Por Joyce Pais

Como numa montanha russa que gira 360 graus para retornar ao ponto de onde iniciou sua jornada, o novo filme de Fernando Meirelles (Ensaio sobre a cegueira; O Jardineiro fiel) narra nove histórias com alguma relação entre si. Filmadas em cinco países, EUA, França, Áustria, Inglaterra e Eslováquia, o longa é fruto de uma adaptação livre da peça “Ronda”, do austríaco Arthur Schnitzler.

A trama se inicia com Mirka (Lucia Siposova), uma garota de programa eslovaca, que ao adentrar o mercado do sexo anunciado online, se torna Blanka. Enquanto isso, um empresário inglês, Michael (Jude Law) está viajando a negócios e sente-se tentado a trair sua esposa Rose (Rachel Weisz), que por sua vez, mantém um caso extraconjugal como fotógrafo brasileiro Rui (Juliana Cazarré), cuja namorada, Laura (Maria Flor) o abandona após descobrir tal caso.

De volta ao Brasil, Laura inicia uma conversa com um companheiro de viagem, John (Anthony Hopkins) e descobre que ele procura há anos a filha desaparecida. No aeroporto de Denver, a neve interrompe as viagens, colocando na rota da jovem um ex-presidiário (Ben Foster). A prostituta do começo, Blanka, faz ligação com dois russos, um mafioso poderoso (Mark Ivanir) e seu motorista Sergei (Vladimir Vdovichenkov). Este vive em Paris com sua esposa, Valentina (Dinara Drukarova), assistente de um dentista muçulmano (Jamel Debbouze), apaixonado por ela, mas não tem coragem de se declarar e afrontar seus princípios morais e religiosos.

Quando se propôs a abordar diversas histórias paralelamente, Meirelles assumia o risco de, ao tentar abraçar o mundo, não se aprofundar em nenhuma delas, fazendo com que, no final, o espectador pudesse sair com a sensação de um vazio, de que quase nada pode-se aproveitar de fato. E infelizmente tudo isso aconteceu.

Para compor a melancolia que dá tom ao filme, o diretor de fotografia Adriano Goldman (Xingu) abusou das cores frias, sendo o azul e suas variações predominantes. 360 é tecnicamente bem realizado, mas peca pela superficialidade das tramas individuais e na maneira como elas se relacionam com o todo. Mesmo com o eficaz trabalho de montagem do parceiro habitual de Meirelles, Daniel Rezende (Cidade de Deus; Tropa de Elite; A árvore da vida), o roteiro do “filme coral” (aqueles em que diversas tramas possuem uma relação entre si) se mostra fraco e simplista, sobretudo quando precisa de uma metáfora tão pobre como a que inicia e termina o filme, a da bifurcação, para tentar amarrar algo que esteve solto o tempo todo.

 

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Ano: 2011

Diretor: Fernando Meirelles.

Roteiro: Peter Morgan.

Elenco Principal: Rachel Weisz, Anthony Hopkins, Ben Foster, Karl Markovics, Jürgen Vogel, Maria Flor, Jude Law, Juliano Cazarré, Lucia Siposova.

Gênero: Drama.

Nacionalidade: Reino Unido.

 

 

Veja o trailer:

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