Alice no País das Maravilhas (2010) ganhou uma roupagem completamente nova ao ser dirigido por Tim Burton. O filme que teve seu set de filmagem iniciado em 2008, estreou apenas dois anos após o início das gravações em março de 2010. O filme é baseado no clássico espetacular escrito por Lewis Carroll, lançado em 1865.
O Elenco do filme é fascinante, contando com atores influentes como Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Mia Wasikowska e Johnny Depp. Com uma boa recepção, o filme foi indicado a diversas categorias no Globo de Ouro (Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora e Melhor Filme) e no Oscar 2011, tendo levado dois prêmios nas categorias de melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.
O filme se passa 13 anos após a história original do livro de Carroll, revelando uma Alice adulta, com 19 anos de idade. A história relata o retorno de Alice à terra fantástica, denominada por ela de País das Maravilhas (Wonderland).
A época Vitoriana, no século XIX, foi o período do reinado da Rainha Vitória, tempo de grande abundância para o povo britânico uma vez que a expansão do comércio, a revolução industrial e as novas invenções consolidavam o Império Britânico como uma grande potência. É nessa configuração social e política que encontramos Alice Kingsleigh, uma jovem que acabará de perder o seu pai e constantemente tem sonhos horripilantes com figuras fantásticas, falantes e insanas. Em um dia pretensioso, Alice descobre que será obrigada a casar-se com um Lorde e foge atrás de um coelho de roupa e relógio e termina caindo em sua toca.
Daí para frente, somos apresentados às figuras emblemáticas do mundo criado por Lewis Carroll como A Largata Azul (Absolem), o Gato, O Chapeleiro Maluco (Jhonny Depp) e a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter). O interessante do filme é que os personagens e os cenários são redesenhados por uma estética burtonesca, apelando para o estilo do horror, com camadas sombrias e referências ao gótico, ao universo do medo, do sombrio, do terror, mesclado com a comédia e o humor.
A missão de Alice é matar o Jaguadarte e retirar a Rainha Vermelha do poder. Ao longo de sua jornada – e aqui fica claro a saga do herói como motor narrativo –, Alice enfrentará conflitos e grandes transformações, muito bem demonstrados em cenas em que a garota bebe ou come algo para encolher/crescer ou nos constantes diálogos que a jovem trava com a Lagarta Azul, uma espécie de filósofo no País das Maravilhas.
Assim como o livro, o filme também põe em cheque as dicotomias entre sonho/realidade, exterior/interior, razão/emoção natureza/cultura elucidando como esses pares binários são meras simplificações, abrindo nossos olhos para a complexidade que perpassa esses conceitos e que entre o preto e o branco, existe o cinza, e, é justamente nessa camada que encontramos Alice. Na direção de Tim Burton temos isso claramente reiterado quando o coelho sai do País das Maravilhas e sobe para o mundo exterior para encontrar Alice que insiste em pensar que está louca ou nas características antropomórficas das figuras do mundo subterrâneo e, especificamente, nas cenas do mundo exterior que são retomadas no País das Maravilhas como em flashbacks.
Com cenários espetaculares, figurinos deslumbrantes e atuações primordiais Alice no País das Maravilhas é um filme com uma Direção Artística/Arte sublime, constituindo um universo de fantasia fascinante, demonstrando que qualquer adaptação de uma obra literária para o cinema carrega as marcas de seu diretor, reiterando a impossibilidade de uma confluência entre obra literária e audiovisual, uma vez que falamos de outro tipo de sistema semiótico, nesse caso o verbal e o visual.
Ainda, algumas curiosidades que circunscrevem o filme de Tim Burton deixam a narrativa ainda mais instigante. Além do longa metragem “Alice no País das Maravilhas”, foi produzido um CD intitulado Almost Alice com uma trilha sonora que versa sobre os assuntos do filme. Inúmeras bandas e cantores fazem parte da trilha sonora como: The All American Rejects, Owl City, All Time Low, Tokio Hotel, Kerli, 3OH!3, Robert Smith entre outros.
A música carro chefe do CD é “Alice” escrita e interpretada por Avril Lavigne que também ganhou um videoclipe que faz referência à algumas cenas do filme de Tim Burton.
Além desses produtos audiovisuais, é possível encontrar um Guia Visual do Filme (Livro) com ilustrações e fotos de Tim Burton e os cenários e personagens do País das Maravilhas.
Ainda, em dezembro de 2012 a Walt Disney Pictures anunciou o segundo filme da saga de Alice denominado Alice Através do Espelho. O filme é uma adaptação da sequência de Lewis Carroll e teve a sua estreia em 2016, porém não foi dirigido por Tim Burton que assumiu apenas a produção do filme.
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