Depois de um tempo esquecido por causa de uma fase tendo mamilos e um universo em neon, o homem morcego voltou com tudo. Christopher Nolan trouxe uma versão mais realista e sombria do herói. O ápice foi o lançamento de Batman — O Cavaleiro das Trevas (2008) que deixou todo mundo, críticos, cinéfilos, nerds e o Oscar de cabelo em pé. O filme se tornou uma carta coringa (pegou a referencia?) quando nós DCnautas vamos defender os filme da DC dos ataques Marvetes que surgem pelo caminho.

No ano seguinte, esse mundo sombrio e realístico dos super-heróis foi levado ao extremo com a adaptação dos quadrinhos de Watchmen — O Filme (2009). O longa conta como seria o mundo se super-heróis existissem de verdade e altera acontecimentos da história americana com a presença deles. Fatos como a Guerra do Vietnã e a chegada do homem à Lua ganham um novo destino.

Tudo se inicia quando um dos heróis aposentados, o Comediante (Jeffrey Dean Morgan), é assassinado a sangue frio. Rorschach (Jackie Earle Haley), um dos membros da sua antiga equipe, os Minutemen, que nunca se aposentou, inicia uma investigação para descobrir quem foi o responsável pela morte. Com isso, acaba encontrando fatos que indicam ser algo maior que um simples crime.

Lembro que quando fui assistir a esse filme no cinema tive que mostrar minha identidade, por que ele tem a indicação para maiores de 18 anos e eu tinha pouco mais de 19 anos (saudades). Isso porque um dos grandes marcos da produção é mostrar tudo que precisa ser mostrado. Nada daquelas “porradas fofas” em que o herói é jogado violentamente numa parede, que quebra, e ele tem apenas uns arranhões pelo corpo.

Em Watchmen algumas cenas são até difíceis de serem vistas. Inclusive, nessa sessão que fui, muita gente virou o rosto para algumas violências. O maior protagonista dessas sequências é, sem dúvida, o Rorschach. O personagem que usa uma máscara que muda de forma, imitando o teste que lhe dá o nome, não tem papas na língua e vê a sociedade com muito pessimismo.

O interessante é que nada disso é gratuito. Os temas e os motivos da presença dessas violências são completamente justificáveis e as ocasiões que acontecem tem um motivo. Não é o sangue pelo sangue. É uma olhada dentro do “faz de conta dos heróis” como se eles existissem de verdade. O quanto isso impactaria na economia, política e sociedade mundial.

Outra coisa incrível de Watchmen é que ele é praticamente uma cópia dos quadrinhos, no bom sentido. O diretor Zack Snider fez uma adaptação literal de quase tudo do filme, a estética, o visual dos personagens, tudo. A única alteração foi um detalhe no final para ficar mais plausível com a nossa nova realidade. Visto que o quadrinho foi publicado originalmente em 12 edições entre 1986 e 1987, escrito por Alan Moore, que também é responsável pela criação de outra adaptação para o cinema V de Vingança (2005). O autor inclusive odeia fortemente que adaptem suas obras para o cinema e jura que nunca assistiu a nenhuma.

Além disso, Watchmen foi um dos filmes que levaram o diretor Zack Snider para Homem de Aço (2013), Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), Liga da Justiça (2017) e a um desespero total de nós, fãs da DC, com as intensas brigas e crises nos bastidores das gravações desses filmes. Enquanto isso, a Marvel seguia ganhando milhões e deixando seus fãs saltitantes. (Coringa, por favor nos salve!)

Acredito que, se fosse lançado hoje, o impacto desse longa seria ainda mais forte. Em 2009, a moda de super-heróis ainda estava iniciando. Pra se ter uma ideia, no mesmo ano de O Cavaleiro das Trevas, foi lançado Homem de Ferro (2008) que é considerado o início do universo Vingadores nos cinemas. Inclusive, tenho a impressão que esse longa ficou meio perdido por aí, e a galera que chegou agora já achando que Homem de Ferro foi famoso desde sempre não foi impactado por esse filme. Talvez agora chegue a essas almas com o lançamento de uma série que se passa após os acontecimentos do filme também chamada de Watchmen. Eu tenho muito medo dessas “esticadas” nas histórias. O filme termina tão bem que acredito ser desnecessário falar algo mais a respeito. A chance de dar algo muito errado é muito grande. Mas, esse é um mundo capitalista, quem sou eu para impedir.

A sociedade distópica e ultraviolenta de Watchmen  é abordada no curso de Panorama do Cinema Distópico, ministrado pela professora Thaís Lourenço. Mais informações no link abaixo.

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