Quando se fala na categoria de melhor canção do Oscar, a primeira música que vêm à minha cabeça é Skyfall, da cantora Adele que foi escrita por ela e Paul Epworth para o filme 007 – Operação Skyfall . Além do excelente filme, a canção ainda emplacou nas rádios e muita gente conheceu a cantora por aí. Coisa que não se repetiu na sequencia da saga do agente secreto, em 007 Contra Spectre que ficou bem abaixo de seu antecessor. O tema desse filme foi escrito e interpretado pelo cantor britânico Sam Smith com Writing’s On The Wall, que não emplacou tanto assim quanto à música de Adele. Mesmo sendo o primeiro single da franquia a chegar ao primeiro lugar nas paradas britânicas.

Quando estava prestes a ser lançado 007 Contra Spectre, havia especulações que o grupo Radiohead seria o responsável pela canção do novo longa, o que não rolou. Realmente o grupo havia gravado uma canção chamada Spectre e que foi lançada posteriormente gratuitamente pelo grupo como presente de natal para seus fãs. Após ganhar o Globo de Ouro pela mesma canção, Sam Smith foi questionado por uma jornalista na coletiva de imprensa sobre o ocorrido com a banda. Ele respondeu com um “Quem?”, como se nunca tivesse ouvido falado do Radiohead ou do seu vocalista, Tom Yorke. Ninguém entendeu se ele estava sendo sarcástico ou se realmente não sabia quem era e completou com “Sim, eu estava um pouco surpreso. Não vamos mentir, mas, pessoalmente, eu ainda não ouvi, porque eu fiz a canção tema [oficial] para o ‘Spectre’” (Sam, nós fãs de Radiohead, não gostamos nada disso).

No último ano em meio às disputas entre “La la landers” (fãs de La La Land – Cantando Estações) e “Moonligters”, (fãs de Moonlight: Sob a Luz do Luar ), que dá o que falar até hoje, “City Of Stars” cantada por Ryan Gosling no musical, foi o vencedor do vez. O La La Land concorria com duas canções na mesma categoria. Além da vencedora, também por Audition (The Fools Who Dream) que é interpretada por Emma Stone (e uma das minhas cenas favoritas do filme. Sim, sou La la Lander).

Rá!

Mas, tretas a parte, vamos aos indicados de 2018.

“Remember Me” – Viva – A Vida é uma Festa – Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez

Viva – A Vida é uma Festa é a última animação da Pixar, inspirado nas lendas mexicanas do dia de Los Muertos, conta a história de um jovem aspirante a músico que acaba indo parar na terra dos mortos. A dupla que compôs a canção são casados e também foram responsáveis pela canção vencedora do Oscar na mesma categoria “Let it Go“, do filme Frozen – Uma Aventura Congelante.

Além de Melhor Canção, Viva – A Vida é uma Festa, ainda está concorrendo à Melhor Animação.

“This is Me” – O Rei do Show – Benj Pasek e Justin Paul

O musical O Rei do Show, estrelado por Hugh Jackman (que vai ser pra sempre o Wolverine) é uma cinebiografia de P.T. Barnum que ficou famoso por criar o que ele próprio chamava de  “O Maior Show da Terra”. Um espetáculo dos anos 1800 que trazia um novo tipo de circo itinerante e que se tornou muito popular na época.

A dupla que compôs essa música, conhecidos como Pasek and Paul (o nome me lembrou Simon & Garfunkel) também foi responsável pela música “City of Stars” que, como dito anteriormente, vencedor nessa categoria na última edição do Oscar.

 

“Mighty River” – Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi – Mary J. Blige, Raphael Saadiq e Taura Stinson

Mudbound – Lágrimas sobre o Mississippi se passa após a segunda guerra mundial, quando um casal compra uma fazenda e trabalham com veteranos de guerra. Um negro e um branco num local que ainda é regido por leis raciais.

Dos compositores da canção Mary J. Blige faz parte do elenco do filme e é um importante nome da indústria musical de R&B, soul e Hip Hop. Já ganhou 9 Grammy Awards e tem álbuns em diversas listas de melhores de todos os tempos como da Rolling Stone e da VH1. Raphael Saadiq é cantor, mas é mais lembrado por seu trabalho como produtor de nomes como Joss Stone, Whitney Houston, John Legend e até a própria Mary J. Blige. Taura Stinson é compositora e escreveu músicas para artistas como Destiny’s Child, Usher e Ariana Grande. Também compôs a trilha sonora da série Twin Peaks e Rio 2.

Além de Melhor Canção, Mudbound também concorre em mais três categorias: Atriz Coadjuvante para Mary J. Blige, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.

“Mystery of Love” – Me Chame Pelo Seu Nome – Sufjan Stevens

Me Chame Pelo Seu Nome, conta a história de um um garoto de 17 anos que durante as férias em família em Rivena na Itália, acaba se apaixonando por um dos convidados de seu pai. Iniciando assim um romance.

O criador da canção tema do filme, Sufjan Sevens já tem um tempo de estrada com trilhas em seriados como The O. C. – Um Estranho no Paraíso. Seu primeiro álbum A Sun Came, foi lançado em 2000.

Além de Melhor Canção, Me Chame Pelo Seu Nome também concorre a Melhor Filme, Melhor Ator para Timotheé Chalamet e Roteiro Adaptado.

“Stand Up for Something” – Marshall – Diane Warren e Lonnie R. Lynn

Antes de ser o primeiro juiz afro-descendente da Corte Suprema Americana, Thurgood Marshall (Chadwick Boseman) precisa resolver o caso de um negro que é acusado de ter atacado uma mulher branca em seu quarto. O agravante é que o homem jura que não foi ele em um tempo em que a discriminação racial andava em alta.

Diane Warren é uma cantora e compositora que já fez trabalhos para cantores e conjuntos como Aerosmith, Alice Cooper e até para Mary J. Blige, que citei lá em cima em Mudbound. Também já concorreu diversas vezes ao Oscar de Canção. Em 2011 ganhou o Globo de Ouro por Melhor canção original, “You Haven’t See The Last Of Me”, cantada pela cantora Cher no filme Burlesque.

Lonnie R. Lynn é mais conhecido pelo seu nome artístico, Common. Ele é rapper e ator muito conhecido no universo do hip hop. Ele também atuou e foi um dos compositores da canção Glory, do filme Selma: Uma Luta Pela Igualdade que foi vencedor do Oscar 2015 nessa categoria.

 

P.S. Parece, mas não é a Rihanna aí no vídeo.

Confesso que esse ano, as canções indicadas não me chamaram muito a atenção. Provavelmente vai ser mais um ano em que as músicas vão passar despercebidas. O que não quer dizer, necessariamente que elas são ruins. Podem estar abaixo do esperado quando se pensa em possíveis ganhadoras do Oscar mas, ainda assim, são canções bem executadas. É possível ver ao menos um trabalho bem feito tentando capturar um pouco o espírito de cada um dos filmes.

Abaixo, uma playlist com todas as canções indicadas. Ouça e tire suas próprias conclusões.