Você já deve ter recebido a notícia de que muitas plataformas de conteúdo online disponibilizaram parte ou todo o seu catálogo gratuitamente durante o período de isolamento social. Aqui mesmo no Cinemascope falamos sobre o streaming da SPCine, que contém vários filmes brasileiros online. Entretanto, a dica que trazemos hoje vai além disso. Seguindo a onda da liberação de conteúdo para facilitar a permanência das pessoas em casa, cineastas disponibilizaram filmes brasileiros online que compõem sua obra.
Helena Solberg, única diretora do Cinema Novo, possui mais de cinco décadas de produções audiovisuais, organizadas por pesquisadores nas fases: Cinema Novo, Trilogia da Mulher, Cinema Militante, Carmen Miranda, Vida de Menina e Arte Brasileira. Solberg conviveu com os grandes nomes do Cinema Novo, proximidade que a possibilitou experienciar um período de efervescente transformação na paisagem cinematográfica nacional. A cineasta morou nos Estados Unidos por cerca de trinta anos, onde produziu e exibiu boa parte de seu trabalho.
Os títulos liberados pertencem à fase feminista (Trilogia da Mulher) de sua filmografia, concebidos pelo International Women´s Film Project, coletivo do qual a diretora fazia parte e que tinha como objetivo trabalhar temas e problemáticas da realidade latino-americana, e da fase política/militante, com documentários que abordam as relações políticas entre os Estados Unidos e os países latino americanos.
- A Nova Mulher (1974): https://vimeo.com/283984219
- Simplesmente Jenny (1977): https://vimeo.com/280250718
- A Dupla Jornada (1975): https://vimeo.com/280743978
- Das Cinzas… Nicaragua Hoje: https://vimeo.com/411045985
- Brazilian Connection com legendas: https://vimeo.com/282314344
- Chile: By Reason or By Force: https://vimeo.com/282351790
Uma das obras de mais repercussão é, também, seu primeiro curta, A Entrevista (1966). Considerado um marco fundante do cinema brasileiro moderno de autoria feminina, o filme, que contou com fotografia de Mário Carneiro e a montagem de Rogério Sganzerla, abraça os três traços do cinema moderno elencados por Ismail Xavier: convergência entre política de autores, baixo orçamento e renovação da linguagem. Somados a isso, observa-se uma carga poderosa de questões feministas e uma ruptura em relação ao modelo dominante do discurso do filme.
Num híbrido de ficção e documentário, linguagem que adotaria em trabalhos futuros, Solberg entrevistou moças do seu entorno para falar de sexo, matrimônio, política, etc. A imagem capturada, a de uma mulher (Glória Solberg, sua cunhada, a única que aceitou aparecer no filme) se preparando para uma cerimônia de casamento, é mítica e ritualística. No entanto, o jogo que se estabelece entre imagem e som desmantela qualquer ideário de perfeição e felicidade. A obra valoriza a pluralidade de pensamentos, não é doutrinária. O curta-metragem está completo no YouTube e pode ser visto aqui:
Já o cineasta pernambucano, Kléber Mendonça Filho, mais conhecido pelas ficções O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019), disponibilizou sua primeira empreitada na direção, o documentário intitulado Crítico (2008). O filme é o resultado de 9 anos de pesquisa entrevistando cineastas e críticos em mais de 10 países. Nomes como Elia Suleiman, Fernanda Torres, Cláudio Assis, Eduardo Coutinho, Walter Salles, Gus Van Sant, Fernando Meirelles, João Moreira Salles, Richard Linklater, Costa Gavras e Nelson Pereira dos Santos estão entre os entrevistados.
Para completar essa listinha, a diretora Renata Pinheiro disponibilizou o link de Amor, Plástico e Barulho (2013), seu primeiro longa de ficção, protagonizado pelas atrizes Maeve Jinkings e Nash Laila. Na trama, Shelly é uma jovem dançarina que almeja o sucesso e a fama como cantora de Brega, tendo como grande inspiração Jaqueline Carvalho, sua parceira de banda. Ambientado na periferia do Recife e longe de qualquer glamour, o filme escancara o quão amargo e descartável pode ser o show business.
ASSISTIR “AMOR, PLÁSTICO E BARULHO”
ATUALIZAÇÃO:
Como o isolamento social permanece, novas iniciativas surgiram, todas elas dedicadas à promoção do Cinema Nacional. Vamos a elas?
A Embaúba Filmes, distribuidora especializada em cinema brasileiro, criada em 2018 e sediada em Belo Horizonte, disponibilizou parte do seu catálogo gratuitamente. Entre os títulos apresentados estão Arábia, A Vizinhança do Tigre, Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, Inferninho, A Misteriosa Morte de Pérola, Foro Íntimo e o recente Inaudito. Para acessar gratuitamente basta clicar aqui e usar o código promocional “embauba”.
