Por Domitila Gonzalez
A verdade é que o ano está difícil para os concorrentes a melhor animação. Não é fácil bater dois campeões de bilheteria e aceitação do público, principalmente infantil: Moana e Zootopia.
Quando comecei a assistir a Kubo, fui cheia de expectativas sobre ser mais um desenhinho fofinho com final felizinho e me surpreendi com a qualidade técnica do que me foi apresentado.
Dirigido por Travis Knight, cabeça dos estúdios Laika que também produziram Coraline (2009) e ParaNorman (2012), a animação que conta a história de um menino que já nasceu destinado a derrotar o espírito vingativo de seu grande avô do mal é um convite à imaginação.
É um enredo que mistura stopmotion com efeitos especiais, o que é uma pena, já que os momentos de stopmotion tem um brilho maior e encaixam melhor com a trama proposta.
Os personagens principais, tanto quanto os aldeões, carregam em si – propositalmente ou não – uma textura de papel. É quase como se o origami, que permeia a trama e a cultura japonesa, também fizesse parte da alma dos personagens.
Todos os momentos em que Kubo dá vida aos papeis com sua música são preciosos. E mesmo num roteiro de aventura simples (herói + tarefas + ajudantes + vilão = final feliz), a gente ainda consegue se surpreender com o trabalho milimétrico de animação de cada folha de origami, que tem não só dobras muito firmes como personalidades muito fortes.
A trilha sonora musical é assinada pelo meu compositor favorito da vida: Dario Marianelli com participação da fabulosa Regina Spektor, cantando um arranjo lindão de “While My Guitar Gently Weeps”. Mas dessa vez, não consegui defendê-lo com unhas e dentes. É um trabalho sofisticado, mas sem grandes acontecimentos.
Quando aparece, o humor é muito bem-vindo. Em muitos momentos considerei se esse é o tipo de animação que o mercado cinematográfico oferece para as crianças e ainda não tenho a resposta sobre isso. Apesar de ser um filme com temática fofa, há diversos momentos muito dark com vilões sombrios que realmente desconsertam a gente. Rooney Mara fazendo a voz das tias de Kubo é de arrepiar de medo – e olha que isso é só o começo do filme.
Há passagens ternas e as personagens da Macaca e do Besouro (sem spoilers!) ajudam a quebrar esse lado dark-realmente-dark. Um pouco do alívio cômico parecido com o que o galo de Moana oferece, quando aparece bicando coisas aleatórias depois de uma cena tensa.
É um roteiro inteligente, mas não tem nada demais. O que segura o filme, de fato, é a fotografia.
Kubo está indicado a 2 estatuetas: Melhor Animação e Melhores Efeitos Visuais.
Kubo e as cordas mágicas (Kubo and the two strings)
Ano: 2016
Direção: Travis Knight
Roteiro: Marc Haimes, Chris Butler
Elenco Principal (vozes): Charlize Theron, Art Parkinson, Ralph Fiennes, Rooney Mara, Matthew McConaughey.
Gênero: Animação, Aventura
Nacionalidade: EUA
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