Por Joyce Pais
Indicado ao Oscar de Melhor Figurino, em 1954, ao BAFTA de Melhor Filme, em 1955, ao prêmio do Sindicato dos Roteiristas (WGA) como Melhor Roteiro de comédia americana, Como Agarrar um Milionário é uma nova versão do filme Cortesãs Modernas (The Greeks Had a Word for Them), de 1932, que também contou com Betty Grable no elenco.
A comédia dirigida por Jean Negulesco foi o primeiro filme rodado em CinemaScope, mas o segundo a ser lançado comercialmente nos cinemas americanos. Tudo isso aconteceu por motivos comerciais, foi decidido pela Fox, que achou mais impactante estrear com a nova tecnologia com um filme épico, que teria mais apelo e poderia ostentar suas panorâmicas e cenários grandiosos.
Escrito pelo roteirista Nunally Johnson, Como Agarrar um Milionário foi baseado nas peças de teatro The Greeks Had a Word for It, de Zoe Akins, e Loco, de Dale Eunson e Katherine Albert. Um dos primeiros filmes a gravar em estéreo, a cena que abre o filme mostra a Twentieth Century Fox Symphony Orchestra apresentando “Street Scene”, composto e conduzido por Alfred Newman, indicado a nove Oscars por Melhor Trilha Sonora, o número não tem relação alguma com a história, mas talvez esteja ali somente para reforçar o uso (e pioneirismo) das novas tecnologias.
O roteiro conta uma história bem simples. Três amigas, cansadas dos fracassos amorosos que tiveram em suas vidas, resolvem alugar um apartamento luxuoso para atrair e impressionar homens ricos dispostos a casarem-se com elas. Schatze Page (Lauren Bacall) é a mentora do plano e quem dá as coordenadas da investida, Pola Debevoise (Marilyn Monroe), uma desajeitada, e Loco Dempsey (Betty Grable), uma inocente garota do interior. Ao conhecerem Tom Brookman (Cameron Mitchell) por acaso, o trio nem imagina que ele é um rico empresário, e portanto, o ignoram, principalmente Schatze, por quem ele se apaixona e não mede esforços para conquistar. A partir daí, uma série de desencontros vão se desenrolando, até que finalmente elas saibam sua verdadeira identidade.
Trabalhado em Technicolor, o trio de estrelas parecem verdadeiras pin ups em cena, encantador e nostálgico, ao mesmo tempo. Confesso que esse é um dos filmes que menos gosto da Marilyn (pelo menos do que eu já vi até esse momento), o mal desenvolvimento da história na segunda metade acaba prejudicando as performances, sobretudo a de Monroe, que fica com um tempo em tela menor do que Grable e Bacall. A empreitada acaba por colocar cada uma delas em uma situação, Loco passa um fim de semana na montanha, no Maine, com um executivo casado (Fred Clark), mas se apaixona por um guarda florestal pobre e atraente (Rory Calhoun), Pola faz uma viagem de avião, onde parte do desenvolvimento da personagem se passa, e Schatze permanece no apartamento na maior parte do tempo.
Marilyn demonstra confiança em sua atuação e tem o timing perfeito nas atrapalhadas que faz pelo fato de ser míope, não enxergar quase nada e tirar os óculos para que os pretendentes não a vejam dessa forma. Ela é a mais amável de todas e mesmo com um personagem não explorado muito bem, consegue de destacar.
Ao lado de seu marido, Humphrey Bogart, Lauren Bacall esteve em clássicos como Uma Aventura na Martinica (1944), À Beira do Abismo (1946) e Paixões em Fúria (1948); Betty Grable marcou presença constante desde os anos 1920 no cinema, Marilyn, neste ano de 1953 alçou seu nome e imagem ao de uma estrela popular, se consagrando junto ao grande público da época.
Depois de inúmeros papéis secundários, respingou em Marilyn um pouco da atenção que alguns filmes como A Malvada (All About Eve), um marco do cinema, conseguiram alcançar. Em 1952, esteve em O Inventor da Mocidade (Monkey Business), de Howard Hawks e um papel importante e complexo no drama Almas Desesperadas (Don’t Bother to Knock).
No ano seguinte, além de Como Agarrar um Milionário, foram lançados também o suspense Torrentes de Paixão (Niagara), e Os Homens Preferem As Loiras (Gentlemen Prefer Blondes), também de Hawks, em que apesar de dividir os holofotes com Jane Russel, uma estrela já consolidada, representou um divisor de águas em sua carreira, já que é impossível não associá-la a icônica cena (repetida por muitos) do número “Diamonds are a girl´s best friend).
A partir daí, Marilyn seria a estrela única e insubstituível em todos os oito filmes de que participou até sua morte, em 1962. Apesar de sua curta filmografia, sua marca permanece viva até os dias de hoje e dificilmente será esquecida um dia.
Veja o trailer: