É à imaginação de Margaret Atwood que devemos o surgimento de O Conto da Aia e sua Gilead, república fictícia (ou não). Este é um estado teocrático e totalitário fundado no ensino religioso extremista e no controle político-social pelo patriarcado. O governo imaginado por Atwood dominou os Estados Unidos com a desculpa de combater o terrorismo de fundo islâmico. Contudo, também forçou seus habitantes a viverem uma vida baseada no terror, onde as mulheres cumprem legalmente três funções: Esposa, Marta e Aia.

The Handmaid’s Tale (título original do livro) desmonta a ideia de que o patriarcado nunca poderia ter sucesso. Os comandantes desempenham um papel importante nesse universo. São eles que controlam toda a sociedade utilizando para isso a maneira mais óbvia. As mulheres foram privadas de sua identidade sexual e transformadas em ferramentas de reprodução para servir ao propósito de repovoar um país que sofria com uma baixa populacional. Essa ideia é reforçada pela cor vermelha de suas roupas, símbolo de fertilidade. 

Na trama, elas perdem seu nome, que passa a ser “Of” (“de”, em português) + nome do comandante a quem elas servem. Por exemplo: Offred, a protagonista é “de Fred”. Dessa forma fica explícita sua condição de objeto/propriedade. 

O Conto da Aia e o patriarcado

Relações sexuais só são permitidas com seus respectivos comandantes, por meio de um ritual bizarro e repulsivo, conhecido como “a cerimônia”. Nele, enquanto o comandante tem relações com a aia, a esposa deve segurá-la entre as pernas, colocando-se de maneira a parecer que está sendo fertilizada.

Mulheres inférteis, idosas e insubordinadas são enviadas para as colônias a fim de cumprir uma pena em campos de trabalho, onde morrem rapidamente. A escolha gira em torno de ser estuprada para engravidar de um filho que não será seu ou ser enviada para morrer. 

O Conto da Aia

Aias treinando as posições corretas para A Cerimônia

Partindo do gênero distópico, a obra nos apresenta um futuro assustador. Um mundo parecido com o nosso, no qual sorrateiramente as mulheres vão perdendo o controle. Primeiro sobre sua vida profissional e suas próprias finanças. Depois sobre suas vidas privadas, seus filhos e, por último, sobre seus próprios corpos. Isso soa muito mais assustador do que qualquer inteligência artificial. 

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados.” Simone Beauvoir

A série O Conto da Aia e outras obras de ficção são abordadas no curso Panorama do Cinema Distópico, ministrado pelo professora Thais Lourenço. Mais informações no banner abaixo.

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