Por Felipe Teixeira
A nata do cinema nacional e grandes nomes estrangeiros da sétima arte reuniram-se para a produção de uma bonita homenagem ao Rio de Janeiro. Ao todo, dez curtas-metragens, alguns deles relacionados, compõe o longa que explora o amor de distintos personagens na cidade e pela cidade maravilhosa de diversas formas. Entretanto, os belos cenários e as ótimas atuações de atores e diretores de vários cantos do planeta não são suficientes para fazer de Rio, Eu Te Amo um filme consistente, devido à irregularidade na condução de suas histórias e a fracos diálogos.
Os créditos do longa-metragem são de dar inveja a qualquer produtor hollywoodiano: Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Fernanda Montenegro, Carlos Saldanha, José Padilha, Fernando Meirelles, dentre inúmeros outros nomes, fazem parte do elenco ou direção de uma das mais ambiciosas empreitadas do cinema brasileiro. O projeto faz parte da série de filmes Cities Of Love, que também já deu vida à Paris, Je T’aime (2006) e Nova York, I Love You (2008).
Como não poderia ser diferente, longos e espetaculares planos abertos sobre a cidade são utilizados ao longo do filme, ressaltando a beleza da vista do Cristo Redentor, as praias cariocas e o famoso relevo acidentado. A dúvida com relação à produção era se esta serviria somente como mais um cartão postal da cidade ou se também abordaria outras características do local, o que felizmente acontece. No dramático curta Texas, por exemplo, um dos mais interessantes durante a projeção, um ex-boxeador que sofreu um acidente e perdeu um dos braços precisa voltar a lutar para pagar uma operação para sua esposa. As atuações convincentes de Laura Neiva e Land Vieira e as locações suburbanas conferem autenticidade à trama e peso dramático ao filme. Da mesma forma, Inútil Paisagem, protagonizado por Wagner Moura e dirigido por José Padilha (em mais uma parceria), toma um rumo inesperado ao contrastar um personagem revoltado com a cidade enquanto voa de asa delta sobre a bela visão do Cristo Redentor.
Fernanda Montenegro e Eduardo Sterblitch, em ótima sintonia, estrelam Dona Fulana, sobre uma interessante personagem que vive nas ruas do Rio por opção, enquanto o diretor Im Sang-soo espalha vampiros pela cidade em pleno carnaval, no curta mais ousado da projeto. Mas o mais surpreendente segmento de Rio, Eu Te Amo ficou por conta da diretora e atriz libanesa Nadine Labaki, que apresenta o carismático jovem Cauã Antunes em uma breve, mas comovente, história sobre sonhos e fé.
O problema é que estes contos mais bem elaborados estão acompanhados de outros que simplesmente não funcionam. É o caso de Quando Não Há Mais Amor, escrito, dirigido e protagonizado por John Turturro, sobre um casal vivendo um fim de relacionamento em Paquetá. As conversas entre os personagens de Turturro e da atriz Vanessa Paradis são exageradamente expositivos e mudam de assunto com absurda rapidez, prejudicando a produção que conta uma belíssima locação. La Fortuna, de Paolo Sorrentino, também pelo mesmo problema, com diálogos fraquíssimos entre os atores internacionais Emily Mortimer e Basil Hoffman.
Alternando bons e maus momentos, Rio, Eu Te Amo apresenta uma singela homenagem à cidade, tornando-se ainda mais interessante quando sai do lugar-comum e explora a diversidade da cidade e seus habitantes. E, apesar de problemas no roteiro, o casting fantástico e a produção competente conseguem tornar a cidade ainda mais bela.
Rio, eu te Amo (Rio I Love you)
Ano: 2014
Direção: John Turturro, Fernando Meirelles, José Padilha.
Roteiro: Fellipe Barbosa.
Elenco principal: Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Bruna Linzmeyer, Vincent Cassel.
Gênero: Drama, Romance.
Nacionalidade: Brasil
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