Anjos da Lei 2

Por Luciana Ramos

Em Hollywood parece existir uma regra básica: se tiver um filme de sucesso, faça uma continuação. Na verdade, continue realizando continuações infinitas até extrair tudo o que pode em termos de lucro. Anjos da Lei 2 não foge dessa premissa mas, por meio da autoparódia, consegue ir além e cumprir a sua função de entreter o espectador.

Prova disso vem na cena de abertura, onde a legenda “anteriormente, em Anjos da Lei”, debocha o formato das séries de televisão e mostra de forma sucinta a trama do primeiro filme. Seguem algumas pequenas reviravoltas e uma cena de ação e então os policiais Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) são mandados para a nova sede policial, o número 22 da Rua Jump Street, que agora desfruta de tecnologia de ponta e um Jesus Vietnamita.

Informados que existe uma nova droga em um campus universitário, chamada WhyPhy, são mandados para infiltrar-se entre os alunos e identificar o traficante, para assim, descobrir o fornecedor. Jenko entra pro mundo das fraternidades e esportes, enquanto Schmidt frequenta a escola de artes; ou seja, com algumas leves mudanças, a trama perpassa pelos mesmos dilemas, obstáculos e piadas.

Porém, ao contrário de outras continuações enfadonhas e irritantes, a utilização destes artifícios em Anjos da Lei 2 não é negativa. O deboche ao que é apresentado nas telas através dos diálogos autorreferenciais serve para validar a existência desse longa, além de amenizar as suas imperfeições e torná-lo engraçado. Todo o tempo, os policiais ouvem do capitão Dickson (Ice Cube) que devem fazer “exatamente o mesmo” e que “é impossível ser tão bom quanto naquela vez do colégio”. Frases assim são mais que simples piadas, já que é a partir da aceitação dessas premissas que o filme mostra todo o seu potencial.

Este, por sua vez, revela-se pelas gags visuais e foco na discussão do relacionamento de Schmidt e Jenko, que são eficazes e rendem boas risadas. A inserção de algumas reviravoltas dá frescor à trama e explora bem a capacidade cômica de Jonah Hill, Channing Tatum e Ice Cube.

No entanto, como anunciado com veemência pelo personagem do capitão Dickson, o longa mostra-se bem mais fraco que o anterior por conter ritmo irregular e um final um tanto desnecessário. Ainda assim, consegue recuperar-se para fazer uma última gag sobre o fato de ser um subproduto e mais uma vez mostrar o seu valor.

Anjos da Lei 2 é um bom filme por assumir-se como um subproduto, libertando-se dessa maneira da obrigação de oferecer algo além de piadas boas e história previsível. O seu tom de paródia é o seu maior trunfo. Uma boa dica para os fãs de comédias escrachadas.

Anjos da Lei 2 (22 Jump Street)