Por Wallacy Silva

Na temporada de estreias do cinema nacional o debutante da vez é Andrucha Waddington. Não na direção, pois ele é diretor, dentre outros, do premiado Eu Tu Eles, mas sim na direção de uma produção internacional. A coprodução Espanha-Brasil Lope chega aos cinemas com drama, poesia, uma pitada de ação e muito romance.

Lope de Vega é um grande poeta e dramaturgo da língua espanhola, por alguns chamado até de “Shakespeare espanhol”.  O filme retrata a passagem da juventude para a fase adulta do protagonista. Lope (Alberto Ammann) retorna da guerra e ainda está sem rumo na capital espanhola, vivendo apenas de escrever cartas ou compor poemas em troca de dinheiro. Após a morte da mãe (Sônia Braga), Lope reencontra Isabel (Leonor Watling) e conhece Elena (Pilar López de Ayala), que vão dividir o coração do poeta no decorrer do longa. Ademais, Lope se depara com aquilo que será sua verdadeira paixão: o teatro. Assistindo a pequenas encenações de peças do grupo de Velásquez (Juan Diego), Lope mergulha no universo da arte dramática e começa a escrever comédias, tragédias e até a mesclar os dois gêneros, inovando a dramaturgia da época.

O filme foi rodado na pequena cidade de Essaouira, no Marrocos, a fim de reviver com a máxima analogia possível a Madri do século XVI. A ambientação beira a perfeição. O filme recebeu sete indicações para o Goya – o “Oscar da Espanha” – dentre elas nas categorias maquiagem, efeitos especiais e direção de arte, e ganhou na categoria figurino. O outro prêmio recebido na cerimônia foi o de melhor canção original, a belíssima Que El Soneto Nos Tome Por Sorpresa, composição do uruguaio Jorge Drexler, que infelizmente só podemos ouvir na hora dos créditos.

O elenco de Lope sofreu algumas críticas negativas. Ao juntar uma série de atores conhecidos e consagrados na Espanha, a produção parece ter optado por lançar um ator “desconhecido”, e esse é Alberto Ammann. O trabalho do ator no filme é inquestionável, mas o fato dele ser argentino não agradou muito. As diferenças entre o espanhol falado na Argentina e aquele falado na Península Ibérica passam despercebidas pelos nossos ouvidos, mas incomodam os ouvidos de um espanhol nativo. Porém a aparição indubitavelmente risível fica por conta de Selton Mello, talvez de propósito. Isso porque o ator brasileiro faz o papel de um conde português, e por isso (ou pelo mal espanhol?) ele interpreta com um sotaque cômico. Apesar dos problemas linguísticos, as atuações, não só dos dois, mas de todo o elenco, não deixam a desejar em momento algum.

Lope tem emoção, e ganha o espectador sobretudo no campo imagético. Ganha também no campo poético, pois em algumas cenas, de fazer qualquer amante de literatura se arrepiar, são declamadas algumas poesias do espanhol. Para os fãs de ação estão reservadas até algumas cenas de duelo de espadas. O filme sintetiza e de certa forma hiperboliza o início da trajetória de Lope de Vega. Ficamos apenas com uma prévia de uma vida de muito sucesso, daquele que se consagraria um dos maiores escritores de língua espanhola.

 

Cinemascope - Lope -poster BRLope

Ano: 2010

Diretor: Andrucha Waddington.

Roteiro: Jordi Gasull e Ignacio Del Moral.

Elenco Principal: Alberto Ammann, Pilar López de Ayala, Selton Mello, Sonia Braga.

Gênero: Drama.

Nacionalidade: Espanha/Brasil.

 

 

 

Veja o trailer:

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