Posso ser até acusado de “traidor do movimento”, mas Star Wars: A Vingança dos Sith (2005) é o meu episódio favorito de todos. Certamente ele não é o melhor, mas é o que eu mais gosto. Aqui as guerras clônicas estão em seu ápice e já apontam para um provável fim. Mas, em contrapartida, as coisas começam a ficar perigosas no relacionamento entre o conselho Jedi e o Chanceler Palpatine (Ian McDiarmid), cujas ações levantam dúvidas quanto à suas reais intenções. Enquanto isso, Anakin Skywalker (Hayden Christensen) luta para manter seu casamento com Padmé Amidala (Natalie Portman). Contudo, premonições indicam uma ameaça à vida da senadora e por isso o padawan se aproxima mais do lado negro da força numa tentativa de salvá-la.
Aqui todas as cordas que vinham sendo puxadas desde A Ameaça Fantasma finalmente se encontram em um ponto. Entendemos os reais motivos da guerra, do surgimento do exército de clones e quem estava por trás de tudo isso. Depois desse filme, os dois anteriores ganham uma credibilidade a mais. Apesar dos capítulos não terem sido tão bem executados, todas as ações dos longas anteriores passam a fazer sentido em Star Wars: A Vingança dos Sith.
É justamente nesse episódio que vemos o surgimento do ícone da saga, Darth Vader, e aprendemos as razões dele utilizar a armadura. Minha cena favorita é justamente essa, em que o então convertido a Sith, Anakin Skywalker, está sendo operado, ganhando próteses robóticas na mesa de operações. Ali vemos a icônica máscara ser colocada em seu rosto e ele dá o primeiro respiro característico do personagem. Em paralelo vemos o nascimento dos gêmeos Luke e Leia, que serão protagonistas dos episódios seguintes. Múltiplos orgasmos nerds!
Para Star Wars: A Vingança dos Sith um traje foi moldado especialmente para que Hayden Christensen interpretasse o Vader nessa cena. Truques de câmera foram utilizados para que ele parecesse mais alto e se aproximasse da estatura de David Prowse, que interpretava o personagem originalmente.
“É importante que, no final do filme, você veja a transformação física de Anakin nesse ser queimado, porque esse é o sofrimento que ele vai levar para o resto de sua vida.”
George Lucas
Além de Vader, Luke e Leia, surge também aqui o temido Império Galático que substitui a República Galáctica que existia até então. A figura central do governo se concentra em Darth Sidious, que tem Vader como seu principal aliado. É o Império que constrói a principal arma de destruição e intimidação do universo Star Wars: a Estrela da Morte. Os planos dessa já havia aparecido em alguns monitores durante as cenas dos outros dois filmes anteriores e no fim de Star Wars: A Vingança dos Sith vemos o esqueleto da arma sendo formado no espaço.
Uma das cenas mais interessantes aqui é o momento em que a República se torna Império. O discurso do Imperador Palpatine é todo voltado para a busca de “manter paz e segurança na galáxia”. Mas, nós sabemos que tudo está sendo manipulado por ele no intuito de criar um governo repressor e ditatorial. Palpatine diz: “Para garantir nossa segurança e estabilidade contínua, a República vai ser reorganizada no primeiro Império Galáctico, para uma sociedade segura e protegida!“. É interessante pensar que esse cenário já aconteceu no mundo real, inclusive em terras brasileiras e, recentemente, vem dando sinais de uma possível volta. Quando vejo alguns discursos inflamados por aí, eu lembro exatamente dessa cena. Padmé que observa tudo parece ser uma das únicas pessoas sensatas no lugar e entende o que vai acontecer de verdade a seguir.
E aqui temos mais um vilão interessante, mas que aparece pouco: General Grievous (voz de Matthew Wood). Ele é metade humano metade máquina e tem problemas de asma bem próximo aos de Darth Vader. Além disso, Grievous foi treinado como Jedi pelo conde Dookan e consegue manipular quatro sabres de luz de uma vez (o que não ajuda muito quando ele luta com Obi-Wan). O ator Gary Oldman, que ganhou recentemente o Oscar de Melhor ator por O Destino de Uma Nação (2017), chegou a ser contratado para dar voz ao personagem, mas desistiu pois o filme estava utilizando atores que não eram filiado ao sindicado de atores Screen Actor’s Guild, do qual ele faz parte.
No terceiro ato é executada a Ordem 66, comando que foi implantado no exército de Clones e que os instruía a assassinar todos os Jedi que, até então, eram seus aliados. É por essa razão que nos episódios IV, V e VI tanto Obi-Wan e Mestre Yoda estão exilados. Eles foram alguns dos poucos sobreviventes da ordem e que precisaram encontrar refúgio em planetas remotos. Obi-Wan se abriga em Tatooine, para ficar próximo a Luke que foi entregue a seus tios ainda bebê, enquanto Mestre Yoda vai para Dagobah, planeta que Luke vai buscar treinamento em Episódio V – O Império Contra-Ataca (1980).
Falando em Ordem 66, é assustador ver o garoto Anakin indo ao templo Jedi e cumprindo sua parte na ordem: assassinar os padawans. É uma das cenas em que não vemos nada, mas o pouco que mostra já nos deixa com o coração na mão e a convicção de que não tem mais volta. Assim como O Império Contra-Ataca e outros clássicos da cultura pop, como Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), acho que esse filme pega a gente por ter um final onde, de certa forma, o mal vence. Principalmente agora em tempos de “fórmula Marvel” (que não é nenhuma grande novidade em se tratando de blockbusters) cada vez fica mais raro um final desse tipo.
Apesar de Jar Jar Binks, midiclorians e romance cafona, esses elementos e outros se mostram relevantes para Star Wars: A Vingança dos Sith. Pode não ter sido a melhor forma, mas Lucas merece um crédito por traçar as linhas que chegam a esse episódio, o melhor da trilogia. Mesmo assim, faz sentido os filmes não terem sido lançados emordem cronológica. Dificilmente um filme como A Ameaça Fantasma (1999) faria sucesso em meados da década de 1070. A atenção que essa trilogia recebeu foi basicamente pela existência da primeira saga e uma vontade de descobrir de onde veio todo o universo dela. Mesmo assim ainda gosto dela. Afinal, qal nerd não gosta de ver Obi-Wan em plena forma e Mestre Yoda lutando feito gente grande?
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