É inegável: tudo indica que 2021 é o ano de mulheres brilharem em grandes premiações. No começo do ano, tivemos Chloé Zhao levando os prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção tanto no Globo de Ouro quanto no Oscar. Em julho, a francesa Julia Ducournau conquistou a Palma de Ouro em Cannes com o Titane. Hoje foi a vez de outra francesa brilhar. Audrey Diwan ganhou o Leão de Ouro, maior prêmio do Festival de Veneza, por seu longa L’événement (O Evento), que aborda a temática do aborto ilegal na França da década de 1960.

O longa foi baseado no romance homônimo de Annie Ernaux e acompanha a estudante Anne, que engravida e busca uma maneira de realizar o aborto. Considerado incômodo, o filme chegou a causar mal-estar em parte do público durante sua exibição. O que só mostra a relevância e atualidade do tema. A própria Diwan enfatizou tal fato ao receber o prêmio. “Infelizmente, quando você trabalha com um assunto como o aborto, você sempre está na atualidade”, afirmou. De fato. Para quem vive a realidade brasileira, falar sobre a ilegalidade do aborto sequer é uma visita ao passado, mas uma lembrança do presente. Aqui, induzir o aborto é considerado crime, com pena de um a três anos de prisão.

Vale destacar que em 2020 o Leão de Ouro já havia sido de uma mulher. Chloé Zhao, com Nomadland, arrebatou o prêmio. Seria esse, talvez, uma mudança de comportamento dentro das premiações? Além de Diwan e Zhao, apenas outras duas mulheres levaram tal prêmio no Festival de Veneza: Mira Nair e Sofia Coppola. Isso nos últimos 21 anos. Quando observamos diretoras levando prêmios importantes, notamos – com certa frustração, mas não com espanto – o grande espaço de tempo entre uma e outra. Ter duas mulheres vencendo a principal premiação de Veneza em sequência traz certo ânimo, mas só com o tempo poderemos dizer se esse é um movimento definitivo ou uma onda passageira.

Foi também de uma mulher o Leão de Prata. Jane Campion, da Nova Zelândia, levou o prêmio com seu drama The Power of the Dog. Maggie Gyllenhaal recebeu o prêmio de melhor roteiro por The Lost Daughter, filme baseado na obra homônima de Elena Ferrante o qual ela também dirigiu. O prêmio do Grande Júri, por sua vez, foi para Paolo Sorrentino com seu E’ stata la mano di Dio. Penélope Cruz, estrela de Mães Paralelas, novo filme de Pedro Almodóvar e que abriu o festival, ficou com o prêmio de melhor atriz. John Arcilla levou o de melhor ator por On the Job 2: The Missing 8, de Erik Matti. Filippo Scotti ficou com o prêmio Marcello Mastroianni, dedicado a quem está no início da carreira.

O Festival de Veneza 2021 teve como presidente do júri o cineasta sul-coreano Bong Joon-ho, vencedor do Oscar 2020 por Parasita.

Navegue por nossos conteúdos

CONECTE-SE COM O CINEMASCOPE

Gostou desse conteúdo? Compartilhe com seus amigos que amam cinema. Aproveite e siga-nos no Facebook, Instagram, YouTube, Twitter e Spotify.

DESVENDE O MUNDO DO CINEMA

A Plataforma de Cursos do Cinemascope ajuda você a ampliar seus conhecimentos na sétima arte.