DNA (2020) dirigido, escrito e interpretado pela atriz francesa Maïwenn é um drama familiar envolvente, com toques de comédia e suspense, que nos convida a conhecer as origens e a história da família Fellah.

O filme acompanha a trajetória de Neige Fellah, uma mulher francesa, divorciada e mão de três crianças que cultiva um afeto incondicional pelo seu avô argelino, Emir Fellah. Quando a família de Neige presencia a morte do patriarca – já hospitalizado em um asilo com Alzheimer – toda uma comoção atravessa os integrantes da família e, principalmente, Neige, que entra em uma profunda crise de identidade.

A admiração pelo seu avô argelino, exilado no França aos 22 anos devido à Guerra da Argélia, é o motivo de Neige ir atrás das suas origens. Assim, a protagonista embarca em uma jornada para encontrar suas raízes e conhecer a fundo o seu DNA.

Aqui, o filme articula com primazia as interrelações entre a esfera privada, individual e a esfera pública, coletiva. Isso porque Neige se orgulha do passado político do seu avô, que foi um representante do comunismo e da luta pela liberação da Argélia. Essa admiração é o que move Neige, no âmbito privado e individual, a ir em busca da sua identidade.

Em meio aos conflitos familiares instaurados pela morte de Emir, acompanhamos a protagonista cavar seu passado em busca de respostas. Ao fazer um teste de DNA, Neige percebe que há uma pluralidade de etnias e culturas presentes em sua estrutura genética que extrapola o conhecimento prévio da sua árvore genealógica e se espalha por quase todo o globo.

Aqui, o filme lança luz nos debates acalorados sobre a miscigenação na Europa, defendendo um ponto de vista que enaltece a pluralidade cultural e a diversidade étnica. Isso se comprova na cena simples, mas ao mesmo tempo tocante de Neige tirando a sua cidadania argelina.

Repleto de diálogos profundos, cenas acaloradas e temas que justapõem razão e emoção, público e privado, individual e coletivo, global e local, DNA (2021) é uma trama essencial para discutir a força que a tradição e as nossas origens exercem sobre nossos corpos.

DNA fez parte da seleção do Festival do Rio 2021, foi exibido no Festival Varilux de Cinema Francês e foi selecionado para o Festival de Cannes.