Por Lívia Fioretti
Quando o assunto é Stanley Kubrick pensamos automaticamente em grandes sucessos como Laranja Mecânica e 2001 Uma Odisseia no Espaço, certo? E sobre Barry Lyndon, você já ouviu falar?
As três horas de filme contam a história de Redmond Barry, um irlandês aficionado por subir de posição social. Após ter seu amor pela prima rejeitado, pois estava prometida para outro, o jovem abandona sua família para se associar ao exército, que lhe põe em contato com membros da aristocracia inglesa. Entre casos e acasos, Barry passa a se tornar amante de Lady Lyndon, com quem vem a se casar depois, tomando para si o nome. O filme é dividido em dois atos: o primeiro contando a ascensão do rapaz e o segundo narrando sua queda. A questão é: o que raios Stanley Kubrick, reconhecido por seu estilo marcante, faria em um filme de época?
Mesmo dividindo opiniões, o filme é considerado uma obra prima por muitos kubrickianos. É possível perceber que o diretor manteve controle total (e eu digo TOTAL MESMO) da produção para ter certeza que o resultado sairia exatamente como ele imaginava. Como os maiores sucessos de Kubrick, o roteiro deste filme também é a adaptação de um livro: “The Luck of Barry” foi publicado inicialmente em 1844. É possível perceber no filme influências da grande pesquisa realizada pelo diretor sobre a vida de Napoleão Bonaparte para a realização de sua biografia, trabalho que nunca pode ser concluído.
Famoso por seus efeitos visuais e muita representação da tecnologia e do futurismo em seus filmes, o diretor trabalhou de forma diferente nesta obra, fazendo por meio da fotografia o filme se tornar uma pintura clássica animada. Além das cores, John Alcott (cinematógrafo, famoso por suas parcerias com Kubrick) trabalhou muito com a iluminação e a claridade, como se esta fosse uma personagem. Além da poesia visual, são trabalhadas cenas com imensa metalinguagem, um exemplo disso são as que mostram Barry no meio de multidões e muitos primeiros planos, focalizados entre cabeças e ombros, como se as próprias personagens seguissem a história.
Mesmo sendo considerado, na época, pela Warner Bros, um fracasso de público, levando um prejuízo de cerca de 11 milhões de dólares, o filme recebeu quatro Oscar (Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Música), um prêmio BAFTA, da sociedade britânica de Cinematográficos, o César Awards e o Globo de Ouro.
Veja o trailer:
