Eu sou daquelas pessoas que simplesmente não consegue começar uma frase com o famoso “lado bom da pandemia”.

Acredito sim que alguns setores passaram a investir em determinados caminhos pois viram ali uma chance de melhorar seus lucros, mantendo nós, consumidores, satisfeitos com aquele produto que às vezes antes nem era tão utilizado – mas me recuso a utilizar o termo “lado bom da pandemia” porque nunca vai existir um lado minimamente bom em um país que perdeu  600 mil pessoas para um vírus como o da Covid-19. 

Mas sim, alguns setores viram ali uma oportunidade de crescimento e, sem dúvida alguma, os serviços de streaming foram alguns dos mais beneficiados. Enquanto muitos deles como Netflix, HBO Max e Disney+ focaram em peças audiovisuais originais, a Globoplay – que por conta da Rede Globo já tem um vasto conteúdo original e produções exclusivas do streaming – trouxe também um investimento em filmes brasileiros, fazendo do seu catálogo um dos mais atrativos nesse quesito. 

A seguir separamos 10 filmes brasileiros que merecem um lugar especial na maratona do final de semana.

O Pagador de Promessas (1962), dir. Anselmo Duarte

O único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro no Festival de Cannes,  O Pagador de Promessas traz Leonardo Villar como Zé do Burro e Glória Menezes como Rosa, sua esposa. O longa aborda o sincretismo religioso praticado pelos mais humildes e como as instituições se aproveitam dessas situações – no caso do filme a promessa feita por Zé em um terreiro de Candomblé – para suas próprias agendas individualistas. O Cinemascope fez uma live em comemoração aos 100 anos de Anselmo Duarte onde a Joyce Pais e o Donny Correa falaram sobre a sua obra.

filmes brasileiros

As Boas Maneiras (2018), dir. Juliana Rojas e Marco Dutra

O que você faz quando seu filho nasce na lua cheia e se torna um lobisomem? Essa é uma das questões abordadas no filme, além de temas como a própria gravidez e como isso afeta as mulheres, elas querendo ou não. O longa levou vários prêmio no Festival do Rio, incluindo Melhor Filme.

 

Terra em Transe (1967), Dir. Glauber Rocha

O diretor que é amado, e odiado por muitos não dava ponto sem dó. Mostrando a luta interna pelo poder de um país fictício, ele escancara verdades com personagens que ainda hoje soam como *alguns* políticos que vemos por aí. O Donny Correia tem uma Masterclass dedicada à obra de Glauber Rocha. Para conferir esta e outras aulas é só dar um pulo aqui.

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O Padre e a Moça (1966), dir. Joaquim Pedro de Andrade 

A chegada de um novo padre (Paulo José, que infelizmente faleceu esse ano) em uma cidadezinha de Minas Gerais deixa todos agitados, em particular uma das moças da cidade (interpretada por Helena Ignez). Todos da cidade acabam se envolvendo no imbróglio entre o padre e a moça, de uma maneira ou de outra.

 

O Céu de Suely (2006), dir. Karin Ainouz 

Ainouz é um dos diretores que consegue fazer do melodrama um lindo poema. Hermila, que depois adota o nome de Suely, é abandonada pelo namorado e pai do seu filho. Sem saber o que fazer, ela muda de cidade e região do país – sai do Sudeste para o Nordeste e lá resolve fazer uma rifa onde o grande prêmio é ela mesma. No quadro Página em Branco, Bruno Tavares fala sobre a poética Aristotélica em comparação com o filme de Ainouz.

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Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977), Dir. Hector Babenco

O primeiro das três indicações do Babenco na nossa lista de filmes brasileiros é Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, história baseada em fatos reais que conta a trajetória de um notório ladrão de bancos que, antes de morrer, resolve contar a um jornalista sobre o envolvimento da polícia no mundo do crime. O filme foi escolhido como Melhor Filme pelo Júri Popular no Festival Internacional de Cinema de São Paulo em 1977.

 

Pixote – A Lei do Mais Fraco (1981), dir. Hector Babenco

Considerado um dos retratos mais fiéis do que é para crianças e adolescentes crescerem em meio a pobreza e a crueldade das ruas, Pixote é um dos filmes que ecoa até hoje. O filme foi indicado ao Globo de Ouro em 1982 e seria indicado o concorrente do Brasil ao Oscar daquele ano – mas os membros da Embrafilme se confundiram com as datas e lançaram o filme cedo demais o desclassificando.

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O Beijo da Mulher Aranha (1985), Dir. Hector Babenco 

Em uma co-produção Estados Unidos e Brasil, O Beijo da Mulher Aranha estreou no Festival de Cannes rendendo a Babenco a indicação à Palma de Ouro. Willian Hurt, Raul Julia, Sonia Braga e Fernanda Torres fazem parte do elenco com o primeiro levando o Oscar de Melhor Ator e o longa perdendo a estatueta de Melhor Filme para Entre Dois Amores.

 

Inocência (1983), dir. Walter Lima Jr

No seu primeiro papel no cinema Fernanda Torres é Inocência, uma menina que se apaixona pelo médico Cirino (Edson Celulari) que foi designado a tratá-la de uma doença. O pai de Inocência desaprova o romance, pois ela já foi prometida a um rico fazendeiro da região. A obra é adaptada a partir do livro homônimo de Alfredo d’Escragnolle Tauna. 

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Memórias do Cárcere (1984), dir. Nelson Pereira dos Santos

Carlos Vereza é Graciliano Ramos. O escritor foi preso em 1936 durante o período do Estado Novo imposto por Getúlio Vargas e o filme retrata os dez meses em que ficou na Colônia Penal da Ilha Grande – sofrendo todo o tipo de absurdos. Nelson Pereira dos Santos recebeu o Prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes de 1984 por Memórias do Cárcere.

Sentiu falta de filmes brasileiros nessa lista? Conta pra gente qual deles vocês

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