De 19 de julho a 11 de agosto, mostra gratuita leva filmes de diversos países, para todas as faixas etárias, às salas da Cidade Universitária e do Centro Universitário Antonia
Da redação
O CINUSP Paulo Emílio apresenta a 3ª MOSTRA CINUSP DE ANIMAÇÃO, aproveitando o mês de férias escolares para promover discussões e reflexão sobre esse estilo de obra cinematográfica que vem se tornando cada vez mais relevante, artística e culturalmente, no cinema e na televisão, atingindo um público cada vez mais diversificado em termos de faixas etárias. Diferentemente dos anos anteriores, em que exibiu apenas animes, animações ao estilo japonês, a Mostra deste ano amplia seu foco para oferecer um panorama que explore outras técnicas, estilos e países, sem enfatizar a produção dos Estados Unidos ou do Japão, cujas animações são mais populares e acessíveis no Brasil. Com isso, passa a exibir também filmes de países cujas animações dificilmente chegam até nossos cinemas.
Estarão presentes filmes em que os choques culturais (entre os personagens ou do espectador com a obra) são evidentes, como O Mágico, cuja ambientação na França oferece não apenas o cenário do filme, mas também o seu “clima” e contexto cultural, que remete ao cinema do mestre Jacques Tati, ou Chico & Rita, que conta a história de um casal de músicos cubanos que vai à Nova York em busca do sucesso, ou ainda Metropia, passado em um futuro distópico no qual a própria Europa não apresenta mais fronteiras. O recorte abrangente também permite ultrapassar fronteiras temporais para revelar exemplos históricos de animações que, décadas atrás, já se apresentavam como exemplos de cinema de animação realizados para além dos tradicionais limites geográficos e demográficos do gênero, como o também francês Planeta Fantástico, um marco da cultura psicodélica e da animação para adultos, exibido em cópia restaurada em 35mm, e Música e Fantasia, uma espécie de “resposta” italiana ao clássico Fantasia dos estúdios Disney, também exibida em 35mm. Isso não significa, contudo, que as tradicionais animações norte-americanas e japonesas estejam ausentes da programação. A mostra apresenta o sucesso Valente e a terceira parte da popular série japonesa sobre robôs gigantes Evangelion.
Por sua vez, o Brasil, cuja produção de animações vem crescendo ao longo dos anos, está representado na programação pelo longa-metragem Uma História de Amor e Fúria. No dia 1 de agosto, o diretor do filme, Luiz Bolognesi, participa de um debate com o público sobre sua obra após a sessão das 19h. Além dessa, a Mostra conta ainda com outras sessões especiais, como a pré-estreia de Zarafa, animação francesa que narra a história de amizade entre uma girafa e um garoto africano, no dia 23 de julho, e, aproveitando a popularidade crescente das novas tecnologias do cinema, uma exibição em 3D, a primeira do tipo realizada na Universidade de São Paulo, do filme Frankenweenie, de Tim Burton, no dia 6 de agosto, no Auditório A do Prédio 4 (Departamento de Cinema, Rádio e Televisão) da Escola de Comunicações e Artes da USP.
Para além dessas fronteiras culturais e geográficas, para além da multiplicidade de estilos e técnicas contemplados, é intenção da mostra suscitar discussões sobre outras fronteiras em torno da animação. Uma vez que se trata de um gênero ainda comumente associado ao público infantil e infanto-juvenil, torna-se necessário o debate sobre as fronteiras entre as obras adultas e infantis, tendo em vista que muitas animações atuais apresentam essa relação de forma cada vez mais ambígua, como atestam a produção australiana Mary & Max – Uma Amizade Diferente, O Mundo dos Pequeninos, lançamento mais recente dos estúdios Ghibli, os mesmos responsáveis por A Viagem de Chihiro, e os norte-americanos Frankenweenie e Os Simpsons – O Filme. Derivado da popularíssima série televisiva homônima, Os Simpsons é um exemplo claro de animação que fica no limiar desses dois públicos, contendo piadas e tramas que agradam o público infantil ao mesmo tempo em que faz críticas sociais e políticas bastante ácidas, só acessíveis ao espectador adulto.