Vale reforçar que os filmes da Embaúba podiam ser assistidos por um preço super acessível, por isso, se você puder contribuir, saiba que o valor pago ajuda tanto a distribuidora quanto os realizadores neste momento de cinemas fechados.
Com mais de 20 anos de carreira, a cineasta Sandra Kogut é conhecida por dar protagonismo em suas tramas a personagens que estão à margem. Sua filmografia inclui os títulos Um Passaporte Húngaro (2001), indicado ao Grand Prix do Cinema Brasileiro como Melhor Documentário, e Mutum (2007), que foi indicado à Câmera de Ouro no Festival de Cannes em 2007 e recebeu Menção Especial no Festival de Berlim em 2008. Seu longa mais recente é Três Verões (2019), que teve a estreia adiada devido ao fechamento dos cinemas.
Agora, a diretora liberou dois de seus curtas para serem degustados online:
- Videocabines são caixas pretas (1990): https://vimeo.com/401070505
- Parabolic People (1991): https://vimeo.com/40107132
Já o diretor, roteirista, montador e diretor de fotografia cearense, Petrus Cariry, que estreou na direção de curtas com A Ordem dos Penitentes (2002) e de longas com O Grão (2007) liberou os filmes que integram a sua “Trilogia da Morte”. Nessa série, o diretor aborda temas diversos que vão do feminismo à aristocracia nordestina, sem perder um tom autoral, marca de seu cinema independente. Como o próprio nome já diz, Petrus também trabalha o conceito de morte nos longas, como o fim de um ciclo de vida, que leva a um recomeço, mesmo que seja em um plano simbólico. Confere só”:
- O Grão (2007): https://vimeo.com/304192715
- Mãe e Filha (2011): https://vimeo.com/77173072
- Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois (2015): https://vimeo.com/398992170
A produtora Casa de Cinema de Porto Alegre disponibilizou 43 filmes brasileiros online para visualização gratuita. A ideia é entreter o público que sabe que deve ficar em casa durante a quarentena em prevenção ao COVID-19.
Os filmes são divididos de duas formas: A série Grandes Cenas, produzida para o Canal Curta!, teve as duas temporadas liberadas na íntegra. O projeto, que estreou em 2016, conta com 22 episódios de 15min dirigidos por Ana Luiza Azevedo e Vicente Moreno. A série documental traz a cada episódio, a análise de uma grande cena de filmes brasileiros e latino-americanos. Participam das entrevistas nomes como Fernanda Montenegro, Jorge Furtado, Murilo Salles, Pablo Stoll, Pablo Trapero, entre outros.
A seleção Fique na Casa conta com episódios de séries documentais e de ficção, curtas e longas-metragens, incluindo três espetáculos do Grupo Cuidado que Mancha, especialmente destinados às crianças de todas as idades.
Entre os diretores que tiveram parte de sua filmografia liberada pela Casa de Cinema está um dos fundadores da produtora, Jorge Furtado. Natural de Porto Alegre, o cineasta escreveu vários roteiros para filmes, séries e programas de televisão. Consta nos filmes liberados Ilha Das Flores (1989). O curta, que traça a lógica do sistema capitalista a partir da trajetória de um tomate, recebeu o Urso de Prata do Festival de Berlim em 1990 e foi eleito pelaAssociação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACINE), o melhor curta brasileiro da história. Confira outros filmes brasileiros online do diretor:
- Até a Vista (2011): https://vimeo.com/243215363
- Meu Tio Matou um Cara (2004): https://vimeo.com/244319891
- O Sanduíche (2000): https://vimeo.com/240198939
- A Matadeira (1994): https://vimeo.com/238568218
- Esta não é a sua vida (1991): https://vimeo.com/238459313
- Ilha das Fores (1999): https://vimeo.com/238439307
- Barbosa (1988): https://vimeo.com/238074665
- O Dia em que Dorival encarou a guarda: https://vimeo.com/240817481
Outra sócia da casa que teve parte de seu acervo liberado foi Ana Luiza Azevedo. Diretora do recente Aos Olhos de Ernesto, que teve sua estreia adiada pela pandemia do coronavírus, Ana Luíza estreou como diretora no curta Barbosa (1988), decolou com 3 Minutos (1999), curta exibido no Festival de Cannes daquele ano e estreou nos longas com Antes que o Mundo Acabe (2009). Confira abaixo a lista de filmes disponíveis online:
- Fantasias de uma Dona de Casa – Episódio 01. (2008-2009): https://vimeo.com/240855811
- Dona Cristina perdeu a Memória (2002): https://vimeo.com/240478265
- Três Minutos (1999): https://vimeo.com/240196565
- Ventre Livre (1994): https://vimeo.com/239530546
- Barbosa (1988): https://vimeo.com/238074665
🏃♀️ Corre pra aproveitar! Atualizaremos esta notícia caso tenhamos mais filmes brasileiros online.
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