Atualmente estamos vivendo quase em um episódio da série Black Mirror (2011 -). Um vírus se espalha pelo mundo e as pessoas precisam se manter afastadas uma das outras, de preferência dentro de casa. Com isso, a comunicação com o mundo exterior se dá por aplicativos. Shows, comida, conversa com amigos e tudo mais. Diversos cenários como esse já foram criados pelo cinema. São filmes como 12 Macacos (1995), Ensaio sobre a Cegueira (2008), Contágio (2011) entre outros. Muitos deles, não vão no sentido de descobrir as razões da epidemia o do que tenha mudado o cenário mundial, mas dos efeitos que essa mudança causou no comportamento humano.

Além dos filmes, alguns artistas ou bandas utilizaram cenários parecidos para montar videoclipes de suas músicas utilizando o universo da animação. O que é interessante, pois as animações permitem uma liberdade poética maior em que é possível criar alegorias e personagens que talvez não seriam tão eficientes numa versão com pessoas reais.

Como na série Bojack Horseman (2014 – 2020), que misturava personagens humanos com outros metade bicho e metade  gente para falar das peculiaridades da sociedade contemporânea tendo como ponto de partida o universo do show business de Hollywood. Por que eles são metade bicho metade gente não tem importância. O foco é totalmente outro. Assim como os clipes escolhidos abaixo. Vamos a eles.

A série Bojeck Horseman (2014 – 2020) mistura personagens humanos com metade gente, metade bicho pra falar de feminismo, existencialismo, política e diversos outros temas.

Radiohead – Paranoid Android

Lançado como single do álbum clássico do Radiohead, OK Computer (1997), Paranoid Android é uma das canções mais famosas do conjunto. Principalmente por ser uma das músicas que tem várias dentro de uma só. Isso porque existem diversas variações durante os mais de 6 minutos de duração da canção. Outras que seguem esse estilo são Bohemian Rhapsody, do Queen e Band on the Run, do Paul McCartney.

No clipe, não é possível saber muito bem se é uma ficção científica ou fantasia. Na verdade é uma mistura dos dois. Num mesmo vídeoclipe que temos sereias, também existe um sujeito dançando alegremente em cima de uma mesa de bar enquanto uma cabeça espia de dentro de sua barriga. Remete bastante à uma cena clássica de O Vingador do Futuro (1990) em que um dos personagens tinha um monstro gosmento na sua barriga.

Pearl Jam – Do the Evolution

Essa é outra música clássica de outra banda de rock famosa dos anos 90. A canção Do Evolution faz parte do quinto disco do Pearl Jam, chamado Yield de 1998. O título do álbum é o termo em inglês para a placa de trânsito “dê a preferência”. O álbum, apesar de ter alcançado certo sucesso, não é um dos mais lembrados da banda. Talvez somente a própria canção / clipe Do Evolution tenham ficado marcados.

O vídeoclipe, como o próprio nome já diz, faz uma crítica dos rumos da sociedade e que ela chama de evolução. Industrialização, escravidão, religião e tudo mais que foi vendido como benéfico acabou explorando tanto os humanos quanto a natureza. O trecho I can kill ‘cause in god I trust, yeah (Eu posso matar, por que eu acredito em Deus), me lembra muito certo personagem brasileiro e seus seguidores que vêm dando muito que falar. Principalmente depois de 2018, ta ok? É impossível assistir a esse clipe e não ficar ofegante.

 

Moby & The Void Pacific Choir — Are You Lost In The World Like Me?

O DJ Moby já experimentou tudo quanto é tipo de expressão artística. Ganhou notoriedade com o lançamento do disco Play em 1999 e já criou trilha sonora para os filmes da saga Bourne com Extreme Ways. Escreveu autobiografia e além de tudo é vegano e grande protetor dos direitos dos animais e até tatuou isso pelo corpo.

Em 2016 lançou um disco em parceria com outros músicos: Jamie Drake, Mindy Jones, Julie Mintz, Joel Nesvadba, Jonathan Nesvadba, e Lauren Tyler Scott. Eles se nominaram Moby and The Void Pacific Choir e lançaram o disco These Systems Are Failing.

Um dos singles desse projeto Are You Lost In The World Like Me? ganhou um videoclipe animado estilo desenho antigo, bem parecido com os do universo da Betty Boop. Clipe todo em preto e branco, com alguns detalhes em cores, critica fortemente o mundo atual. Mostrando uma sociedade triste e que passa o dia todo olhando a tela do celular. O vídeoclipe, com toda a liberdade poética da animação, mostra o mundo num futuro muito próximo do nosso. Algo bem parecido com o que a já citada série Black Mirror faz. Até a recente febre da caça de Pokémon ganha uma alfinetada no vídeoclipe. Maravilhoso!

FOALS — Like Lightning

Foals é uma banda britânica de rock alternativo mais recente. Lançou seu primeiro disco Antidotes em 2008. Em 2019 esteve no Brasil pela segunda vez para o Lollapalooza e com o disco Everything Not Saved Will Be Lost que foi lançado em duas partes. Anteriormente já tinham tocado no festival em 2013.

A música Like Lightning foi lançada como single do disco Part 2 Everything Not Saved Will Be Lost. Com críticas parecidas com o clipe de Moby. Aqui uma espécie de Pé Grande se revolta contra a situação da sociedade que vive no mundo dos celulares e começa a promover uma corrida pelo mundo no estilo Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), questionando hábitos de consumo e de vida. Ainda tem um boné que faz uma referência ao do utilizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Fofinho, mas com a famosa “crítica social f#%@!”.

Good Charlotte — The Chronicles of Life and Death

Esse vem direto da adolescência. Minha e de muita gente aí que viveu a era emo na MTV e das trilhas sonoras de Malhação. Good Charlotte apareceu bastante nos idos anos 2000, ao lado de outras bandas como Simple Plan, Blink 182 e a fase emo do Green Day.

A música The Chronicles of Life and Death faz parte do disco de mesmo nome, o terceiro de estúdio da banda. Lançado em 2004, teve duas versões, “Life” e “Death”, cada um com uma capa diferente e uma faixa bônus cada.

O clipe conta a história de um idoso à beira da morte e que começa a lembrar toda sua vida através de um projetor. A diferença é que ele viveu a vida inteira acorrentado a um robô. Desde sempre eu nunca entendi muito bem qual era a do robô acorrentado. Vendo aos olhos do mundo atual, parece ser certa dependência da tecnologia a vida toda. Será que hoje esse robô seria substituído por um smartphone? Ou eles quiseram só ser “fofinhos”. Acho as duas hipóteses válidas.

Como bônus, criamos uma playlist no Spotify com essas e outras que se relacionam com o tema. Nela estão músicas de grupos como Beastie Boys, Kraftwerk, Daft Punk e David Bowie. Queria chamar a atenção para as “músicas”, The Man Who Married A Robot, da banda inglesa The 1975 e Fitter Happier, do Radiohead (que também está no disco Ok Computer junto com Paranoid Android).

As aspas no “música” é porque essas duas não são exatamente canções. A The Man Who Married A Robot (O Homem que se Casou com um Robô, em tradução livre), conta a história de um homem que se “apaixona” pela internet. Algo bem próximo ao filme Ela (2013). Já Fitter Happier, traz uma receita dita por uma voz robótica, de como ser uma pessoa mais feliz na sociedade contemporânea.

Boa audição!

 

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