Na noite do último sábado (25), o Júri de Cannes anunciou os vencedores da 72a edição do festival. O Brasil marcou presença na premiação e Bacurau (trailer abaixo), dos diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, levou o Prêmio do Júri. O longa nos convida a conhecer o pequeno povoado do nordeste brasileiro, homônimo ao título. Ali, após a morte de dona Carmelita, os moradores descobrem que a comunidade não consta em nenhum mapa. Kleber Mendonça já havia concorrido à Palma de Ouro anteriormente com Aquarius, porém essa é sua primeira vitória em solo francês. O prêmio do Júri também foi entregue a Les Misérables, primeiro filme do diretor francês Ladj Ly, a ser distribuído pela Amazon.

 

Vale lembrar que o cinema brasileiro já havia sido reconhecido na programação paralela. A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz, venceu a mostra Um Certo Olhar. Saiba mais aqui.

A Palma de Ouro, maior honraria do festival, foi entregue ao diretor Joon-ho Bong por Parasite. A trama circunda um homem desempregado e sua família, que desenvolvem um interesse peculiar por outra família rica. As relações entre os dois grupos se tornam mais intrincadas até que um incidente inesperado acontece. O presidente do júri, Alejandro González Iñárritu, anunciou que a decisão pelo título foi unânime.

Antonio Banderas faturou o prêmio de Melhor Ator por seu papel em Dor e Glória. No oitavo trabalho com Pedro Almodóvar, Banderas interpreta um diretor de filmes espanhol que já viveu o auge de sua carreira e luta contra uma crise de bloqueio criativo, além de outros problemas físicos e mentais. A vitória em Cannes garante a provável participação do ator na temporada de premiações do próximo ano.

Já o prêmio de Melhor Atriz foi entregue à britânica Emily Beecham por sua performance em Little Loe. No filme ela interpreta Alice, uma cientista responsável pela criação de uma planta geneticamente modificada que parece gerar felicidade em outros seres vivos. Ao levar uma dessas mudas para casa, Alice e o filho a batizam de Little Joe. Contudo, à medida que a história transcorre, percebemos que a planta não é assim tão amigável.

Os irmãos Jean Pierre e Luc Dardenne venceram como Melhor Diretor por Young Ahmed, produção sobre um adolescente belga que abraça uma vertente extremista da religião islâmica. Celine Sciamma, por sua vez, conquistou o prêmio de Melhor Roteiro por Portrait de la jeune fille en feu. A história, também dirigida por Celine, retrata uma jovem pintora do século 18 que se fantasia de ama para ganhar a confiança de sua senhora e assim pintá-la em segredo. No processo, as duas se apaixonam.

A diretora e atriz Mati Diop venceu o Grand Prix por seu filme Atlantique. O ineditismo do prêmio é duplo pois essa foi a primeira vez que uma diretora negra participou da competição oficial e levou algum prêmio. Em seu longa, ela apresenta a realidade de trabalhadores da construção civil no subúrbio de Dakar. Sem pagamento há meses, eles decidem deixar o país pelo oceano em busca de um futuro melhor. Para encerrar a premiação, a Camera d’Or foi concedida a César Dias, por Our Mothers e a Menção Honrosa a Elia Suleiman, por It Must be Heaven, que também concorreu à Palma de Ouro.

Presidido por Iñárritu, o júri de Cannes este era composto pelas atrizes Maimouna N’Diaye e Elle Fanning, as diretoras Alice Rohrwache e Kelly Reichardt e os diretores Enki Bilal, Robin Campillo (120 Batimentos por Minuto), Yorgos Lanthimos (A Favorita) e Pawel Pawlikowski (Guerra Fria)

 

Confira a lista completa dos premiados:

Melhor Roteiro: Celine Sciamma por Portrait de la jeune fille en feu

Melhor Atriz: Emily Beecham por Little Joe

Melhor Ator: Antonio Banderas por Dor e Glória

Melhor Diretor:  Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne por Young Ahmed

Prêmio do Júri: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles por Bacurau e Ladj Ly’s por Les Misérables

Grand Prix: Atlantique, dirigido por Mati Diop

Palma de Ouro: Parasite, dirigido por Joon-ho Bong