Por Sttela Vasco
Como seria se você pudesse, por algumas horas, repensar toda a sua vida e escolher se prefere morrer ou continuar vivendo? Se eu ficar (If I Stay), de R.J Cutler (Nashville), nos leva a pensar um pouco sobre isso. Baseado na obra homônima de Gayle Forman, o longa traz reflexões de como tudo pode mudar em questão de segundos e quais os impactos que tais mudanças podem trazer. Um filme com uma boa trilha sonora, mas que não chega a empolgar.
Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma violoncelista com uma vida bastante comum. Ela está dividida entre seguir sua carreira ou ficar com o namorado, Adam (Jamie Blackley). Tudo muda, no entanto, quando ela e sua família sofrem um terrível acidente e Mia se vê em coma. Nessa situação, ela começa a refletir sobre como seria se sobrevivesse analisando seu passado e pensando sobre seu futuro.
O longa tem como fio condutor a música e o romance de Adam e Mia. Antes de sofrer o acidente, esses eram os dois principais pontos da protagonista que vivia um dilema entre seguir seu namorado roqueiro mundo afora ou abraçar a carreira como violoncelista na aclamada Julliard School. Um roteiro já bastante explorado por Hollywood, é fato, mas que conseguiu ter algumas pitadas a mais do que boa parte de seus antecessores.
O diferencial deste longa é justamente as questões que Mia precisa enfrentar após se ver em coma. De repente, escolher entre Adam e o violoncelo deixa de ser importante. Em um curto período de tempo, ela precisa decidir se quer viver ou morrer e, enquanto passa por essa reflexão, revê pontos chave de seu passado e avalia como será seu futuro após as mudanças drásticas pelas quais passou.
A maneira com que a história é conduzida, intercalando momentos já vividos com cenas no presente com a personagem observando seu próprio corpo em coma e a maneira com que seus amigos e familiares estão lidando com a situação, é interessante e ajuda a manter o ritmo. A trilha sonora, que mescla clássicos da música erudita como Beethoven e Vivaldi com rock e punk, foi muito bem escolhida e interage de forma sincronizada com o longa. Porém, não consegue transformar Se eu Ficar em algo mais.
A história é, de fato, comovente e em vários momentos o espectador se compadecerá por Mia, chegando até a se emocionar com algumas cenas. O fãs do livro também podem respirar aliviados, pois o filme é bastante fiel à obra. No entanto, apesar dos momentos de mais apelo emocional, não consegui deixar de ter a sensação de que algo ficou faltando e de que a história se manteve na zona de conforto das velhas fórmulas para fazer um longa adolescente dar certo.
Em determinados pontos, fica a impressão de que o longa se manteve totalmente na superficialidade, explorando menos do que poderia de cada situação e personagens – muitos, aliás, são praticamente ignorados, mal chegando a ser apresentados ao espectador. Os próprios protagonistas não foram muito bem trabalhados do ponto de vista psicológico. Os vemos vivenciando e lidando com as situações, mas não sentimos o que eles sentem ou percebemos como eles digerem cada acontecimento.
As atuações também não convencem tanto. Moretz é uma jovem atriz em ascensão, mas ainda precisa se desenvolver mais. Sua Mia funciona, mas para por aí. Faltou um pouco mais de entrega, principalmente nos momentos de desespero. Em alguns, ela é praticamente mecânica. Se eu Ficar soube utilizar toda a publicidade possível a seu favor e deve agradar ao público mais jovem. Com sua trilha bem delineada, chama a atenção e dificilmente passará batido pelas bilheterias. Mas perdeu a chance de conquistar outros públicos além dos fãs do livro.
Ano: 2014
Direção: R.J Cluter
Roteiro: Shauna Cross
Elenco Principal: Chlöe Grace Moretz; Jamie Blackley; Mireille Enos; Joshua Leonard
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Veja o trailer:
Galeria de Imagens: