que vivem nos arredores da floresta Amazônica e de lá tiram o seu sustento, colhendo frutas para então vendê-las em uma barraca de ponta de estrada. Toda a vida dessas pessoas, portanto, pauta-se em uma relação harmoniosa com a natureza, que lhes provem o necessário para sobreviver. Em determinado momento da trama uma inversão ocorre e Jonathas vê a sua existência posta à prova durante um acampamento com o irmão e amigos em uma área para ele desconhecida da floresta. Só então, quando o meio que o mantém vivo se transforma naquele que pode selar a sua morte é que entendemos o real sentido do filme.
O conflito, apesar de intrigante, demora a ser estabelecido na história, atrapalhando assim a imersão do espectador na trama. Acompanhamos na primeira hora a vivência da família sem saber ao certo a relevância fílmica dessas vidas. Há desentendimentos entre Juliano, irmão de Jonathas, e o pai de ambos, mas que posteriormente se revelam dispensáveis, já que o embate não é forte o bastante para justificar o desenrolar das ações, como creio ter sido a intenção do autor. Quando enfim um obstáculo concreto se forma entre Jonathas e o ambiente ao seu redor, a história ganha novos ares e fica bem mais interessante, chegando a prender a atenção. No entanto, as cenas pouco rítmicas e dinâmicas atrapalham na manutenção da expectativa e a sensação final foi um lamento pelo tema não ter sido explorado de maneira mais eficiente.
Do ponto de vista técnico, A Floresta de Jonathas deixa a desejar. Há pouca movimentação de câmera e a sucessão de planos estáticos engessa o filme. Há, a meu ver, uma tentativa de sofisticação cênica através da inclusão de elementos aleatórios, como uma escada ou cipós, que ocupam o primeiro plano em determinadas cenas enquanto os acontecimentos se desenrolam ao fundo. No entanto, este artifício é usado de forma exagerada e sobrepõe os personagens de tal forma a causar estranheza. Igualmente prejudicial é o uso de planos excessivos de paisagens entrepostos às ações dos personagens, deslocados e pouco orgânicos, apesar de muito bonitos esteticamente. Uma inserção diferente destes na trama, talvez pudesse contribuir em intensificar a experiência fílmica.
O longa possui problemas visuais e narrativos comuns a alguns filmes brasileiros que complicam a absorção do espectador no mundo mostrado na tela. Ainda assim, vale como ponto de reflexão sobre a nossa necessidade em reconhecer as nossas limitações diante da magnitude da força da natureza.
A Floresta de Jonathas
Ano: 2012
Diretor: Sergio Andrade
Roteiro: Sergio Andrade
Elenco Principal: Begê Muniz, Francisco Mendes, Viktoriya Vinyarska.
Gênero: Drama.
Nacionalidade: Brasil
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