Por Ana Carolina Diederichsen

Seguindo a última tendência de contar através do cinema o início de algumas das histórias mais conhecidas pelo público, Peter Pan retrata como Peter (Levi Miller) conheceu a Terra do Nunca.  Por se tratar de um “prequel”, novos personagens são inseridos e Peter ainda é, de fato, um menino que quer crescer.

Tudo começa num orfanato inglês durante a Segunda Guerra, onde Peter e seu colega aprontam travessuras, levando a malvada responsável pelo abrigo à loucura.  O jovem é curioso e esperto e como toda criança abandonada, acredita que seus pais tiveram um motivo muito forte para deixá-lo e logo voltarão para resgatá-lo.

Em meio à tentativa de desvendar o mistério do desaparecimento de crianças do orfanato, Peter é sequestrado por piratas em navios que flutuam no ar e levado para o Capitão Barbanegra (Hugh Jackman – a única boa surpresa do longa). Já na Terra do Nunca, descobre que Barbanegra rapta crianças para escravizá-las em minas de pó de fada, substância responsável por sua longevidade.  O encontro entre os antagonistas  se dá numa cena interessante, mas meio fora de propósito, em que os trabalhadores entoam o clássico “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana. É lá também que Peter tem seu primeiro encontro com o Gancho (Garrett Headlund) e a partir daí, se tornam, além de aliados, amigos.

Os primeiros minutos de filme são tão permeados por clichês mal empregados que já evidenciam a decepção. Veja bem, o clichê nem sempre é ruim, principalmente em filmes infantis, pois desperta sensações já pré-estabelecidas sem precisar de fato expô-las, evitando minutos adicionais ao filme. Quando bem utilizado, é um recurso eficaz. Nesse caso, foi tão exagerado e extenso, que perdeu seu propósito de ser.

Encabeçado por Joe Wright, excelente diretor com uma lista de impecáveis trabalhos que incluem Anna Karenina e Desejo e Reparação, o longa é tão pretensioso, que se perde. Wright fez um trabalho medíocre e sem um ritmo estabelecido, beirando a insegurança. Fato estranho, pois ao analisar seu currículo, uma das características que mais se destacam é justamente o controle milimétrico do ritmo de montagem. Um exemplo nítido é a delicadeza de Orgulho e Preconceito, que se assemelha a uma valsa.

O visual do filme é bonito e tem uma fotografia rica, bem como a direção de arte. Infelizmente, não é suficiente para sustentar o longa, que pode até ser que encante as crianças, mas não será engolido pelos adultos (indo na contramão do que se tem visto em Hollywood.) Além das peripécias infantis banalizadas, a trilha sonora “pastelão” de John Powell (Shrek, Como Treinar seu Dragão 2, Rio) contribui na missão de dar o tom errado.

Ao tentar se distanciar da linguagem tradicional dos blockbusters, Peter Pan nem ousou, nem convenceu. Uma Pena! O mundo precisa de mais filmes com a cara de Joe Wright.

Peter Pan Peter Pan

Ano: 2015

Diretor: Joe Wright

Roteiro: Jason Fuchs

Elenco Principal:  Levi Miller, Hugh Jackman, Garrett Headlund, Rooney Mara

Gênero: aventura

Nacionalidade: EUA, Reino Unido, Austrália

 

 

 

 

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