Inicialmente com planos para ser um festival de cinema online via streaming ou ao estilo drive-in por conta da pandemia do COVID-19, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que completa 55 anos de existência em 2020, anunciou que irá cancelar sua programação para este ano.
O anúncio feito pelo secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues trouxe à tona o motivo do cancelamento: “falta de verba” na pasta. O orçamento era de pouco mais de R$ 3 milhões para a realização do festival de forma online, mas após reunião com a Secretaria de Economia e membros do governo do Distrito Federal, afirmou que não surgiu nenhuma sinalização da realização do festival. Segundo a Secretaria, a ideia da pasta é priorizar ações do governo no combate ao coronavírus e efeitos na economia, causados pela pandemia.
O setor de audiovisual do Distrito Federal acusou de boicote o cancelamento do evento que, criado em 1965 por intelectuais e críticos de cinema incluindo Paulo Emilio Sales Gomes, apenas foi interrompido de 1972 à 1974, devido ao momento histórico que o Brasil vivia com a Ditadura militar, que censurava as produções artísticas que iam de encontro ao status quo de controle de massas idealizado pelo grupo hegemônico em poder.
Além do Festival de Brasília, outros tantos sofrem com a pandemia pelo Brasil. Entre eles, o Olhar de Cinema, de Curitiba, que foi adiado; o Festival de Gramado, que também teve sua data alterada, entre outros tantos festivais que buscam um meio de continuar existindo ou, então, planejando seu adiamento até o ano que vem.
Seguindo a mesma linha de falta de verba e sucateamento das produções audiovisuais, a Cinemateca anunciou a paralisação de seus funcionários, que não recebem salário há dois meses e denunciam as condições precárias em que o núcleo de pesquisa e centro histórico vive atualmente. A situação geral da cultura no país é fruto de uma política de Estado de terceirização e privatização dos serviços públicos, tirando a responsabilidade dos governantes de administrar os órgãos.
O projeto político voltado aos interesses empresariais leva, então, ao sucateamento não só do nosso circuito cinematográfico e artístico, mas também da preservação de uma história de um país que já perdeu boa parte dela.
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