Considerada uma das cineastas mais bem-sucedidas de sua geração, Sofia Coppola, filha de Francis Ford Coppola e Eleanor Coppola, nasceu em 1971, na cidade de Nova York. Com uma infância fortemente relacionada ao cinema, Sofia fez sua estreia na sétima arte em frente às câmeras. Ela atuou em filmes do pai como O Selvagem da Motocicleta (1983), Vidas sem Rumo (1983) e Peggy Sue, Seu Passado a Espera (1986). Seu último e mais criticado papel foi o de Mary Corleone, em O Poderoso Chefão 3 (1990).
Na idade adulta, Sofia decidiu seguir carreira como diretora e atualmente assina 2 curtas, 7 clipes, 4 filmes publicitários, 1 especial para TV e 6 longas, entre eles As Virgens Suicidas (1999), Encontros e Desencontros (2003), Maria Antonieta (2006), Um Lugar Qualquer (2010), Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013) e O Estranho que Nós Amamos (2017). O sétimo filme de Coppola tem previsão de estreia ainda em 2020 e deve se chamar On The Rocks.
Graças ao seu sobrenome, Sofia sempre teve fácil acesso aos círculos mais importantes de Hollywood. Contudo, para firmar sua própria visão de direção, ela precisou desenvolver um estilo único, longe da sombra do pai. Hoje, ela é conhecida no meio por saber lidar com os atores e em seus trabalhos opta mais pela liberdade criativa do que por grandes orçamentos.
Por ter fortes conexões com os universos da música e da moda – Coppola é amiga próxima do estilista Marc Jacobs e já dirigiu clipes musicais – seus filmes possuem influências dessas áreas e um forte apelo visual. Confira abaixo mais características do cinema da diretora.
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As escolhas de Sofia
Essa motivação centrada, muitas vezes, mais no visual do que na história rendeu a Sofia fortes críticas. Coppola recebeu o estigma de que seu trabalho é superficial e vazio, fazendo eco ao estilo de vida que leva. Como uma cineasta da imagem, com preferências por plots minimalistas, muitos críticos acreditam que ela falha na construção de seus personagens, que se mostram desinteressados e inconscientes dos privilégios de classe.
David Jenkins, em sua crítica sobre Um Lugar Qualquer, escreveu que os filmes de Sofia espelham sua vida burguesa e possuem um déficit de qualidade. Além disso, vale ressaltar que suas produções são pouco representativas, com tramas centradas em pessoas brancas e magras.
Entretanto, enquanto alguns críticos insistem em conectar os personagens, a estética e os cenários dos filmes à personalidade e história pessoal da diretora, uma grande maioria escolhe julgar seu trabalho tendo como base as realizações fílmicas e artísticas.
Sim, Sofia reproduz em tela seu mundo privilegiado, assim como o fazem Woody Allen, Spike Jonze, Noah Baumbach e tantos outros diretores homens que recebem aplausos e não reprimendas. Porém, diferente deles, Sofia dá a suas protagonistas, em sua maioria mulheres, a oportunidade de viver momentos de transição e experimentar ritos de passagem, cada uma à sua maneira.
Sofia Coppola e a herança das mulheres na direção
Ao analisarmos o histórico de Coppola, observamos que ela não se encaixa perfeitamente nos modelos estabelecidos pela geração de mulheres diretoras anterior à dela, isso se analisarmos apenas filmes falados em inglês. Os filmes de Jane Campion, por exemplo, são estudados em vertentes do movimento feminista por retratarem personagens femininas robustas, vitimizadas pelo senso comum, mas que mesmo assim resistem em seus papéis instituídos a elas por uma sociedade patriarcal. Já Kathryn Bigelow e Nora Ephron conseguiram prosperar nas regras do cinema comercial de gênero.
Nesse sentido, Coppola não é uma diretora fácil de caracterizar, isso porque sua visão de direção não tem muitos precedentes, seus filmes não possuem um gênero específico e suas personagens agem passiva e alienadamente. Porém, quando estudada por outro ângulo, é possível perceber que sua carreira estabelece relações com outras diretoras que surgiram num momento cultural específico da indústria americana.
A segunda onda feminista dos anos 1970 ecoou em Hollywood e os anos 1980 viram um modesto movimento de suporte às diretoras. Tal estratégia rendeu um saldo financeiro positivo e nos anos 1990 propiciou surgimento de um novo cenário industrial para distribuição internacional de produções independentes. Como costuma dizer Luísa Pécora, do Mulher no Cinema, quando o dinheiro começa a entrar, Hollywood tira as mulheres de cena. Pois bem, nessa época, o apoio às diretoras diminuiu novamente.
Esse contexto ajudou a moldar a carreira de Sofia Coppola e outras diretoras como Lisa Cholodenko (Minhas Mães e Meu Pai, 2010), Kimberley Peirce (Meninos não Choram, 1999), Rose Troche (Encontros do Destino, 2001, e várias séries de TV como The L World), Catherine Hardwicke (Crepúsculo, 2008) e Debra Granik (Inverno da Alma, 2010). Todas elas, que tiveram sua estreia na direção no final dos anos 1990, tiveram que encontrar maneiras de dirigir seus filmes de maneira independente e construir uma carreira para si diante da falta de equidade na indústria.
Sofia Coppola como referência
Influenciada por filmes da Nouvelle Vague francesa e do Neorrealismo Italiano, Sofia Coppola também inspira jovens cineastas à sua maneira. Características como seu uso de cor, seu apreço estético e sua forma de misturar música pós-moderna com dramas históricos se tornou extremamente popular.
Muito mais que isso, Coppola é um exemplo de diretora proeminente, com um estilo próprio e dona de uma liberdade que a permite escolher o projeto no qual quer trabalhar. Ao vencer o machismo estrutural de Hollywood, ela serve de exemplo para outras mulheres.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Sofia afirmou nunca ter sentido a necessidade de se adaptar à visão da maioria das pessoas. “Em meu primeiro filme eu queria fazer algo para garotas adolescentes. Eu assistia aos filmes adolescentes da época e pensava: por que eles não podem ter uma fotografia bonita? Por que não tratamos os espectadores com respeito? Isso era uma das coisas que eu sentia falta quando tinha essa idade: eu queria que os filmes não fossem tão condescendentes. Eu apenas faço os filmes que eu gostaria de ter visto” concluiu.
Como diretora Sofia possui uma visão que surpreende em termos de estilo, tom e imagem. Sua assinatura garante uma credibilidade aos projetos que escolhe e a certeza de retorno financeiro, uma conquista importante para a Hollywood dos filmes independentes. Além disso, Coppola traz para as experiências femininas de suas protagonistas, temas e questões que seguem o estilo de realizadores vanguardistas como Chantal Akerman e Antonioni. Tais características distinguem Sofia Coppola como uma figura singular no cinema contemporâneo.
Para ver o guia para os filmes de Sofia Coppola clique aqui.
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