Texto e foto por Luciana Ramos
O Festival Varilux de Cinema Francês, em cartaz do dia 9 a 16 de abril, apresentou um panorama do atual cinema francês diverso em abordagem, significado e construção visual.
A gama oferecida não poderia ser mais ampla; indo da comédia romântica, como o leve Um Amor em Paris ao suspense de O Amor é um Crime Perfeito. Ainda assim, mesmo que inicialmente distantes, os filmes selecionados possuem similaridades que os definem como produto do seu tempo. Longas como Eu, Mamãe e Nós, uma comédia escrachadíssima (e hilária) e a dramática cinebiografia dramática Yves Saint Laurent, por exemplo, não poderiam ser mais diferentes. Porém, é possível notar em ambos a mesma preocupação com ritmo narrativo, diálogos com uma dose de ironia e fotografia de qualidade.
Essa nova construção cinematográfica é consciente para os diretores da mostra que, em entrevista, comentaram sobre o assunto.
“Sim, de fato existe uma renovação, existe um sangue novo”, afirmou Jalil Lespert. “Um fato que percebo, felizmente, é uma feminização dentro do cinema francês”, completou Phillipe Claudel. Marc Fitoussi ressaltou um outro ponto: “Eu diria que outro fator que é importante é a tecnologia digital. Graças a isso, jovens e novos cineastas surgiram que não precisaram de grandes orçamentos para fazer seus filmes e estes são muito bem reconhecidos no território francês”.
Da mesma forma, é possível notar um certo afastamento com a estética da Nouvelle Vague. François Truffaut, homenageado pela mostra com a exibição de uma cópia remasterizada de Os Incompreendidos, não é a principal referência deles.
“Acho que na França é algo um pouco, diria despótico, essa coisa de ter que referenciar o Truffaut”, afirmou a atriz e diretora Nicole Garcia. “Um excelente autor mas um péssimo cineasta”, segundo Marc Fitoussi. “Eu sou a favor de ver todos os seus filmes mas não revê-los. Toda vez que eu o faço, me decepciono”, adicionou Phillipe Claudel.
No entanto, a própria Nicole Garcia une-se a Jean-Marrie Larrieu e Jean-Pierre Jeunet para ressaltar a sua importância como crítico de cinema: “A parte escrita dele é muito interessante”, disse ela; “O Truffaut nunca foi o meu predileto, prefiro a sua parte escrita”. “Eu o reverencio porque ele é um dos poucos críticos que teve sucesso”, concluiu o autor de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.
Um fato curioso é a repetição dos atores nos quinze longas escolhidos. Isabelle Hupert atua em Uma Relação delicada e Um Amor em Paris, Diane Kruger, em Um Plano Perfeito e faz uma participação em Eu, Mamãe e os Menino” e o próprio autor deste filme, que também desempenha os papéis de protagonista e da sua mãe, Guillaume Galliene, interpreta Pierre Bergé em Yves Saint Laurent.
Em breve, postaremos mais material da cobertura do Festival, fiquem de olho!