Cinema, fotografia, escultura e música são algumas linguagens artísticas que compõem a mise en scène do filme The Meyerowitz: Família Não se Escolhe, dirigido pelo cineasta norte americano Noah Baumbach. O filme conta com um elenco significativo como Adam Sandler, Ben Stiller, Elizabeth Marvel, Dustin Hoffman, Emma Thompson e estreou no Festival de Cannes, onde concorreu ao Palm d’Or.

A cidade de Nova York é palco de mais um filme do cineasta, que já filmou outras narrativas exemplares como Frances Ha (2012) e Mistress America (2015). Agora, Baumbach volta à cidade para contar a história de Harold – um escultor aposentado e frustrado – e os dilemas de sua família.

Harold é um velho artista que viveu o apogeu de sua carreira na década de 60. Aposentado, tenta retornar ao mundo da arte com uma retrospectiva de sua obra. No entanto, a sua personalidade arrogante e autoritária dificulta o relacionamento com as pessoas ao seu redor. Não diferente é a convívio com os seus filhos; Danny, Jean e Matthew. Ambos pertencem aos diversos casamentos do artista e quase nunca se encontram, porém, um acidente reúne a família novamente.

Divido em partes, o diretor vai construindo a narrativa a partir da relação dos três filhos com o seu pai, Harold. Em cada bloco, a câmera se volta a um determinado personagem e os conflitos interpessoais são estabelecidos. Nesse aspecto, o longa-metragem tem diversos pontos onde o clímax se desenvolve, isto é, as angustias, os sofrimentos e as desavenças que circunscrevem a vida da família são expostas diversas vezes, reiterando a dificuldade de reconstituir um vínculo que se rompeu a muito tempo. Ainda, a verborragia tão bem explorada por Baumbach não dá descanso para o espectador, ou seja, a velocidade dos diálogos faz com que não seja possível  se desconcentrar nem por um segundo da obra, mantendo o olho de quem assiste ao filme fisgado na tela.

Algumas referências introduzem a narrativa ao mundo da arte como a citação da fotógrafa Cindy Sherman e do cineasta Herzog. Ainda, algumas instituições de arte consagradas em Nova York, como o Museu de Arte Moderna – MoMa e o Museu Whitney também compõe a atmosfera artística e cultural do filme.

As cenas são ricas em diálogos e isso demonstra a precisão de Baumbach em escrever um bom roteiro, mas para além do texto, as interpretações de Sandler, Stiller e Marvel são excepcionais, comprovando a eficácia do cineasta na direção. Essa afirmação fica evidente em algumas sequências do filme como na interpretação de Sandler ao tentar estacionar o carro em meio ao trânsito caótico de Nova York ou nas complexas conversas que Stiller tem com o seu pai, Harold.

Partindo de uma frase clichê “Família Não se Escolhe”, a obra poderia ser mais um filme que conta os conflitos de uma família problemática, porém, Baumbach torna o enredo instigante, fazendo citações que aproximam o cinema de outras artes, contando uma história que por mais complexa que seja, diverte.

Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe

Ano: 2017
Direção: Noah Baumbach
Roteiro: Noah Baumbach
Elenco principal: Adam Sandler, Ben Stiller, Elizabeth Marvel, Dustin Hoffman, Emma Thompson
Gênero: ​Comédia, Drama
Nacionalidade: EUA

 

Avaliação Geral: