Pra muitos fãs de Star Wars, como eu, é bem difícil dizer se o resultado final de Star Wars: A Ascensão Skywalker foi positivo ou não. Confesso que mesmo depois de uns dias, agora que escrevo esse texto, ainda estou em dúvida, mas vou tentar. Talvez até o fim da crítica tenho dado uma clareada.

Chegamos ao terceiro episódio da saga após a compra dos direitos pela Disney. Depois de dirigir Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força (2015),  J.J. Abrams volta em Star Wars: A Ascensão Skywalker (2019). Aqui, Luke Skywalker (Mark Hamill) não está mais entre nós (ao menos em carne e osso). Rey (Daisy Ridley) segue seu treinamento como Jedi tendo Leia (Carrie Fisher) e antigos escritos Jedi como guia. Do outro lado da força (literalmente), Kylo Ren (Adam Driver) busca formas de criar seu próprio Império.

Aqui o principal ponto é o tão falado “equilíbrio da força”. Os acontecimentos do filme e principalmente os conflitos, tanto físicos quanto ideológicos de Kylo e Rey, são a personificação dos dois lados da força em combate pela busca de um equilíbrio. Acho que nenhum dos episódios anteriores trabalhou isso tão bem quanto esse. Além disso, temos uma coisa que foge um pouco do cânone de Star Wars:  a ideia de que os caminhos da força são cinzentos e não claro e escuro como nas duas trilogias anteriores. Mal e bem as vezes se confundem (para explorar um pouco mais disso, eu teria que dar spoilers, mas vou evitar).

Kylo Ren chega ao seu ponto alto, tanto de poderes quanto de raiva contida. A cada batalha, o ódio e a confusão que ele enfrenta após matar seu pai, Han Solo (Harrison Ford), estão estampados em seu rosto toda vez que ele aciona seu sabre para uma batalha. Aliás, Adam Driver merece uma estrelinha pela atuação. Rey, por sua vez, além de estar com os poderes no ápice, ainda é uma espécie de Han Solo, sendo a melhor piloto que a aliança rebelde tem. Interessante termos uma personagem feminina como protagonista e com duas “funções” no filme. Coisa que nunca tínhamos tido nos filmes anteriores.

Acho que Star Wars: A Ascensão Skywalker sofre por ter dois grandes fardos: primeiro fechar essa nova trilogia e segundo concluir toda a saga. Pensando apenas na primeira função, ela cumpre até bem. Fecha as pontas que ficaram soltas desde o episódio VII e dá destino para seus principais personagens. Mas, aí vem o fardo mais pesado: fechar uma saga que tem mais de 40 anos de existência e que mudou, inclusive, a forma de fazer blockbuster. Nesse quesito ele deixa a desejar.

Para uma saga que já teve filmes como O Império Contra-Ataca (1980), Star Wars: Ascensão de Skywalker está longe disso. Bem longe. Algumas pessoas chamaram as escolhas de duvidosas e até de covardes. Não acho que é para tanto. Acredito que o filme escolheu se encaminhar para um “lugar comum”. Primeiro a necessidade de um final grandioso, com perigos que vão muito além de qualquer expectativa e que parecem ser impossíveis de um final que não uma tragédia certa. Amigos em risco iminente e protagonistas tendo que fazer escolhas que põe em cheque suas próprias crenças. Some a isso pessoas voltando dos mortos e reviravoltas não muito surpreendentes e até previsíveis.

Como já disse anteriormente, nós, fãs da saga, esperávamos algo mais. Uma coisa realmente impactante e que fosse um final digno para a conclusão de nove capítulos. Ao invés disso, o filme gastou sua energia tentando corrigir alguns erros de Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi (2017) ao invés de seguir com a história. Algumas coisas que não tinha nem sequer sido mencionadas anteriormente nos deixam pensando “da onde surgiu isso?” (mais uma vez evitando spoilers). Dá a impressão que o filme tenta mais tapar uns buracos do que resolver uma treta de 40 anos.

Assim como fez no episódio VII, J.J. Abrams produz uma espécie de remake, dessa vez do episódio VI, incluindo a participação, mesmo que rápida, dos Ewoks, aqueles ursinhos que ajudam a Aliança Rebelde. Temos rimas visuais da cena em que Luke, Vader e Darth Sidious estão na sala e até a cartada final é bem parecida, com a utilização de “recursos orgânicos” no episódio final da saga clássica.

É meio difícil falar sobre esse filme sem trazer spoilers à tona, mas acredito que já deu para ter uma ideia dos todos os poréns. Como fã de Star Wars, fico decepcionado com o fim da saga, mas entendo que é um projeto muito difícil e arriscado. Isso principalmente por ser um universo construído, como já disse anteriormente, há mais de 40 anos e que já passou pelas mãos de diversas pessoas, tendo sofrido mudanças tanto de seu escopo inicial quanto em tecnologias. Acredito que sempre teríamos alguém decepcionado, afinal a expectativa era grande. Ainda pretendo ver uma segunda vez pra avaliar melhor. E se George Lucas ainda estivesse no comando teríamos algo acima do que vimos? Não sei. Temos que nos contentar com o que está posto.

Star Wars: Episódio IX - A Ascensão Skywalker

 

Ano: 2019
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams, Chris Terrio, Derek Connolly, Colin Trevorrow
Elenco principal: Daisy Ridley, Adam Driver, Mark Hamill, Carrie Fisher, John Boyega, Oscar Isaac
Gênero: ​Ação, Aventura, Fantasia
Nacionalidade: Estados Unidos

Avaliação Geral: 3,5