Por Joyce Pais
“Ama-me menos, mas ama-me por muito tempo.”
Dirigido por Christophe Honoré (Em Paris; Bem Amadas), Canções de Amor é dividido em três atos (a partida, a ausência e o recomeço). O longa faz uma viagem à encantadora, apaixonante, mas também melancólica e cinzenta Paris, com suas ruas e luzes inconfundíveis.
O triângulo amoroso entre Ismael Bénoliel (Louis Garrel), Julie Pommeraye (Ludivine Sagnier) e Alice (Clotilde Hesme) apresentado logo no início da trama nos conduz a um cenário em que o amor é tratado de maneira natural, porém, complexa. A necessidade de se afastar de uma solidão intrínseca ao indivíduo moderno os fez encontrar essa solução, que, no longa foi retratada com muita naturalidade a afeto. Por mais que as pontas do triângulo nunca tivessem uma definição muito clara, o carinho e o papel de cada um na relação buscava completar o vazio do outro.
Através de um olhar singular, Honoré explora implicitamente cada personagem, que são mostrados desnudos após um fato importante que ocorre num momento de virada da trama. A maneira com que cada um soube ou, pelo menos, tentou superar tal fatalidade entrelaçou todos que possuíam algum vínculo com o fato de maneira irreversível.
Como de costume nas composições de Alex Beaupain, parceiro habitual de Honoré, a trilha sonora serve como uma espécie de complemento aos turbulentos momentos que constituem a vida de quem se dispõe a amar verdadeiramente alguém. Inesperadamente, o espectador se vê envolvido pelas repentinas “cantorias” e conquistado pela beleza do cotidiano despercebida captada no enredo talhado a cada cena. Outra presença constante nas produções do diretor é Louis Garrel, em Canções de Amor, ele aparece muito bem, alternando a melancolia (e seu blasè inconfundível) e a coragem de se entregar de novo à alguém.
A direção cria, de maneira inteligente e sensível, diálogos e seqüências capazes de nos conduzir a uma sensação de leveza e, ás vezes, apreensão frente a sentimentos cruciais como o amor, a perda, dor, compaixão, desejo, ciúme e o prazer.
O imprevisível também está presente ao longo da história e, assim, os dramas que norteiam a vida dos personagens se desprendem de possíveis estereótipos. É inevitável não querer assistir novamente e ter a chance de sentir que, por um instante as relações humanas podem ser incomuns e, mesmo assim, valerem a pena. Podem até, inesperadamente, render um final feliz, afinal, tudo é uma questão de se permitir.
Canções De Amor (Les Chansons D’amour)
Ano: 2007 – Mostra de Cinema de 2012
Diretor: Christophe Honoré.
Roteiro: Christophe Honoré.
Elenco Principal: Louis Garrel, Ludivine Sagnier, Grégoire Leprince-Ringuet, Clotilde Hesme e Chiara Mastroianni.
Gênero: Musical.
Nacionalidade: França.
Veja o trailer:
Galeria de Fotos: