Por Magno Martins
O filme Casamento ou Luxo (A Woman of Paris) de Charlie Chaplin, lançado em 1923, foi marcado por grandes pontos cruciais em sua carreira: é o primeiro filme dramático realizado por Chaplin, primeiro filme onde o icônico Vagabundo foi substituído por outro personagem, primeiro filme realista e o primeiro fracasso comercial de Charlie Chaplin.
Chaplin se empenhou bastante nesse projeto: escreveu, produziu, dirigiu e ainda compôs a trilha sonora. Casamento ou Luxo é o seu terceiro longa-metragem, porém primeiro filme produzido na empresa fundada por ele e seus amigos Douglas Fairbanks e o pai do cinema D. W. Griffith, a United Artist.
O filme, considerado um dos maiores clássicos do Cinema Mudo, conta a história de amor entre a camponesa francesa Marie St. Clair (Edna Purviance) e seu namorado Jean Millet (Carl Miller). Devido ao desencontro entre eles, Marie resolve ir para Paris e casa-se com o magnata Pierre Revel (Adolphe Menjou ) e, anos mais tarde, ela se reencontra com Jean.
Através dessa perspectiva, Chaplin aborda as questões burguesas da época, levando o público a um entendimento maior sobre as regras da sociedade naqueles tempos. Casamento ou Luxo é uma crítica social explícita, onde o amor, em uma sociedade onde o dinheiro e o status mandam, tem menos relevância. Repressão, violência, suicídio são alguns temas que se desenrola no drama, dando ênfase aos problemas sociais que eram considerados despercebidos por muito naquela época. Assim, Charlie Chaplin fez do longa uma grande obra prima do Cinema Mudo, agraciada pelos críticos de cinema, ressaltando, mais uma vez, a importância e a sensibilidade única do artista ao escrever, produzir, dirigir e compor trilhas sonoras para filmes.
Sobre a repercussão do filme entre os fãs de Chaplin e o público geral, certamente não foi das melhores. Mesmo com o aviso no início de Casamento ou Luxo, que diz “Para evitar qualquer mal entendido, gostaria de avisar que não apareço no filme. É o primeiro drama sério escrito e realizado por mim.”, o público não gostou da ideia de não ter o lendário e engraçado Vagabundo nas telas de cinema. A participação de Chaplin no filme é bem pequena, onde ele faz o papel de um carregador de bagagens em uma estação de trem (Chaplin, como sempre, preferindo os personagens mais humildes) e mesmo assim o público não ficou satisfeito, tornando o filme o primeiro fracasso comercial de Charlie Chaplin. Porém, na época, ele defendeu e muito bem sua obra: “Creio que Casamento ou Luxo (A Woman of Paris) será a obra mais importante de minha carreira. Ainda que redunde em êxito ou fracasso, sempre ficará nela algo original no que se refere à interpretação e também à maneira de apresentar a ação.”
Casamento ou Luxo ajudou a consolidar ainda mais a importância da carreira de Charlie Chaplin no mundo dos cinemas. Apesar do fracasso comercial, é um filme dotado de realismo, uma excelente obra do Cinema Mudo, com toda sua visão e sensibilidade de um dos maiores diretores que o mundo já conheceu.
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