Emma é tudo o que você precisa ver quando estiver num dia ruim.

Não escondo: sou fã de carteirinha de um bom romance histórico. Se for adaptação de um livro, então, nem se fala. Dois dos meus filmes favoritos preenchem estes requisitos: Anna Karenina – que dá show em roteiro e direção de arte – e Orgulho e Preconceito, que é pra tirar qualquer um das bad vibes.

Eu estava ansiosa por ver a adaptação de Emma, pois apenas pelo trailer eu consegui captar alguns elementos que sempre me prendem em adaptações: fotografia e direção de arte e trilha sonora.

De uns dois anos para cá, o mercado do audiovisual vem experimentando um boom de lançamentos com essa temática, o que só tende a crescer, principalmente depois do sucesso estrondoso de Bridgerton, da Netflix, no final de 2020.

Diferentemente da série do streaming que opera mais na chave da sensualidade, Emma navega pelo território da ternura e do humor, trazendo um roteiro muito bem adaptado, com personagens fortes, carismáticos e cheios de excentricidades – uma característica do estilo de Jane Austen que, felizmente, sempre vai para a tela em suas adaptações. Temos os vizinhos inconvenientes, os familiares esquisitos e uma mocinha inteligente e cheia de si que acaba metendo os pés pelas mãos, vez ou outra.

Ainda sobre o roteiro, há que se reconhecer que adaptar uma história cheia de clichês pode parecer uma tarefa fácil, mas só à primeira vista. O risco de um roteiro adaptado de uma história repleta de obviedades acabar se tornando “mais do mesmo” é muito grande.

Emma não é um grande filme, neste sentido. Não tem grandes efeitos visuais, não é uma história épica, não traz nenhum grande dilema moral ou conflito trágico que precise ser exposto e elaborado pela audiência em forma de catarse. É, sim, um filme para resgatar o frescor de assistir a uma história bem contada. Talvez por isso mesmo acabe conquistando um espaço entre o público.

Fotografia e direção de arte impecáveis de Christopher Blauvelt e Mark Lavis, Andrea Matheson e Alice Sutton, respectivamente. Absolutamente todos os frames proporcionam um deleite para os olhos, mas eu suspiro particularmente nas cenas da loja de tecidos e aviamentos.

As paletas da Emma variam de acordo com seu humor, as locações são lindas demais e cada escolha de decoração de set faz valer a pena parar por 2 horas e assistir a este filme. Um destaque especial para a tapeçaria que marca os capítulos em forma de estações do ano.

Mas ainda assim, o elogio maior vai para o elenco. A diretora conseguiu orquestrar um time de ninguém mais, ninguém menos que Anya Taylor-Joy, Gemma Whelan, Bill Nighy, Johnny Flynn e Tanya Reynolds. Com um elenco desse e uma equipe em perfeita sintonia, o resultado é um filme com final feliz que foi muitíssimo bem feito – algo em que se segurar, em tempos tão sombrios.

Emma

Ano: 2020.

Direção: Autumn de Wilde

Roteiro: Eleanor Catton, baseado no romance de Jane Austen.

Elenco principal: Anya Taylor-Joy, Gemma Whelan, Bill Nighy, Johnny Flynn, Tanya Reynolds

Gênero: Comédia, Drama, Romance

Nacionalidade: Reino Unido.

Avaliação Geral: