Por Cleiton Lopes
Optimus prime foi embora. O mundo vê os Transformers como inimigos que são caçados como fugitivos. Mesmo depois de todos os ocorridos, ainda continua a cair novos alienígenas na terra. Cade Yeager (Mark Wahlberg) é um dos humanos que protegem os robôs, na medida do possível, o que acabou tornando-o uma espécie de lenda. Numa das suas missões de salvamento, ele esbarra com a órfã Izabella (Isabela Moner), que acaba indo morar com ele num ferro velho abandonado em que se esconde. As coisas começam a se complicar quando Cade encontra um Transformer antigo que lhe dá um medalhão que tem ligação com a lenda de Rei Arthur. Essa é a premissa de Transformers: O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight).
O filme inicia até bem, nos apresentando personagens e a um planeta terra habitado por Transformers e humanos. Antigos aliados que agora são inimigos, o desenvolvimento de armas capazes de abater os gigantes metálicos e até a vida de alguns refugiados em Cuba. Também a mistura de robôs à figuras mitológicas como Merlin que até funciona bem, são bem interessantes. A relação entre Izabella e Cade parece indicar uma dupla bem entrosada capaz de desenvolver um bom relacionamento no decorrer do filme. Mas aí, as coisas começam a desandar.
Quando acreditamos que o filme já desenvolveu os seus principais conflitos e que já estamos a meio caminho andado ainda tem mais elementos para serem introduzidos. No meio da filme parece começar outra história, entra outra mocinha Vivien Wembley (Laura Haddock) e é como se voltássemos ao início novamente. Engraçado que quando essa moça apareceu logo pensei, “não acredito que ainda tá aparecendo gente nesse filme”. Claramente poderia ter uma hora a menos. Nesse momento, já vimos tanta explosão que elas perdem o efeito e queremos que o filme acabe logo.
Além disso, o filme ainda parece alguma aventura de James Bond, passando no mínimo em três países diferentes, um pouco de Esquadrão Suicida com vilões sendo usados como arma e até uma pitada de Dan Brown com linhagens de sangue protegendo grandes segredos da humanidade. Uma salada mista com gosto duvidoso.
Isabela Moner, que tudo dava a entender ser o grande foco no filme, aqui se mostra tão desperdiçada quanto o talento de Anthony Hopkins. A primeira, por que um filme desses é a grande chance para alguém desconhecido ganhar o coração do público e garantir futuros papeis, mas que aqui não conseguiu esse êxito. Principalmente por falta de espaço para se desenvolver e não só ficar correndo de explosões. O segundo, nem precisa dizer muita coisa. Só de saber que Hopkins está num filme desses já me deixa pensando mil coisas. Entre elas “será que ele tá precisando de grana?”.
Apesar dos pesares, Michael Bay consegue explodir as coisas muito bem, obrigado. Todas a s cenas de ação são bem filmadas, a montagem é bem feita e o CGI convence. Aliás, dessa vez as transformações dos personagens são melhoradas e não vemos apenas metal retorcido na tela. Coisa que foi aperfeiçoada ao longo dos filmes da franquia. Assistir a este numa boa sala de cinema ajuda bastante na imersão. Fiquei pensando também no trabalho de som. Por mais que esteja muito barulho, ainda é possível discernir muitos sons, nos sentir realmente próximos aos acontecimentos. Tanto que, ao fim do filme eu quis limpar a poeira da minha roupa.
O problema maior do filme talvez seja coerência. Como disse acima, ele tem tudo para ser bom. Analisando pontos isolados como CGI, cenas de ação funcionais, boa mixagem de som, entre outros. Mas, falta uma razão para isso tudo. Uma orquestração melhor entre estes elementos, começando desde o roteiro. O filme se mostra como uma série de desculpas para explodir coisas e mostrar robôs em câmera lenta em quase três horas de filme(!). Reparou quantas vezes repeti a palavra “explosão”. Se não tivesse isso, não seria Michael Bay.
Por isso, a nota do filme é duas estrelas. Uma para o início e outra para o fim do filme, que traz cenas legais e é o fim da tormenta. As duas únicas coisas que fazem algum sentido no filme.
Transformers: O Último Cavaleiro (Transformers: The Last knight)
Ano: 2017