Para ser fiel à vida e intrinsecamente verdadeira, uma obra deve, ao meu ver, ser ao mesmo tempo um relato exato e efetivo de uma verdadeira comunicação de sentimentos. – Andrei Tarkovsky
A importância e o significado de cada encontro do destino.
Em O Rolo Compressor e o Violinista, seu primeiro trabalho solo para a conclusão do curso no Instituto Gerasimov de Cinematografia, Tarkovsky já mostra relances do seu talento. A história de Sasha, um violinista tímido de sete anos, e Sergei, o operário que está trabalhando em frente o prédio onde o menino mora, é simples no seu conceito e grande na sua intensidade.
Em mais ou menos 45 minutos, o diretor consegue moldar as imagens a ponto de antes mesmo da professora de música constatar a grande imaginação de Sasha, essa informação já nos ser conhecida. O Rolo Compressor e o Violinista é repleto de elementos que se tornariam mascas registradas do diretor: os espelhos, a água sempre presente, o tempo que se perde nele mesmo e a introspecção das personagens.
A relação criada entre Sasha e Sergei não é paternal, ela não surge de um lugar onde uma pessoa está acima da outra na escala evolutiva. Mesmo se tratando de uma criança e um adulto, Sergei não infantiliza o garoto. Ele faz com que Sasha perceba que tudo tem consequência, que não devemos ficar esperando dos outros o que podemos fazer nós mesmos.
Toda amizade existe porque duas pessoas estão presentes, e Sasha também mostra ao operário que ainda há sentido na vida e nas relações. Sergei não conversa com nenhum dos seus colegas de trabalho, mesmo uma delas tentando a todo momento começar uma conversa com o rapaz e a ideia de que Sasha era o único deslocado se perde.
EmO Rolo Compressor e o Violinista, Tarkovsky fala de emoções, relações, tempo, vida e morte. No seu primeiro trabalho solo, ainda na faculdade, ele começa a experimentar dentro da sua linguagem assuntos que iriam se tornar cada vez mais íntimos posteriormente.
O Rolo Compressor e o Violinista ganhou prêmios em Nova York, num festival estudantil, e isso vai ser a carta de entrada para que Tarkovsky dirija o seu primeiro longa no ano seguinte.
Um filme sobre inocência, cheio de cores e possíveis perspectivas futuras, mas que se depara com a realidade de que nada dura para sempre, e às vezes nem ao menos termina como gostaríamos.
Mas o impacto da jornada é o que faz de nós, nós. Assim é O Rolo Compressor e o Violinista.
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